Android: Connor mk800
Número de série: # 313.248.317
Eles comem, ou melhor, o tenente come e Connor apenas o assiste, os dois conversando sobre assuntos desconexos de programas de TV até casos de alguns colegas do trabalho, O android gostava muito desses momentos, pequenas coisas como aquela o fazia sentir uma pessoa e não apenas algo, poderia ficar a noite inteira naquela conversa, mas o tenente tinha que descansar, os humanos realmente tinham baterias bem baixas.
— Está muito tarde tenente, devemos terminar por hoje. — Hank concorda esticando um pouco o corpo sentindo suas costas estralarem, estava realmente cansado — ... Devo ir com o senhor?
— Claro, eu disse não posso deixar você dormir no sofá.
Connor sorri, dormir... era fofo ver Hank quase esquecendo que Connor era uma maquina, alguns androids como Markus preferiam não ser comparados, ele corrigiria e diria que deviam se orgulhar do que são, mas Connor não acreditava que aquilo era um problema, humanos sempre usaram da personificação, dando a outros características humanas para criar empatia com, desde objetos, animais e até robôs, por isso Connor acreditava ser apenas uma demonstração de que eles estavam tentando os ver como iguais.
Os dois seguem para o quarto que como o resto da casa não tinha muita personalidade, Hank não mudou nada dela desde que se mudou por isso ainda parecia uma casa para alugar, os únicos traços de personalidade são algumas roupas saindo da gaveta e um porta retrato em cima da cômoda, Connor observa o porta retrato, ele gostava de fitar as pessoas naquela foto, um pequeno garoto sorridente com um dos dentes faltando, ao seu lado uma mulher realmente bonita, o sol iluminando seu rosto de uma forma que a tornava ainda mais deslumbrante e por fim o motivo de Connor observar tanto essa foto todas as vezes que passou por aquele cômodo, um tenente um pouco mais jovem rindo, parecia tão alegre e despreocupado, uma família feliz que não muito tempo depois se perderia.
— ... Connor, pode vir. — Connor observa que Hank já tinha se deitado deixando um dos lados da cama para Connor, ele assenti indo até o seu lugar — pelo menos tire o casaco e os sapatos para ficar mais relaxado.
— O conceito humano de relaxar é um pouco confuso, mas tentarei o meu melhor — Connor faz o que o tenente pediu, tira sua jaqueta que agora não tinha mais seu número de série nem o logo da cyber life, mudanças técnicas que ele ficou bastante feliz quando aconteceram, além de tirar os sapatos subindo em cima da cama — Estou fazendo corretamente?... isso é relaxante?
— ... Bem melhor, não? — Connor assenti, suas mãos sobre seu peito enquanto o tenente mantinha os seus acima da cabeça, de repente o mais velho cora por algo que pensou — Se quiser se encostar em mim tudo bem ou colocar sua cabeça sobre meu braço, isso é normal de se fazer...
— ... Quando estou no modo suspenso não poderia me mover o que significa que alguma parte sua ficaria presa embaixo da minha que tem um certo peso, não muito, mas um pouco mais que um humano. — Connor era um modelo mais rápido e por isso mais leve, porém era mais pesado do que um ser humano de mesma medidas, talvez um terço a mais — Além disso com a pressão poderia parar a circulação de sangue o que não é nada bom...
— Uau você sabe ser romântico. — Connor não demorou tanto para perceber a ironia, Hank então pega a mão do android e põe a sua sobre — Que tal assim? Já é o suficiente.
— ... Perfeito...
Connor ainda entendia aquelas sensações novas, seu processador não sabia ao certo dizer o que eram aquelas sensações, mas estava pronto para as explorar, ele observa cada cena que pode encontrar de dois namorados de mãos dadas na história do planeta terra, seu polegar massageia a pele do Tenente, tão diferente da sua, mas mesmo assim... Connor se lembra novamente da foto, como teria sido seu tenente antes... aquela tristeza persistente não existia?... os humanos evoluíam de forma tão rápida que aquele poderia ser um homem completamente diferente.
— Você está pensando demais... o que eu fiz dessa vez?
— Nada.... eu só estava pensando, sobre você e sua família. — Connor identifica mesmo Hank não tendo um Led, a tristeza que sempre vinha com esse tópico — Me pergunto o que seria diferente se tivéssemos começado a trabalhar juntos naquela época... eles iriam gostar de mim?...
— Connor... — Hank observa profundamente os olhos do android sua outra mão indo de encontro com seu rosto, mexendo nos seus cabelos e descendo até as bochechas — Só você estar preocupado com isso mostra que você se importa, eles iam ver isso... Cole amaria você...
— ... O senhor conversou com ela depois de tudo...
— Nenhuma vez, depois que assinei os papéis ela foi embora, não a culpo na verdade... ela merecia mais. — Connor só tinha visto a mulher de Hank por aquele único quadro que só recentemente o tenente trocou, antes era apenas uma foto de Cole — Não temos o que conversar, não precisa se preocupar com isso.
Mas Connor se preocupava, ele queria ver o tenente feliz e seu passado era um dos motivos de ele ter ficado tão deprimido, Connor nem queria rever as memórias de Hank com uma arma apontada para si mesmo, não poderia deixar ele voltar aquele estado... era aquela a sensação de medo? Medo de não ser o suficiente para ele?... os humanos sempre sentiam aquilo? Não era uma boa sensação.
— Pra quê trazer isso agora? É uma história antiga demais para desenterrar.— ... Isso ainda afeta o senhor, por isso queria entender melhor, nunca senti luto por alguém, ou perdi alguém especial por isso queria entender... — Hank o ajudava tanto a entender essas emoções e agora tinha paciência para o esperar entender aquela relação, só queria retribuir — O tenente está triste, mesmo quando está feliz... isso é normal?
— ... Connor... que cabeça de lata...
Hanks não fazia aquilo a muito tempo, mas seus olhos transbordam de lagrimas, aquela dor nunca ia embora, só ficava suportável por um tempo e na maioria das vezes o motivo era o android, Hank o abraça forte colocando sua perna sobre seu corpo, queria ficar perto do android, porra, nunca sentiu necessidade de alguém ao seu lado tanto quanto agora.
Connor analisa os movimentos do tenente pesquisando o melhor meio de ação, devia ter feito errado, não queria fazer o Tenente chorar, seu processador da a resposta o mais rápido possível, ele coloca suas mãos sobre o cabelo do tenente os deixando se entrelaçar.
— Pronto... está tudo bem... tudo bem...
Hank sorri aos poucos se acalmando e caindo no sono, Connor não tinha que salvar nenhum arquivo ou atualizar por isso decide ficar sem o modo suspenso, ele observa o tenente dormir a noite toda, e queria que aquele momento durasse por muito mais tempo do que duraria.
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Detroit: Depois da divergência
FanficDepois dos incidentes do que foi chamado dia da libertação, Humanos tiveram que aprender a conviver com Androids, Connor agora foi condecorado como primeiro policial registrado Android e trabalha com o seu parceiro Hank que cedeu sua casa para o And...