- Acho que minha pressão está baixa - diz Kim, baixinho.
Olho adiante e respiro fundo, depois faço o mesmo procedimento que Harry fizera quando me trouxe aqui. Acendo e apago os faróis do carro três vezes. Espero ansiosamente a resposta que vem em minutos. Vejo a luz avermelhada piscar três vezes. Acendo e apago os faróis três vezes novamente e buzino, depois dou partida no carro em direção ao galpão velho.
- Você deve saber que essa é a coisa mais perigosa que eu já fiz na vida, então o normal é que eu esteja ofegante e que meu coração esteja batendo descompassadamente.
Eu olho para Kim e dou um sorriso. Por incrível que pareça, a sensação de adrenalina percorrendo sob minha pele está me ajudando. Certo, posso estar nervosa, mas num grau normal. Pelo menos não estou suando, como Kim.
- Acalme-se - eu digo.
Paro o carro diante dos portões e espero ouvir a voz de Niall perguntando a senha. Droga. Eu não tenho senha.
- Senha? - ele diz.
Penso em falar H-S, mas não vai rolar porque esse é o codinome de Harry e ele, possivelmente - que esteja - está aqui.
- Preciso falar com Harry - eu digo.
- Hm... acho que você veio no lugar errado, moça. Não temos nenhum Harry.
- Como assim não tem nenhum Harry?
- Simples, não tendo, dã.
Eu respiro fundo e tento não ficar nervosa. Como não há nenhum Harry aqui? Será que ele mentiu para mim a seu respeito? Será que Kim estava certa e fui usada?
- Agá-S, então - falo esperando que dessa vez funcione.
E funciona. Os portões de ferro começam a se abrir, rangendo. Não me preocupo em pôr o carro para dentro do galpão e saio com Kim no meu encalço. Quando chego no centro do salão as luzes se acendem e, ao acostumar a visão, avisto Niall vindo em minha direção.
- Ele é tão lindo que eu poderia apertar suas lindas bochechas rosadas pelo resto da minha vida - Kim sussurra num pensamento em voz alta.
Niall para diante de nós com um sorrisinho sincero no rosto.
- Garota, você por aqui? - sem cerimônia alguma, ele me aperta num abraço sufocante. - E... - assobios - ... nossa! Porque não me contou que tinha uma amiga tão bonita?
Kim dá umas risadinhas e cora. Niall pega sua mão e beija o lado externo.
- Preciso falar com Agá - digo.
Niall move a cabeça e começa andar. Nós o seguimos até o elevador e minutos depois, estamos andando no Submundo rumo às escadas.
- Olha, não sei o que você fez com ele, Garota, mas desde que voltou para nós, Agá não fala mais que duas palavras. Ele está mudado. Mais frio do que de costume.
Mordo o lábio inferior, me perguntando por que não vim aqui antes. Nós dobramos em um corredor e Kim entrelaça o braço no meu quando dois Gangsteres musculosos passam por a gente, ela aperta meu braço. E finalmente paramos diante da porta da sala de Harry. Niall faz que vai bater.
- Não. - Seguro seu punho cerrado. - Não precisa. - Viro-me para Kim. - Fique com Niall, ok. Ele irá tratá-la bem, não é, Niall? - olho ameaçadoramente para ele.
- Sim, sim - Niall assente.
E então os dois saem. Eu fico parada por alguns minutos diante da porta, depois entro sem bater. Harry está sentado atrás da mesa, os olhos fixos nas telas e parece não perceber no mesmo instante em que entro.
- Oi - eu digo.
Ele pisca, e depois se levanta.
- O que faz aqui? - pergunta de forma terna.
- Precisava ver você. Tenho várias informações que podem ajudar...
- Lexie... - Harry se aproxima, seu olhar está distante. - Eu não consigo.
Semicerro os olhos, encarando-o fixamente.
- Não posso mais ficar perto de você - diz.
- O que está dizendo... eu... eu não estou entendendo.
- Toda vez que penso em você o pensamento me leva a seus pais e isso, por sua vez, me leva ao assassinato dos meus. E eu não consigo conviver com isso.
Meu peito aperta e sinto como se fosse chorar, mas não choro. Observo Harry me olhando, os punhos cerrados ao lado do corpo, os olhos feitos em minúsculas frestas. Ele parece abalado, destruído.
- Quando vi seu pai naquela noite, foi como se... como se tudo estivesse se repetindo. Eu não conseguia ver uma pessoa ali. Eu só via o cara que matou meus pais, Lexie - ele faz uma pausa e desvia o olhar. - Só o que sentia naquele momento era vontade de matá-lo, ou feri-lo como fez a mim. Mas para ferir a ele, eu teria que machucar você.
Aproximo-me de Harry a procura de seu olhar, mas o que encontro é apenas uma imensidão verde distante. Seguro seu rosto entre minhas mãos.
- Eu sei que não faria nada contra mim - digo suavemente.
Harry desvencilha o rosto de minhas mãos.
- Queria que estivesse certa.
- Olhe para mim, Harry.
Ele não olha.
- Vá embora, mademoiselle - diz para minha surpresa. - Saia enquanto há tempo, pois não garanto poder controlar meus instintos ao ver seu pai novamente. Será mais fácil para nós dois se não tivermos ligação alguma quando isso acontecer.
Ele me dá as costas, eu cruzo os braços. Pelo contrário do que ele imagina, não estou a fim de sair da vida dele tão fácil, pois sei que mesmo estando distantes um do outro, nossos pensamentos sempre traçarão caminhos iguais.
- Não vou deixá-lo. Não agora que descobri coisas cruciais.
- Isso não importa mais, Lexie. Não quero mais nada que me aproxime de você.
Reviro os olhos e xingo.
- Que porra, Harry! Você acha o quê? Que vai entrar em minha vida e bagunçá-la só pra depois me abandonar? Não é assim que se joga. Pelo menos não comigo.
Harry dá um sorriso vago.
- Isso não é um jogo, é uma guerra - ele se vira para mim, os olhos brilhando intensamente e as pupilas dilatadas. Parece nervoso, mas frio. - E estamos em lados opostos.
- Não mais. Não agora que decidi o que quero ser.
- E o que você quer ser?
- Uma Gangster.
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Sem Regras
FanfictionMeu nome é Lexie Allen. Tenho 18 anos e vivo sozinha numa casa afastada da de meus pais e meus irmãos gêmeos, no sul da Costa Universal. Há duas colônias; Crescente e Decrescente Eu sou uma Crescente. Há um garoto. Ele é Gangster; sem regras. Não o...