Capítulo 6

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— Você tava chorando no meu ombro ontem, o que houve com você?— Pergunta Hunter ao meu lado. Eu não estava feliz, eu queria ficar.

Sobre ontem, ele não falou comigo sobre o assunto. Ele conversou comigo como se aquilo não tivesse acontecido, e eu com ele.

— Me sinto disposta hoje. — Foi o que eu disse. Eu não precisava dizer mais. Tinha um sorriso estampado em meu rosto.

Estavamos saindo da escola. Eu convenci o garoto a voltar pra casa comigo pra ouvir mais LP's. Ele ficou de voltar, mas mesmo assim não havia voltado até o momento.
Aquele dia foi considerado por mim como "O dia para se divertir unicamente e sem a Julie".
Eu sei que a intenção era sem Julie, logo o capítulo seguiria sem ela, mas não tem jeito.
Desde que acabou com ela, Hunter e Emily foram os únicos amigos de verdade que tive. O que dói, porque temos apenas mais um semestre juntos após as férias. Depois disso todos vão cada um para aonde pretendem.  Eu nem sei o que pretendo.
O que eu pretendia ou não em geral, não importava. Mas de uma coisa eu sabia; Eu queria o Hunter.

— Vamos terminar de ouvir aqueles LP's. — Dou uma pausa, abro a porta e deixo espaço para ele passar. — Hoje!

Eu ouvi ele responder com um "Okay" e dar uma risada.
Subimos e ele foi até os discos. Eu já conhecia todos, talvez fosse mais legal se ele, que sem conhecimento, escolhesse.
Eu sentei na poltrona sem encostar as costas no encosto, apoiando minha cabeça nas mãos o observando. Ele se vira com um disco na mão e sorria.
Ele tinha o disco da Rita Lee nas mãos, nem mesmo eu lembrava de que eu o tinha.
Ele ainda me olhava sorrindo, e eu também. Durante todos os dias que passamos juntos eu só pude mais o conhecer. Ele era ótimo, tinha um bom gosto no geral. Uma vez Emily comentou sobre o quão "viciado" em metal ele era. Pra mim era surpresa, quase não falamos sobre. Em vezes quando estamos sem assunto ele me explica tais histórias sobre, no final ríamos e depois acabava por ali.

Enfim ele colocou o disco no toca-discos. "Lança Perfume".  Quando ouvi o som do piano minha reação foi levantar, colocar meu celular sobre a mesa e puxa-lo até o meio da sala. Ele parece um pouco confuso.

— É que essa é muito boa... — Disse empolgada. A voz comença e eu me animo ainda mais. Agora eu estava dançando e cantando.

Eu só ouço sua risada. Era tudo o que eu queria ouvir. Eu pego uma da suas mãos e o dou impasse para dançar comigo. Eu balançava os ombro e os braços no ritmo da música e andava pela sala com ele. Eu não sabia dançar, e pelo visto, ele menos ainda. Fiz um gesto com as mãos para que ele dançasse também. Ele balançava a cabeça no ritmo da música. Mais me observava que isso. Eu percebi.

— Você só sabe bater cabeça, porra? — Perguntei rindo e ele ri também. Sobre querer se alegrar, eu descobri; eu só precisava estar com ele.
Eu sinto que ele sabia o porquê de eu estar fazendo aquilo. — Fecha os olhos então. Prometo que não vou olhar. — digo fazendo gestos com as mãos.

Eu o vejo fechar os olhos e eu também fecho os meus. Minha atenção agora está na música somente. Meu corpo dança sozinho, praticamente, de um jeito inesplicável. A sensação de conseguir ser quem você é sem achar que irão te julgar e sem que te julguem é ótima. Eu espero que ele possa sentir que pode ser ele mesmo quando está comigo. É como pintar um quadro. Quando você está pintando um quadro, como por exemplo, você não pensa. Aquilo te exige tanto foco que você nem pensa mais. Era assim com Hunter. Não pensar eu digo mas não de forma automática. Viver no automático com ele era um completo de um delírio. Mas se bem que eu pensava quando estava com ele. Nele.

Eu ouço um barulho de toque do meu celular. Era ela. Meu foco estava tão fora dela que eu nem me importei em abrir naquele mesmo instante. Ela tinha dito um "Ah, certo. Me desculpe" a mensagem de Hunter a ela que eu mesma não tinha visto. Me intrigou bastante; "Me desculpe, mas eu já tenho um garoto". E eu o tinha.
Minha atenção sai do celular para ele.

Ele dançava sem se preocupar e eu quase que o via em câmera lenta. Ele era tão lindo...
Eu me aproximo dele com um sorriso no rosto e seguro seus ombros pra que ele parasse de dançar. Faz tanto tempo que não sinto isso. Ele ainda não abriu seus olhos, e por impulo eu o beijo sem tirar as mãos de seus ombros. Eu acho que a sensação que tive ali com ele foi diferente da que eu sempre tive com Julie. Não posso afirmar que era melhor, mas talvez fosse e muito. Eu me afasto com os olhos ainda nele. Dessa vez ele abre os olhos e sorri. E me beija.

Puta merda...

A maioria das pessoas não conseguem apontar o momento exato em que se apaixonam por alguém.

Eu consigo.

E talvez seja apenas coincidência, ou talvez algo a mais, no entanto Hunter escolhe esse exato momento para encostar a sua testa na minha e dizer:

— É... acho que gosto de você mais do que eu deveria.

𝐍𝐎 𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐑𝐄𝐓𝐓𝐒 - Hunter Sylvester (REESCREVENDO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora