O relógio de bolso

Lembranças...

                                                                  

     Pegara o palitó e correra para a porta. Ele não poderia atrasar-se. Conferiu o endereço no bloco de notas e abriu a porta.

     -Josh, aonde você vai à essa hora? - pergunta Marie.

     -Ah... é trabalho, amor, trabalho. Agora tenho que ir - em um segundo já não estava mais ali. Fechara a porta rapidamente e entrara no carro.

      É hoje, pensara. Tudo vai se resolver, de hoje não passa.

       Seguira com o carro até o beco. Estacionara em frente a ele, colocou o chapéu e saiu do carro.

      Está perto, só mais um pouco...

   Adentrara na escuridão do beco. Era um dia frio. 23h52min. Arrumou a gola da camisa e assoprou, a familiar fumaça branca apareceu-se e fundiu-se com o ar.

   Ouviu um miado e semi-cerrou os olhos para uma janela a frente. Havia uma sombra, alta; robusta. Encolhera-se em imediato e um magrelo gato aterrissou ao chão. Seus olhos eram laranja, uma de suas orelhas era cortada ao meio. Seu pelo negro era espesso.

    Ele aproximou-se de Josh e deslizou sua calda em suas pernas. O homem batera os pés no chão para afastar o felino.

     -Sai! - gritou o homem - eu sei quem é você!

     E por um segundo Josh pensou ter ouvido o gato falar.

     -Sabia, na verdade.

     No mesmo instante o corpo do homem caira ao chão inerte. O gato satisfeito pulou para dentro da janela de onde saira.

     O brilhoso relógio de bolso caiu ao chão marcando exatamente 00h00min.