— Como você está, querido? — perguntou Mikoto. Fazia meses que não via seu filho, cobrava uma visita, aliás, não se conformava com o fato de Itachi ter voltado para os Estados Unidos. — Fico tão preocupada com você, aí sozinho. Eu não posso perdoá-lo por não ter nos contado que seu casamento estava em crise, meu filho.
— Ah, mãe... por favor, eu já te expliquei tantas vezes, não queria ficar atormentando vocês à toa e já faz tanto tempo. — Itachi suspirou alto do outro lado da linha e a mãe, a cada vez que imaginava o filho triste, sofria.
— Quando você vem me ver? Estou com saudade.
— Vou em breve, mãe. Também estou com saudade. — Itachi estava mesmo querendo ir à Konoha. Agora que estava vivendo sozinho, sentia muito mais a falta dos pais do que antes, quando tinha Sakura com ele.
Desligou o telefone ouvindo as súplicas de dona Mikoto, que queria o filho de volta no Japão. Para ela, não fazia o menor sentido ele ficar vivendo sozinho em outro país, longe de tudo e de todos.
Quando resolveu voltar aos EUA, estava decidido a retomar sua vida nas américas, lugar que gostava profundamente e onde foi completamente feliz, construiu uma carreira, uma família, ganhou dinheiro e reconhecimento.
Ele não era mais o mesmo homem que há anos atrás chegou em Nova Iorque, sem dinheiro no bolso, mal falava inglês e sua insegurança era do tamanho da Estátua da Liberdade.
Quando conheceu Sakura, nem acreditou que aquela nova iorquina linda tinha aceitado conversar com ele e seu sotaque horrível. Logo ele estava apaixonado. A primeira vez que sentiu o corpo quente dela junto ao seu, estremeceu como nunca antes. Ela era perfeita para ele, eles "tinham o mesmo número", como costumam dizer por aí. O encaixe era perfeito e em pouco tempo ele soube que a amava.
Foram tempos muito felizes. Eles foram morar juntos e terminaram a faculdade. O país das oportunidades logo ofereceu bom trabalho para ambos e cresceram juntos profissionalmente.
Itachi, sentado em uma poltrona confortável de uma cafeteria em plena Broadway, apoiava seu laptop no colo e pesquisava passagens para ir ao Japão, tinha decidido fazer uma surpresa para Mikoto.
Este último ano dedicado exclusivamente ao trabalho, havia feito com que ele se sentisse desconfortavelmente sozinho. Saiu umas duas ou três vezes com o pessoal do trabalho, e isso porque insistiram muito. Sua vida era acordar cedo, ir trabalhar e voltar para casa. Havia maratonado mais séries do que um maldito cinéfilo, um "Binge Watching".
Sem olhar para a frente, segurou a xícara de café e levou aos lábios enquanto com a outra mão finalizava uma compra.
— Pronto! — disse baixinho. Fechou o laptop e terminou de beber seu café. Percebeu que na mesa à sua frente, uma moça bonita o olhava. Disfarçou por um instante e voltou a olhá-la. Ela sorriu. Um pouco encabulado, se levantou e foi pagar seu café. Saiu da cafeteria rapidamente e colocou seus óculos escuros, o sol estava forte.
Por um momento ele teve uma percepção reveladora que havia passado despercebida até então. Ele notou o quanto havia se afastado das pessoas, nunca mais saiu com nenhuma mulher, tirando uma vez, em uma confraternização que bebeu um pouco além da conta e transou com a secretária do departamento de contas. Ele sabia que as mulheres se interessavam por ele, mas quando se mostrava totalmente alheio e desinteressado, elas se afastavam.
Ele era um solitário, um infeliz e nem havia se dado conta disso. Agora até beber ele bebia, hábito que recusava anteriormente.
No escritório, conversou com a chefia e pediu para tirar suas férias, que estavam vencidas. E dessa vez ele não iria tirar quinze dias de férias, como sempre costumava fazer. Não. Desta vez queria o mês cheio, queria ficar em Konoha. Pela primeira vez sentiu falta não só dos pais, mas de todo aquele lugar. Sentiu vontade de entrar por aquelas colinas e nadar naquele rio. Sentiu vontade de subir na árvore mais alta e observar o vale de cima. Sentiu vontade de ir em uma daquelas festas da cidade do interior, dançar com alguma menina bonita e depois; quem sabe, fazer um amor gostoso, como há tempos não fazia.
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Rivalidade Uchiha
FanfictionO coração de Sakura Haruno sempre teve um só dono: um Uchiha que mantinha um segredo e um grande rival. A mulher, bem sucedida no amor e na carreira, acaba descobrindo que há outros Uchiha's no mundo e que seu coração é muito imaturo quando se trata...