Relatório: 0424203814

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Android: "Connor" MK800

Número de serie: #313.248.317


Connor não sabia como agir na frente do tenente, tudo era novo e confuso demais, seus sistema parecia que ia pifar a cada palavra, a cada tentativa de demonstrar o que sentia, parecia tão mais fácil para os humanos.


— Ninguém sabe o que fazer nesse momento Connor, é algo que ninguém pode explicar para você como funciona. — Connor assenti, havia lido todos os livros que citavam se apaixonar e nenhum fazia sentido — Sabe quando somos novos, nos apaixonamos por pessoas que admiramos, eu me lembro que me apaixonei por uma professora do fundamental... mas é apenas uma atração que você ainda não sabe a diferença.


— Você acha que... eu só estou atraído por você? — Hank fica em silêncio deixando claro que é isso que pensa, uma parte de Connor acredita também naquilo, seria tão simples acordar um dia e perceber que tudo passou, mas outra se sentia profundamente magoado por Hank cogitar essa ideia — Que o quê eu sinto não é... real?... você ainda me vê como uma maquina.


— Não! Connor não tem nada ver com você ser ou não uma maquinha, só... — Connor fita Hank esperando uma resposta, tendo o mínimo de esperança que Hank dizia a verdade, ele tinha que acreditar sua programação confiava 100% em humanos — Você não pode estar apaixonado por mim.


Connor pega a guia de sumô que estava no balcão colocando na sua coleira ele olha para Hank seu Led em uma mistura de anil e vermelho, Connor tenta passar sua fúria na voz, mas ela sai normalmente, não havia se acostumado a colocar emoções na sua voz.


— Vou levar o sumô para passear. — Connor vai até a porta mas é parado por Hank que segura seu braço em uma tentativa de continuar a conversar — Tenente eu preciso fazer essa tarefa.


— Connor Vamos conversar sobre isso, porra você não pode só ir embora. — Connor se mantem parado na porta, ele não queria ouvir se Hank fosse tentar convencer que o quê Connor sentia não era tão importante, era só uma atração — Somos parceiros, não somos?


— Hank... eu já não sei o que somos. — Sumô late feliz sem ter ideia do que estava acontecendo, Connor sorri levemente para o cachorro desejando estar tão alheio como ele — Eu... não sei que horas vou voltar.


Connor pega uma touca no Cabideiro o dia estava chuvoso e agora o céu estava cinzento, ele sai da casa de Hank precisando de um tempo sozinho, havia um parque próximo que ele sempre ia com sumô que naquele momento era o único que achava aquilo divertido, os dois vão até um banco na praça e Connor se senta, passear com o sumô era mais como deixar ele cochilar do lado de fora o que fazia o Android de novo pensar em Hank, fica tão alheio em seus pensamentos quem nem vê uma garotinha se aproximar.


A garota tinha cabelos negros em dois rabos de cavalo seus olhos apenas dois pontos negros, usava um macacão rosa seus joelhos sujos de areia do parque e um pouco arranhados, ela devia ter seus nove a dez anos.


— Moço posso fazer carinho no seu cachorro? — Connor assenti, a garota sorri quando ao tocar em sumô ele late feliz para ela virando sua barriga — Qual o nome dele?


— Sumô... ele não é minha propriedade, ele é de um... — Connor se cala se lembrando das suas palavras tão verdadeiras " Eu já nem sei o que somos" — Bem, ele parece ter criado certa afeição por você de modo acelerado.


— Você fala de um jeito engraçado. — A garota diz e involuntariamente Connor arruma o gorro escondendo seu Led, ela parece não notar o movimento — Você parece triste... aconteceu alguma coisa?


— Eu... me declarei para a pessoa que eu gosto... mas não deu muito certo. — A garota assenti se levantando e se sentando do lado de Connor, sumô faz um latido baixo se ajeitando novamente para dormir — Eu nunca tinha feito isso antes.


— Que triste... — Ela abraça o braço de Connor tentando anima-lo, o Android sorri sentindo um pouco melhor — Minha mãe disse que se você quer algo muito, muito e muito vai se realizar, você ama muito essa pessoa?


— ... Eu acredito que sim, mas ele pensa que é só uma paixão passageira. — Connor apoia sua cabeça em suas mãos fitando a garotinha — Sua mãe tem algum conselho sobre isso? Eu não entendo muito de amor.


— não... problemas de adultos são confusos, quando eu pedi muito, muito e muito um pônei de brinquedo eu ganhei. — Connor assenti, realmente problemas de adultos humanos eram muito complicados — Eu também não entendo muito sobre amor, meninos são nojentos... mamãe diz que quando eu crescer vou entender, mas você já é crescido e não entende.


— Talvez eu só deva conversar melhor... sai de casa sem deixar ele se explicar... — A garotinha concorda pegando uma pequeno pulseira do seu braço e entregando a ele — O que seria esse objeto?


— Dá sorte... quando eu estou com ela nada pode dar errado. — Connor acreditava que sorte era só uma coincidência nas inúmeras variáveis, mas o pensamento de que um objeto mudaria as estatísticas era reconfortante — Eu tenho um teste na próxima semana, mas eu acho que você precisa mais dela do que eu.


— Obrigado... te devolverei antes do seu teste... — Connor faz o reconhecimento facial da garota mantendo em seu disco rígido percebendo agora que não sabia nomear o arquivo — Qual o seu nome?


— Melody — A garota diz animada, Connor estende a mão para cumprimenta-la e a garota bate a mão na dele, ela olha para cima — Eu tenho que ir, se começar a chover e eu não estiver em casa minha mãe vai brigar comigo... tchau moço.


— Sou Connor... foi um prazer te conhecer Melody. — A garota concorda novamente se levantando e fazendo um pouco mais de carrinho em sumô — Obrigado pelos conselhos.


A garota se despede e vai embora Deixando Connor ali, ele pensa em tudo que falou com a garotinha e Hank olhando a pulseira que ela tinha dado... ele devia ter ficado lá? Conversado com Hank? Sumô late colocando a cabeça na coxa de Connor, talvez o cachorro não estivesse tão alheio sobre o que estava acontecendo.


— Você tem razão... eu devia ter deixado ele falar... é só que doeu ouvir aquelas palavras dele... talvez se eu tivesse dito como aquilo me chateou... eu vou conversar com ele sumô, vamos voltar para casa.


Fim da transmissão.

Detroit: Depois da divergênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora