Capítulo 11

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— Filha, sua carteira chegou! — Diz minha mãe na cozinha. Eu havia tirado, finalmente, a carta de motorista.

Vou correndo até a cozinha indo abrir a pequena embalagem, quase que pulando de felicidade.

— Ai, finalmente! Eu preciso ligar pro Hunter. Obrigada mãe! — Dou um beijo nela e volto para o meu quarto.

Eu tinha acabado de acordar. Estava fazendo frio e meu único medo era de que neve no dia do baile ou mesmo chova. Bem, eu tinha acabado de tirar a carteira de motorista.
Faltava 1 semana para o baile.

— Alô, Hunter? — Ele responde com um "Oi, bom dia Ash". — Minha carteira de motorista acabou de chegar!

— Sério? Que ótimo! Acho que a gente deveria ir a algum lugar, com você dirigindo, é claro. — Ele diz. Parece pensar em algum lugar do qual a gente possa ir. — Sabe, abriu um restaurante novo de... — o interrompo.

— Que tal o Subway?

...

— Aqui é um lugar bem romântico, né? — Hunter diz sarcástico.

— Ué, que lugar você queria ter ido? — Pergunto rindo.

— Eu estava dizendo mas você me interrompeu. Como eu ia dizendo — Deu uma mordida em seu lanche. Um pouco de molho caindo sobre a mesa. Podia ser até nojento, mas não deixava de ser meu lanche favorito. — Abriu um restaurante perto de casa, parece ser bom.

— Parece ser caro.

— Só um pouco. — Ele usava uma blusa do Judas Priest, com a sua blusa jeans cheia de logos de bandas sobre o colo e um coque mal-feito. — Eu estava reparando e acho que eu nunca te vi com as unhas por fazer. — Dou risada com a boca cheia então ponho minha mão sobre a boca e viro para o lado. Concordo. — Estão sempre feitas.

— É, eu nunca deixo de fazer. — Rio. Termino a última mordida e me levanto indo em direção ao lixo jogando o papel do lanche lá. Hunter me dá o papel do seu lanche e eu também jogo lá. — Esses dias minha mãe me falou sobre uma vaquinha que tinha feito quando eu nasci para a faculdade, mas que ao longo do tempo precisou do dinheiro então foi tirando. Pra concluir eu arranjei um bico. — Ele parece confuso mas mesmo assim prossigo enquanto saímos da franquia. Estava de noite e não tinha muita gente na rua. — Vou servir em uma festa num azilo.

— Bico? Que isso? — Ele diz.

— Qual é a tradução direta pra trabalho temporário por aqui?

— Trabalho temporário. — Ele ri sozinho do que disse. Eu rio olhando para ele e depois ele me olha também sorrindo e pega minha mão. Era sempre a mesma sensação. — Quando vai ser?

— A festa? No próximo domingo depois do baile, mas vou estar lá sábado preparando as coisas também.

Olho para os dois lados para ver se não vinha algum carro com a chave do veículo girando nos dedos. Com pressa por conta do carro que vinha, entro dentro do carro e Hunter também.

— Tudo o que eu espero é que não chova nem neve nem no dia do baile e no da festa. — Digo colocando a chave na ignição. — Não vou saber o que fazer.

— Você sabe que se precisar eu te levo lá. — Encosto as costas no banco antes de dar partida. — Nos dois.

— Sim, e eu agradeço. Eu só espero que não precise.

Olho ao meu redor e percebo a noite. Parecia uma noite típica ruim para alguns, melancólia ou monótona. Me imagino, por um instante, colocando um óculos escuro e ascendendo um cigarro junto do meu amigo vendedor de sabonetes prestes a explodir coisas ou sabe-se lá o que, como se independente de qualquer coisa seria mais um dia qualquer.
Apesar daquela noite e da boemia em seu ar, eu me sentia ótima. Não era só mais uma noite. Não era melancólica ou monótona. Nem sequer gostaria de um cigarro.

— Ash? 'Tá tudo bem? — Ele pergunta e eu me viro para ele. Meu braço sobre a janela aberta com a mão sobre o capô.

— Sim. Tá tudo bem. — Disse rindo comigo mesma. Instantâneamente Hunter ri também comigo.

Tiro o braço que se apoiava na janela, arrumo a postura e dou partida. Tiro o carro da vaga que eu estacionei perfeitamente ruim e antes que siga o caminho, digo:

— ... maaas você prefere com emoção ou sem emoção?

𝐍𝐎 𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐑𝐄𝐓𝐓𝐒 - Hunter Sylvester (REESCREVENDO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora