Capítulo 13

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- Tchau Emily! - Digo depois de vê-la descer do carro. Hunter que dirigia o carro também acena.

O clima dentro do carro era um pouco pesado. Lembro que minha mente era inquieta, como um monte de pessoas falando ao mesmo tempo e eu simplesmente não podia entende-las. Eu nunca me senti assim com ele antes.

Hunter havia nos buscado ao local de fato. O caminho estava legal até Emily sair do carro.

Ele também estava quieto e sério. Parecia pensativo.

Meu olhar fixo ao horizonte a minha frente dizia muita coisa, enquanto o de Hunter não dizia absolutamente nada. Indecifrável.

Eu sentia que algo iria acontecer e eu sabia. Agora sei porque tanto as pessoas acreditam que as coisas acontecem por um motivo. Eu era contra a essa ideologia até passar por uma situação tão pequena a qual eu precisasse dela. Meu consolo era ficar repetindo comigo mesma que o que será terá de ser. Que o que será precisa ser, pra algo ser de novo e de fato no futuro.

Quando não era esse tipo ridículo de consolo era pensando se algum dia no futuro eu teria um bom relacionamento. E o mesmo de sempre estava se repetindo. Quem eu era naquele instante sem ele? De onde isso tudo vem e porque isso tudo de uma vez?

Hunter não dá partida. Ele escorrega um pouco sobre o banco e eu viro a cabeça para olha-lo rapidamente e volto a minha visão para frente.
Ele me olha dessa vez e de repente não há nenhuma voz, nenhum questionamento ou consolo rodeando a minha mente. Apenas uma quietude. Foi mais ou menos a mesma sensação de tragar um cigarro.

Eu desajeito minha coluna sobre o banco apoiando minha cabeça sobre a mão e o olho. Mas dessa vez não me arrependo. É como se por um segundo eu o vesse como no dia em que eu conheci. Como se todos não soubessem um grande spoiler (um spoiler óbvio e muito previsível) de que tudo vai acabar.

- Quer ir pra casa? - Ele diz rápido de repente com um tom de voz muito calmo ainda olhando pra mim. Em seu rosto eu simplesmente não sabia a intenção dele me dizendo aquilo.

- Mas já 'tá tarde. - Digo. Ele ajeita sua coluna virando seu rosto pra frente e aí entendo o que ele quis dizer. - Pode ser. - Digo bem rápido sem expressão nenhuma concordando com a cabeça.

- Que rápido. - Ele diz dando uma risada breve e eu dou um sorriso.

Então o caminho até sua casa foi silencioso. Tudo o que eu conseguia escutar era a rádio tocando tão baixo que eu mal entendia as letras.

Chegar na sua casa já me era um costume mas daquela vez foi diferente. Foi uma sensação estranha. Eu já sabia que as coisas com a gente não estavam tão bem e eu não digo isso tanto por causa dele.

Chegamos em sua casa e aquela sensação me invade por inteira.

Essa história não pretende trazer um final inesperado. Todos aqui já sabem o que vai acontecer. Eu também já sabia. Uma vida já escrita onde eu lia um livro que há muito tempo a trás eu já tinha lido. Por isso o constante déjà vu.
Com essa história minha, as vezes me encontro emocionada já pensando no que eu podia ter feito de diferente.

Talvez eu devesse não amar tanto sem pensar no que deve ser considerado. Eu não considerei que na faculdade eu teria que me separar dele. Na verdade eu considerei mas, eu já estava tão afundada naquilo que tínhamos..

Assim que chegamos em sua casa eu sinto uma lágrima me escapar do olho. A primeira coisa que penso é ir ao banheiro e voltar quando eu estiver melhor, então sem dar visão dele ao meu rosto, vou em direção ao banheiro e digo secamente:

- Eu já volto.

Assim que chego ao banheiro, fecho rapidamente a porta e sinto várias lágrimas descerem pelo meu rosto. Ao invés de me desesperar ou me entristecer ainda mais, apenas deixo com que as lágrimas desçam e pego um papel e enxugo meu rosto.

"Passar o tempo que posso com ele? Isso pode fazer com que eu me apegue mais a ele? Eu me distancio logo de uma vez?"

Diante do espelho treino algumas feições e logo saio do banheiro.

Ele estava sentado diante do piano de seu pai com o ante-braço apoiado sobre a parte de cima do piano e com a cabeça apoiada sobre a mão enquanto tocava notas quaisqueres. Ao notar minha presença, vira seu rosto a mim e em seguida o corpo, ajeitando sua postura.
Acho que pelo meu rosto ele havia percebido.

- Talvez nós devemos conversar. - Diz

~NO BAILE

Uma vez eu comprei um vestido para usar em um casamento. Isso já faz alguns anos e lembro que Julie estava comigo quando eu comprei. Nem acredito que posso me lembrar disso sem ficar mal. Nunca mais achei uma oportunidade para usa-lo, mas ele ficou perfeito para o baile. Além do mais, coisa que me impressionou, não estava apertado, largo, nem curto.

Estava ansiosa pro baile. Eu tinha me arrumado tanto que confesso estar mais ansiosa pra ver a reação de Hunter ao me ver do que para qualquer outra coisa.

Eu não quis que ele me levasse até lá junto dele, e meu pai, que fez questão de me levar. Eu só queria poder ver o rosto dele de surpresa na frente da escola.

Minhas unhas que estavam feitas, sem nenhuma lasca fora, eu resolvi refazer. Uma cor que combinasse mais com o vestido. Meu cabelo não parava no lugar que eu queria mas mesmo assim eu dediquei meu tempo fazendo.

Eu só queria estar bem.

Despreocupada e feliz eu cheguei na escola adiantada. Vi meus amigos entrando com seus pares e a demora inesperada de Hunter. Foram longos os 20 minutos que esperei, vendo do lado de fora alguns dançando, comendo ou conversando lá dentro. Mas mesmo assim permaneci apoiada sobre o corrimão olhando para a entrada.

O baile em si nem foi tão memorável assim. O que guardei mesmo foi seu rosto de tédio e nervosismo durante todo o evento

Quando os casais estavam na pista dançando juntos eu não quis pedir a ele que fosse dançar comigo, claro. Acho, na verdade, que mesmo se tivesse sendo legal, não estaríamos naquela pista. Só sei que me senti nervosa e aquele último cigarro do maço me despertou uma vontade.

Então sem pensar muito fui até o lado de fora e sentei sobre a escada encostada em um dos apoios do corrimão no piso.
Quando aquele meu último cigarro acabou, Hunter chegou, sentou ao meu lado e passou seu braço direito sobre meu ombro e não trocamos uma só palavra.

...

— Não precisamos. Esse tempo que estivemos postergando essa conversa foi inútil porque sabemos que não tem outro final. — Disse rápido. Eu sem saber muito o que fazer, eu só fui embora.

... e fim?

𝐍𝐎 𝐌𝐎𝐑𝐄 𝐂𝐈𝐆𝐀𝐑𝐑𝐄𝐓𝐓𝐒 - Hunter Sylvester (REESCREVENDO!)Onde histórias criam vida. Descubra agora