Capítulo 2

595 39 0
                                    


                     Blake havia acabado de chegar em casa. Depois de tomar um banho, se deitou na sua cama. O quarto era em tons de azul e branco. Tinha uma sacada que dava para o pátio. Essa era sua segunda casa, mas seu principal refúgio, era uma casa nos arredores de Fez, somente Faruk e Meg sabiam dessa casa. Seus empregados eram discretos e leais. Vinte empregados, tomavam conta do seu paraíso oculto, sua localização lembrava a de um oásis. Já fazia um tempo que não ia lá. Aziz estava investindo em uma empresa de tecnologia e isso vinha tomando a maior parte do seu tempo. Teriam um jantar, com o dono da empresa no dia seguinte, por isso reservou a noite para seu descanso. E era nesses momentos, antes de pegar no sono, que se lembrava de Karen. A saudade que ele sentia era insuportável, mas tinha que guardar seus sentimentos, pois Aziz nunca viu com bons olhos a relação dos dois, apesar de não a ter conhecido pessoalmente, ele não confiava nela, o que se confirmou após o acidente. Aos poucos foi abandonando os pensamentos e se entregou ao sono.

Senhor Jones via Zarah como filha, queria que ela trabalhasse com sua família, mas Madison explicou que ela era orgulhosa demais para aceitar isso. Jones lhe deu um abraço apertado, seu rosto quadrado e seus cabelos brancos lembravam de antigos atores hollywoodianos.

- Oi tio.

- Você está linda querida. Como foram de viagem?

- Foi tudo muito tranquilo.

- Clive me ligou querendo saber se vocês haviam chegado bem.

Madison sorriu maliciosa e sussurrou para ela.

- Ele queria saber de você.

Zarah desconversou antes que alguém percebesse o comentário.

- Ele é muito gentil. Tia Helen, como vai?

Zarah se distraiu conversando com a mulher, de aparência simples, porém muito elegante.

- Estou bem minha filha, ansiosa para que vocês chegassem. Tenho tantos planos para o casamento.

- Ah! Mamãe, precisamos ver a cerimônialista o quanto antes.

- Eu sei, mas todos nós fomos convidados para um jantar na casa de Aziz Mubarak, o investidor árabe.

Zarah ficou curiosa pelo sobrenome.

- Mubarak? Acho que já ouvi esse nome.

Madison lhe explicou entusiasmada.

- Aziz Mubarak é um magnata do petróleo. Ele e o irmão estão interessados em trazer a Muller Tecnologia para o oriente médio.

- Você vai gostar de conhece-los Zarah, são muito simpáticos- O patriarca da família completou.

Conversaram sobre amenidades por mais algum tempo, até que o garçom os encaminhou até a mesa onde alguns árabes os esperavam. O prato da noite foi o arroz marroquino, um prato típico da cultura árabe, que consistia em arroz, frango, vinho seco, canela em pau, uva-passa preta, alho, cebola e pimenta do reino, geralmente servido com amêndoas torradas por cima. De sabor divino. Foi um jantar muito interessante, os investidores falavam inglês, o que facilitou a compreensão dos diálogos. Um pouco antes do jantar terminar, Greg chegou, contando histórias sobre suas visitas as mesquitas e medinas, já que o comércio de Marrakesh era muito popular. Foram horas maravilhosas, no fim do jantar Zarah, pediu licença e se despediu. Queria muito descansar, não estava acostumada com o calor intenso e nem com horas prolongadas de viagem. Isso não parecia afetar os demais. A brisa suave entrava pela janela, acompanhada de um perfume leve, trocou a roupa pelo roupão e foi para o banheiro. Já estava admirada com o luxo do quarto e percebeu contente que o mesmo se repetia no banheiro, com uma grande banheira, em um leve tom de ocre, ornada com uma fina tira dourada, assim como a torneira e outros acessórios do banheiro. Encheu a banheira. Na pia havia lindos potes de vidro contendo sais extremamente perfumados. Acrescentou-os a água. Abriu o roupão e entrou. Seu corpo antes cansado, dava espaço para uma experiência relaxante. Se permitiria viver sem pensar muito. Ela racionalizava demais e acabava perdendo boas oportunidades. Ao olhar para a espuma branca em suas mãos, ficou pensando se o dono dos olhos verdes intensos existia mesmo ou se seria fruto de sua imaginação. Como ele seria? Quem ele seria? Ficou tendo esses pensamentos até que a água ficou totalmente fria, obrigando-a a sair. Voltou a vestir o roupão, deitou-se e ficou a imaginar sobre o homem em seus sonhos, até que foi vencida pelo cansaço. Naquela noite ela sonhou com ele novamente, só que diferente dos outros, nesse, foi beijada e abraçada. Acordou, desorientada, com o coração disparado e os lábios queimando, um sensação forte percorrendo todo corpo. Parecia tão real, pelo menos desejava que tivesse sido. Desejava- o tanto que queimava, ela pensou: "Como isso é possível? Estou ficando louca? " O sol anunciava o início do dia, as vozes nas mesquitas ao longe, preenchiam o ambiente. Uma paz a envolveu, uma sensação boa estava presente, tão diferente daquele sentimento de dias atrás. Tomou um banho demorado e revigorante, escolheu uma roupa leve e se trocou. Fez uma maquiagem o mais natural possível, calçou suas sandálias de salto baixo e foi para o restaurante. Madison e Greg estavam tomando café.

Alma CativaOnde histórias criam vida. Descubra agora