Capítulo 8

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                                          Nos dias que se seguiram a recuperação de Zarah, foi rápida. Blake estava sendo bastante gentil e carinhoso. Sempre respeitando o tempo dela. Enquanto tomava o café da manhã, pediu para que Faruk lhe fizesse companhia. Nessa hora não eram patrão e empregado, sim dois amigos. Contou do acordo e de como estava se sentindo.

- Vai mesmo deixa-la ir?

Faruk o questionou surpreso.

- Se ela não aceitar o acordo, vou sim. Não vou obriga-la a mais nada.

- Está apaixonado!

Blake sorriu como se tivesse sido pego em flagrante.

- Sim... por isso vou respeitar a decisão dela, seja qual for.

Zarah caminhava devagar em direção a sala de jantar, quando escutou toda conversa. Seu coração disparou e ela fez o caminho de volta o mais rápido que pode. Ficou no quarto refletindo sobre o que tinha ouvido. Alguém apaixonado por ela! Parecia uma brincadeira. Rana levou o café da manhã, para a hospede ilustre. Depois do almoço Blake a levou para o escritório e deixou-a a sós para falar com a família e com os Muller. No entardecer, Faruk a levou para conhecer o alojamento dos empregados, que na verdade era uma linda vila, com casinhas pintadas de branco, com conforto, muito além dos que já tinha visto, eram vinte empregados no total. Com suas famílias, desde bebês de colo, a pré-adolescentes. Eles sentaram no pátio para conversar. Ficou entretida com a brincadeira dos pequenos.

- E as crianças?

- Estudam em Fez, o senhor Mubarak paga os estudos de todos eles. As crianças de colo ficam sob os cuidados das mães. Cada uma dessas famílias, passavam por um problema quando o conheceram. Ele cuidou deles e os trouxe pra cá.

Faruk contou algumas histórias, dos moradores de lá.

- E o Omar?

- Omar era um grande médico, já havia cuidado dos Mubarak. Era reconhecido em qualquer lugar, seu único filho estava seguindo os passos do pai, se tornaria um excelente médico como ele.

- E o que aconteceu?

- Um dia, Malek foi chamado para ajudar pessoas que tinham sofrido um acidente, estava socorrendo alguns feridos, quando um grupo de extremistas soltaram uma bomba, próximo ao local. Malek morreu na hora. O doutor não conseguiu superar, perdeu nome, dinheiro... tudo. Por coincidência ou milagre, no dia que em que ele ia pular de uma ponte, o senhor Mubarak o encontrou e o fez mudar de ideia. Ele trouxe o doutor e sua mulher para viverem aqui. Temos até um pequeno hospital, para que Omar trate de quem precisar.

Zarah estava admirada, com que ouvia.

- Cada um de nós, tem uma divida de honra com aquele homem. Por isso, antes de tudo, o considero um amigo. Ele me contou sobre o acordo. Não quero me meter, mas... dê a ele esse tempo.

Ela fez um gesto em negativa.

- E depois? Como fico? Isso não é tão simples assim.

- Eu mesmo a levo de volta. Prometo. Nunca vi aquele homem ficar, como ficou quando você sumiu, depois passou três dias ao seu lado, sem comer, sem dormir, só cuidando de você. Dê a ele uma única chance e não vai se arrepender.

Enquanto pensava, algumas crianças, que jogavam bola se aproximaram dos dois e ambos começaram a brincar com elas.

Blake estava procurando por Zarah quando a viu perto do alojamento dos empregados. Ela estava com um dos pequenos no colo e cantava alguma coisa que ele tinha certeza que não era árabe. Ao ver aquela cena se lembrou de Karen. Ela não gostava de crianças, não queria ter filhos, não aceitava nem os filhos de seus amigos por perto. Zarah era diferente até nisso.

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