Android: Connor mk800
Número de série: # 313.248.317
Connor ficou ali observando o tenente a noite toda, analisando a frequência de batimentos do homem, sua frequência respiratória, o estado de sono em que estava, Hank não tinha um sono tranquilo, varias vezes ele se debatia na cama, se movendo tentando espantar o que quer que acontecia na mente humana quando dormiam, sua posição do inicio da noite já estava completamente modificada, sua perna esquerda estava sobre Connor roçando levemente na sua cocha e seu braço por cima do peito do Android, seu queixo apoiado na clavícula dele e sua respiração levemente tocando seu pescoço, Connor observa o rosto do Tenente, observando como suas linhas de expressão estavam suavizadas, como seus cabelos selvagemente caiam sobre seu rosto o que fazia Connor querer arrumar, mas ao mesmo tempo não queria se mover para não acordar o Tenente, Connor analisa o homem de todas as formas que seu sistema permitia, anteriormente ele apenas usaria essas ferramentas em um contexto de sua missão, mas agora usava para conhecer as pessoas a sua volta, o arquivo que tinha sobre o tenente já era o maior da sua lista, utilizando um espaço considerável do seu sistema, nada preocupante, mas uma forma física de mostrar que o Tenente realmente importava para ele, mais do que qualquer pessoa que tivesse conhecido...
O celular do tenente desperta o fazendo se contorcer resmungando algo sobre odiar aquele som, Connor o pega desligando o despertador fazendo assim o homem olhar confuso de como o som tinha se cessado, seus olhos observam o quarto até parar em Connor, o tenente abrindo os olhos finalmente acordando.
— Connor! Ah é mesmo você dormiu aqui, eu... preciso de café... — Hank observa a pose que estava e se afasta rapidamente suas bochechas um pouco quentes e sua voz um pouco nervosa — Porra, você parece uma estátua, ficou tão parado que nem te notei na cama...
— Isso é um problema?
— Não! Claro que não, só não sei... — Hank estava nervoso e dizia qualquer coisa que vinha a cabeça, notando mais uma coisa que o deixou ainda mais envergonhado — Eu devo ter sido um incômodo, sou muito agitado... você conseguiu desligar, ou carregar... sei lá.
— Não eu não preciso fazer isso agora... fiquei a noite arrumando arquivos, processando informações, não foi um incômodo. — Hank acharia estranho de qualquer um aquela afirmação e um pouco assustadora, mas de Connor sinceramente parecia normal — irei preparar o café, e então podemos levar o sumô para passear antes de ir para a prefeitura? Preciso ver algo...
— Claro, claro... só deixa eu me trocar, pode ir indo...
— ... senhor, você está bem? Sua temperatura subiu abruptamente nos últimos segundos, talvez esteja começando a ficar gripado.
Connor era extremamente inocente e mesmo que isso fosse parte dele, o que Hank achava fofo as vezes podia criar situações um tanto quanto delicadas...
— Eu estou bem, só vai...
— ... Tenente... — Connor analisa o tenente, uma pesquisa rápida demonstra um resultado satisfatório que se encaixaria em seu nervosismo, como o rubor em suas bochechas, a recusa de se levantar, ou a pressão que o Android sentiu levemente em sua perna— Por acaso o senhor esta envergonhado da sua... ereção noturna?
— É porra, agora dá licença...
Hank vira o rosto, seu corpo rígido, Connor tinha percebido isso a pouco tempo antes dele acordar, não presumiu o quê era, mas agora tudo parecia fazer sentindo, logo o Android também estava um tanto nervoso, seus olhos seguindo naturalmente o corpo do homem até sua virilha que ele mantinha escondida pelo lençol, ele nunca tinha propriamente visto, obviamente havia notado certo volume, mas nunca esteve na sua programação a importância dessa informação, só que agora ele se perguntava essa medição, afinal ele tinha todas as informações do corpo do tenente exceto essa, pixels bugados aparecem na sua visão, iria superaquecer de novo desse jeito, o Android se vira constrangido de pensar tais coisas tão indecentes do seu Tenente, Connor se concentra tentando evitar que o seu próprio sistema ativesse essa função.
— Sinto muito tenente, eu estou indo... estudos dizem que é bom para concentrar ao acordar você estimular seu...
— Connor, cai fora.
— Certo...
Connor sai do quarto indo direto para a cozinha, preparar o café da manhã seria bom para manter sua cabeça focada, ele observa o horário, tinha algum tempo até precisar ir ao parque, ele começa a pegar as panelas enquanto ouve o chuveiro ser ligado por Hank, agora não podia tirar a informação em seu sistema que o tenente estava tomando banho no quarto ao lado, lavando cada parte do seu corpo e... seu sistema inferior se ativando levemente e ele tenta ainda mais se distrair, o Android tem que ouvir um vídeo de receita ou algo assim para ajudar a tirar o pensamento da sua memória enquanto terminava o café...
Alguns minutos depois o Tenente entra na cozinha já completamente vestido, desta vez com roupas realmente limpas o que era raro, ele para por um momento fitando Connor e logo depois desvia o olhar ainda envergonhado pela situação, afinal não contou tudo para Connor, ele não teve apenas uma ereção matinal, ele teve um sonho erótico, era algo que acontecia as vezes e ele nunca se incomodou, mas não agora que tinha alguém na sua cama, não agora que ele tinha quase gozado dormindo, não agora que pela primeira vez não era uma garota que o excitava em seus sonhos....
— Algum motivo para toda essa pressa?
— Ah, eu preciso passar no parque, fiz uma promessa...
Hank assenti se sentando e começando a comer, sua mente ainda confusa demais, quando ele começou a ver Connor daquele modo? Claro que ele estava juntos e ele realmente gostava do Android, mas paixão e tesão era duas coisas bem diferentes... ele nunca tinha sentido algo assim por um homem antes, claro ele nunca tinha beijado um também, mas não pareceu tão estranho para ele, não quando era Connor quem ele queria beijar, flashes do sonho passam por sua mente e ele tenta afastar, nenhum dos dois estavam prontos para coisas assim, não com esse redemoinho que estava na sua mente, ele observa o Android e fica pensando se ele o via daquela maneira, eles conversaram um pouco sobre aquilo, mas não sabia até que ponto O Android experimentava essas questões como os humanos... nunca pensou que chegaria ao ponto de pensar se um robô sentia tesão por ele ou não... Connor realmente mudou o tenente.
— Vamos então, o parque parece um ótimo lugar, preciso relaxar um pouco...
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Detroit: Depois da divergência
Hayran KurguDepois dos incidentes do que foi chamado dia da libertação, Humanos tiveram que aprender a conviver com Androids, Connor agora foi condecorado como primeiro policial registrado Android e trabalha com o seu parceiro Hank que cedeu sua casa para o And...