Capítulo 4

1.2K 96 181
                                    

 Peter me mantinha perto de seu corpo o tempo todo, segurando minha mão para me guiar no escuro. Pensei ter tropeçado em alguma coisa, mas não sabia o que era e nem saberia do jeito que o lugar estava.
 Quando chegamos na cozinha, peguei uma vela de dentro da gaveta, cheia de outras coisas, e acendi. Ela iluminou praticamente a cozinha inteira e não precisei  ter tanto medo, mesmo que uma parte da casa ainda estivesse muito escura, e eu sentisse um friozinho macabro.

 Peter me ajudou a fazer uma comida simples e gostosa. Fizemos o suficiente para nós dois comermos porque ele me disse que Lucy chegou comendo algo grande, então não me preocupei com ela. 

 Fiquei pensando na chuva pesada e Peter. Do jeito que a situação estava, ficaria difícil para ele ir embora, e ainda mais agora. E se ela não parasse ou amenizasse nem que por um pouquinho, ele teria que dormir aqui. Minhas bochechas rosaram só de pensar em estar dormindo na mesma cama que ele. Quando eu durmo muito pesado, acabo roncando alto e isso é um pouco constrangedor.

- S/N - Peter me chamou estendendo uma colher com a comida que fizemos - Abre a boca - sorriu.

 Hesitei um pouco para pensar e então a abri. O gosto da comida estava ótimo, pena que não daria para repetir - não tinha sobrado nem uma mísera migalha.

- Sua vez - enchi uma colher de comida e apontei para perto de sua boca - Abre! 

 Assim que ele abriu enfiei a colher e ao encaixar sua boca por completo sobre ela, me olhou de um jeito sedutor. Corei. Desviei o olhar e continuei a comer rápido. Fiquei me perguntando mentalmente como ele conseguia me  fazer corar o tempo todo com um simples olhar.

- Aí - Peter fez um som de dor e apoiou a bochecha em sua mão, com os cotovelos sobre a mesa.

- Você está bem? - perguntei colocando minha mão sobre seus ombros.

- Mordi minha língua... - ele falou sem quase abrir a boca - Isso acontece várias vezes quando eu como, porquê tenho uma língua muito grande.

 Fiquei curiosa agora e confusa.

- O quão comprida? Tipo, isso? - usei meus dedos para medir um tamanho que eu considerava grande, mas ele negou com a cabeça, e foi aí que fiquei um pouco receosa sobre o tamanho.

 Ele então deixou sua língua rolar sobre a boca passando de seu queixo, e a minha boca caiu com a surpresa. Era pontiaguda como um triângulo para baixo. Seus dentes também estavam à mostra, parecendo um sorriso de tubarão.

- Puxa... - falei surpresa - É realmente grande. Como você consegue comer sem arrancar um pedaço dela sem querer? Por que ela é tão grande? Por quê? Como? - estava muito afobada.

- Desde que eu era criança eu tinha ela maior que a de todo mundo, e isso foi motivo de bullying por quase todos os anos da minha vida. Eu não sei porque ela é tão grande assim, biologicamente falando - terminou massageando com os dedos sua bochecha.

 Eu achei aquilo um pouco bizarro, mas de uma maneira sexy. Não conseguia para de imaginar o que daria para fazer com uma língua tão grande, igual a dele. 

- Lembro que você me disse que tinha uma cobra de estimação - falei de repente bebendo um gole do suco.

- Sim, eu me recordo de ter dito isso - deu uma risadinha boba - Quer vê-la?

  Concordei com a cabeça freneticamente até ele tirar de seu bolso um celular. Ele me mostrou várias fotos engraçadas e bonitinhas de uma cobra amarela. Algumas ela estava com um chapéu de festa colorido e a língua para fora, e logo me lembrei da de Peter, os dois eram bem parecidos. Olhos penetrantes e línguas compridas.
 Algumas fotos da cobra de estimação de Peter estava enrolada em seu braço ou perna, com uma carinha bem fofa. Se eu não tivesse medo, teria uma cobra também.

Your BoyfriendOnde histórias criam vida. Descubra agora