O primeiro encontro II.

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O primeiro encontro II

JIMIN.

Vocês se lembram do desconforto que senti no café da manhã daquele dia com os amigos de Jungkook?
Bom, estou sentindo algo parecido, mas muito pior.
Samy passa do meu lado e vai cumprimentando todo mundo. Com as mãos na frente do corpo, entrelaço os dedos e dou uma olhada em Jungkook, que agora também está
cumprimentando todo mundo.

E eu?
Odeio essa sensação de ser invisível, de as pessoas agirem como se eu não existisse ou não estivesse parado
diante delas. Principalmente esse bando de riquinhos acostumados a olhar os outros com ar de superioridade, a julgar a roupa que você usa, se é de marca ou se está na
moda. E não, não estou generalizando, há muitas pessoas
com dinheiro que são humildes, como Tae e Jeff, mas uma olhada superficial já basta para eu perceber como as
garotas desse grupo avaliam em detalhes minha roupa efazem caretas. E os garotos? Só me observam julgando se sou bonito o suficiente para eles falarem comigo. Ser o
único menino latina entre todos só piora meu constrangimento.
Sinto como se tivessem se passado anos, quando na verdade foram só alguns segundos em que estou parado aqui feito um idiota. Tenho que me obrigar a não sair correndo, para fugir de todos esses olhares inquisidores, e aperto minhas mãos de nervoso.
Queria poder dizer que é Jungkook quem se vira e vem até mim, mas não é. Samy foi a única que se comoveu com minha situação lamentável.

— Vem, Jimin, deixa eu te apresentar.

Forço um sorriso simpático enquanto ela me apresenta a todos. Há três garotas, a de cabelos pretos se chama
Nathaly, a loura a seu lado é Darla, e a outra é aquela menina que vi na festa do time de Jungkook e que tomou café da manhã conosco há algumas semanas. O nome dela é Andrea. Há outros dois garotos, além de Gregory, Luis e Marco. Um louro de feições árabes, que se apresenta como
Zahid, e um menino de óculos que se chama Óscar. Sei que é possível que eu não vá lembrar esses nomes todos, mas não importa.
Dou uma olhada em Jungkook, que foi se sentar perto de Nathaly do outro lado da mesa. Tenho que me contentar em ficar ao lado de Samy, que foi a última a se sentar; antes
dela está Óscar, e eles parecem estar falando sobre algum show. Fico igual a um trouxa olhando Jungkook, que continua conversando animadamente com Nathaly.
Meu estômago se contrai com o peso da decepção. Foi para isso que você me trouxe aqui, deus grego? Para me
deixar de lado e se divertir com crushes do passado?
Baixando os olhos, vejo um copo na mesa à minha frente e luto contra a amargura em meu peito, um sentimento que me causa um aperto e muita angústia.

Dói muito…
Criei tantas expectativas para esse encontro, meu primeiro com ele. Pintei tantos cenários diferentes na
cabeça, desde cenas românticas até uma simples ida ao cinema, quem sabe até só ficar no carro dando umas voltas pela cidade e conversando.
Mas não foi nada disso que aconteceu.
Aqui estou, sentado, e ele lá do outro lado da mesa, distante de mim como no início de tudo. Quanto mais perto
eu chego dele, mais a distância aumenta.
A tristeza é devastadora, e eu me esforço para impedir que lágrimas brotem em meus olhos. Todos ao redor estão conversando, rindo, compartilhando histórias, e eu estou
sozinho. É como se estivesse apenas assistindo à cena de fora.
Este é o mundo dele, a zona de conforto dele, não o meu. E Jungkook me deixou sozinho, sem a menor
preocupação. Ele nem me olha, nem sequer uma vez. Já não consigo conter as lágrimas. Com a visão borrada, olho para minhas mãos no colo, a saia que escolhi com tanto cuidado.
Para quê?
Levanto-me e Samy se vira para mim, mas apenas sussurro:

— Vou ao banheiro.

Passando em meio a uma multidão dançando, deixo as lágrimas escorrerem pelo rosto. Sei que todos estão muito ocupados se divertindo e nem vão reparar em mim. A música vibra e só diminui quando chego ao banheiro. Entro numa cabine e me permito chorar em silêncio. Preciso me acalmar, não quero ser o dramático que faz cena pelo que
considerariam ser uma bobagem. A questão é que esse encontro significava muito para mim, e a decepção me dói demais.

Através da minha janela (jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora