Capitulo oito - Batidas

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 Após Marie despedir-se de Jonas, adentrou em sua casa. Dirigiu-se a seu quarto e rapidamente trocou-se de roupa. Seguiu-se ao banheiro e tomou um demorado banho. Sentou-se no sofá e ligou a TV.

  Trocou vários e vários canais até achar algo que a interessasse. Um documentário, sobre fatos sobrenaturais. Em qualquer outro momento de sua vida, não assistiria aquilo em hipótese nenhuma, mas diante do que estava vivendo.

  Tudo aquilo que Oliver falara havia intrigado-a. E pela primeira vez ela se perguntou de onde havia vindo o relógio? Mas isso não importava. O que realmente importava era como Oliver sabia de sua existência, ele fora tão próximo de John a esse ponto? E o que o relógio tinha a ver com o que ele falara. Maldições, sua família estava sob uma maldição?

  Seus filhos já estavam dormindo. O que ela também deveria estar fazendo. Em um súbito susto houve varias e seguidas batidas na porta. Foi rápido, cerca de dez batidas e então silenciou.

  Marie sentia que se arrependeria, mas ela precisava. Seguiu até a porta e segurou o trinco calmamente, respirou fundo e abriu-a em um movimento rápido.

  Surpreendeu-se ao ver que não havia ninguém à porta. Já estava totalmente escuro, olhou para o relógio de parede da sua casa que se se encontrava na parede oposta. 23h58min.

  Olhou novamente a sua frente e pulou para trás ao dar de cara com um felino negro. Ela havia o visto antes, quando voltava da missa. Maria havia-se intrigado com o gato, e agora se encontrava novamente frente a frente com ele.

  Ele pareceu sorrir e em um estranho movimento mexeu sua orelha cortada. Sua expressão tornou-se demoníaca; com todos os músculos mexendo-se de uma forma não-humana. Marie correu para dentro de sua casa e fechou a porta. Trancou-a e acalmou-se enquanto respirava abafadamente. Olhou para o relógio novamente, apontava 23h59min. Em um curioso momento ela lembrou-se de que quando seu marido e seu filho morreram o relógio apontava 00h00min mesmo já sendo muito mais tarde.

  Apavorou-se por um momento e pensou em gritar, mas conteve-se para não acordar seus filhos. Afastou-se da porta e sentiu o sangue congelar quando houve mais batidas na porta; agora mais vorazes e mais fortes, em um maior numero delas, e em seguida uma silhueta alta e espessa pela cortina da janela.

  Um miado rasante e um som diferente de todos que já ouvira, em seguida olhou ao relógio que apontava 00h00min. Tudo sumira e ela perdera todas as emoções quando sentiu uma presença as suas costas e ouvira falar.

   -Chegou a hora – era uma voz masculina. Marie não teve coragem de olhar para trás, estava paralisada; sentiu uma mão em seu ombro e caíra ao chão.

Acordou com um pulo do sofá. Sua cabeça parecia que ia explodir. Sua respiração estava torturante. Seu corpo doía. Ela olhou para o relógio da parede que apontava 00h01min. E não conseguiu diferenciar a vida real da imaginação, aquilo havia acontecido? Ou fora apenas fruto da sua imaginação? O tempo que parecia estar ligado ao que acontecera. Tudo na casa estava perfeitamente normal, nenhum sinal de arrombamento ou algo do tipo. Encontrava-se em um silencio assustador. Mas houve algo em que ela reparara diferença, a TV estava desligada, e ela não se lembrava de ter desligado. Aquilo significava que havia sido realmente um pesadelo ou que tudo tivera mesmo acontecido? 

O relógio de bolsoOnde histórias criam vida. Descubra agora