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Esse capítulo contém abuso psicológico, maus-tratos e angst.

Interajam para eu saber o que vocês acham e boa leitura :]

🍏🍫

Os galhos secos das árvores raspavam lentamente contra seus braços. O frio estava forte mas não suficientemente páreo para a pele quente de um alfa lúpus.

O homem dos cabelos castanhos conseguia sentir-se arrepiar ao imaginar o quanto ele queria que Jimin estivesse recebendo o devido aquecimento agora - algo que apenas ele poderia dar - e não tinha como fazer nada em relação a isso.

Cada mísera aparição em sua frente o fazia pensar no ômega albino. A neve branca contra a luz da lua o fazia se recordar da pele leitosa e do quanto ela era extremamente bonita com as sardas espalhadas. As árvores o lhe deixavam pensar no quanto seria gratificante fazer uma trilha ao lado do corpo pequeno entre a parte segura da floresta.

O lago congelado que ele passou ao lado durante o percurso até sua casa o fez refletir sobre o brilho doce dos cristais que Jimin armazenava em seus olhos, leve e iluminado como uma estrela cadente que poderia realizar os seus melhores desejos.

Quando Jeongguk deixou Jimin em seu sítio - um tempo antes de sua avó chegar - sentiu que algo estava errado.

Ele voltou para sua casa e olhou em volta, engolindo em seco ao perceber a chuva que estava se formando lá fora. O cheiro de Jimin estava em todo lugar, como um lembrete das palavras doces que eles haviam trocado alguns instantes atrás. Seu coração apertou.

Nunca saberia descrever o quão incrível o garoto poderia ser. Ele não sabia realmente como era a paixão, até por que ele nunca havia experimentado isso antes. O negócio das borboletas que ele lia em livros- Oh, aquilo era uma piada perto dos trilhos repletos de trens desgovernados que se instalavam em sua barriga apenas quando pensava no tempo de qualidade que teve com Jimin.

No caminho do banheiro ele foi tirando suas vestimentas, angustiado demais para separa-las no sexto de roupas e apenas jogando cada peça em um canto diferente do corredor antes de entrar no banheiro.

Ele olhou para o espelho grande, seu corpo nú totalmente exposto.

Sua respiração falhou por um breve momento.

Jeongguk se virou e olhou por cima de seu ombro, observando o reflexo de suas costas repletas de marcas e machucados cicatrizados. Cigarros apagados, cabos de tomada, queimaduras. No fundo tinha um certo alívio por ter conseguido esconder isso de Jimin, já que o mais novo apenas teve visão da frente de seu torno nú.

Sabia que boa parte da vila em frente tinha visto suas costas graças a sua loucura temporária quando foi atrás do ômega lupino depois que sentiu que ele estava sofrendo pelo frio, mas sua mente estava tão vidrada em Jimin que por incrível que pareça, ele não se importava com o que aquelas pessoas poderiam estar pensando de si. Pelo menos não por agora.

Suas cicatrizes eram fundas, ele se lembrava da sensação horripilante que percorria seu corpo sempre que seu nariz capitava o cheiro de seu sangue enquanto o mesmo escorria por suas costas logo após um dos castigos do senhor Jeon.

Seu pai se irritava quando o repreendia fisicamente. Mesmo com falta de nutrientes necessários e carregando o fardo da distância de seu próprio lobo, Jeongguk se regenerava rapidamente se a ferida não fosse feita fortemente, e o Jeon mais velho queria o fazer lembrar de seus erros sempre que se olhasse no espelho.

Suas coxas tinham marcas pequenas, mas escuras. Eram perceptíveis quando vistas mais de perto.

Fora difícil mentir sobre isso para sua mãe. Em suas crises - quando descontava sua frustração em bebida, quando havia tempestades fortes ou quando seus surtos histéricos que sempre resultavam nele chorando incontrolavelmente - ela sempre acabava o dando um banho e cuidando de seu físico. Quando sua mãe os viu pela primeira vez, Jeongguk acobertou seu pai e confessou que os machucados foram feitos quando caiu de uma escada na rua e esbarrou com um senhor que carregava caixas com copos de vidro. Quando as cicatrizes eram renovadas por seu pai, ele mentia dizendo que ele mesmo se machucava propositalmente. Ficou um pouco mais fácil quando a partir de seus vinte e um anos ele conseguiu ter sua própria casa e agora seu pai não tinha mais tempo para o bater sempre que queria, mas suas cicatrizes estavam ali para lembrar o que ele era.

Há Estrelas Em Seus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora