As mesas estavam quase todas usadas, havia apenas uma no canto sem a mínima chance de conseguir dar uma olhada a janela. Os quatro sentaram-se.
-Oliver - diz Jonas - pode começar.
-Não prefere pedir um capuchino? - ele sorri.
-Não temos tempo para isso - retruca Jonas em uma resposta. Marie ao perceber a irritação do detetive toca sua perna como um "Pare".
-Como quiser...
-Vão querer alguma coisa? - como se tivesse sido instantaneamente uma garçonete aparecera ali.
Ao contrario do que alguns possam pensar a pergunta "Vão querer alguma coisa?" pode ser considerada como retórica. Afinal, estar em um café é sinônimo de querer algo relacionado, contudo, todos sabem que essa pergunta acompanhada de uma garçonete esguia, é sem a menor sombra de duvida; uma persuasão a gastar mais.
-Um capuchino... - responde Marie - e? - referindo-se aos outros.
-Igualmente - responde Ana.
-Apenas um café para mim - responde o detetive movimentando seu dedo indicador impacientemente.
-Um suco de laranja - diz Oliver - mais saudável.
A garçonete termina de anotar o pedido e parte da-li. Sem qualquer remorso em exagerar no rebolado.
-Oliver, - diz Jonas - temos que agir rápido, não fique de gracinhas. Precisamos saber tudo sobre John.
-O.K - a voz de Oliver engrossa - como todos sabem, curiosidade esta presente em todos.
-Pule a introdução, por favor.
-Escute aqui, eu estou querendo ajudá-los sem qualquer gratificação, então não vou ficar aguentando o ego de um velho insatisfeito com a própria vida medíocre! - assim que Oliver termina suas palavras Jonas levanta de sua cadeira rapidamente com a pretensão de agredi-lo, mas antes que ele chegasse a Oliver, Marie consegue segura-lo.
Todos os olhares se direcionam a mesa.
-Jonas! Tenha modos, ele é a única coisa que temos ate o momento!
Ana encolhe-se na cadeira.
-A coisa ta animada aqui...
-A questão é que, - Oliver levanta-se e fica cara a cara com Jonas - eu não recebo ordens de um velho babão.
A expressão de Jonas ficou incompreensível, como se estivesse se esforçando ao máximo para não tentar agredir Oliver.
-Coloque-se em seu lugar - Oliver esticou o dedo e tocou a testa de Jonas - sou eu que dou as ordens.
-Já chega! - Marie interferiu como sempre fez com seus filhos - não é nem você! - ela aponta para Jonas e logo em seguida para Oliver - e nem você! Quem manda aqui é eu, e além de tudo já esta escurecendo e não pretendo ficar em um café na penumbra da noite.
-Esculacho - disse Ana, mas viu que os três olharam para ela - não... Imagina... Estava só brincando, claro.
-Curioso - diz Oliver - Você me lembra um pouco a ele.
-Ela é mãe dele - responde Jonas rispidamente.
-Não ela, - ele olha para Ana - essa aqui.
-Posso considerar como um elogio?
-Considere como quiser - e sorri.
Os três que haviam se levantado sentaram-se no mesmo instante.
-Como dizia antes de ser interrompido, - Oliver sorri torto - John era um amigo próximo... E, sei de algumas coisas. Contudo, acho que não é o melhor momento para que saibam. Sem duvida alguma, será melhor que descubram sozinho - ele levanta-se novamente e vira as costas para a mesa, mas diz uma ultima coisa antes de se retirar - antes que eu me esqueça, maldições existem; e elas continuam existindo, não importa quantas vidas sejam levadas. Enquanto não forem eliminadas; continuarão levando vidas e mais vidas. Alias, esconda-o bem Marie.
-Esconder o quê? - pergunta Marie.
-Você sabe muito bem do que estou me referindo. Afinal, um relógio como aquele deve ter muitas histórias. Desde o momento que ele apareceu em suas vidas, não é? Você sabe de onde ele veio, não é mesmo? - Oliver apóia-se na mesa - procure saber, é necessário para o bem de todos. Até mais.
E antes de qualquer indagação Oliver já não estava mais ali. Ana sentiu uma sensação familiar; a mesma que sentia quando estava junto a John. Como se Oliver tivesse algo a ver com isso.
-Vamos. Ainda temos que deixá-la em casa, senhorita - Jonas oferece o braço para Ana levantar-se. Ela aceita.
Os três levantaram-se e enquanto Marie e Ana direcionavam-se ao carro, Jonas foi a bancada principal.
A mesma funcionaria que os recepcionara encontrava-se no caixa.
-Quanto deu, por favor? - pergunta-o.
-Acho que você e seus amigos estavam com pressa. Pois não deu tempo de serem servidos, eu poderia cobrar por terem usado a mesa, porem, simpatizei com você. Pode ir, cortesia da casa - ela sorriu.
-Obrigado pela cortesia, mas eu insisto.
-Não posso cobrá-lo se não consumiu nada do local - ela responde.
-Não seja por isso - ele olha no balcão ao lado, onde se encontravam vários tipos de doces.
-Três cupcakes, por favor - a garçonete sorri e embala os doces.
Ele pega-os e agradece depois de paga-los com uma alta gorjeta.
-Volte sempre - despedi-se a garçonete.
Jonas sente algo estranho em si. Em um relance pensou ter visto a garçonete três vezes maior, olhos totalmente negros e asas brotando-se de suas costas. Ao piscar, tudo estava perfeitamente normal. Tudo não passara de sua imaginação, pensara ao sair do café.
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O relógio de bolso
HorrorUma maldição; mortes inexplicáveis e mistérios nunca vistos. Tudo começa com um objeto amaldiçoado; segredos o envolvem, mortes inexplicáveis causadas por algo sobrenatural. Após a morte de John, Marie sua mãe; decide contratar um detetive particu...