Capítulo Dois

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Keegan DeWitt - Morning in LA

As últimas semanas passaram a voar e tanto eu como o Bernardo estivemos super ocupados a ajudar os meus pais nos últimos preparativos. Faltam 7 dias para começar oficialmente o verão mas por aqui o sol já brilha com muita intensidade e está um calor estupidamente absurdo. É já daqui a uma semana que se dá início à temporada de verão no hotel e por isso andamos todos extremamente ocupados a dar os últimos retoques em tudo.

O verão ainda nem começou e já ultrapassamos as nossas expectativas quanto às reservas esperadas. Estamos claramente com falta de pessoal e é por isso mesmo que estou neste preciso momento a limpar o lixo da piscina, enquanto o Bernardo lava todas as espreguiçadeiras e os colchões verdes.

— Podes explicar-me porque é que pareces saída do filme "Baywatch"?

— Não tinha nenhum biquini no hotel, por isso tive que roubar isto da sala dos salva-vidas. Está um calor horrível e não me apetecia esturricar ao sol.

— É irónico estares assim vestida...

Engulo em seco porque sei o rumo que esta conversa vai levar e não me agrada os caminhos que vão ser traçados. Fico em silêncio para tentar evitar que o Bernardo prossiga, mas ele continua:

— Estás vestida de salva-vidas mas tens medo do mar.

— Não tenho medo do mar, Ben... — volto a engolir em seco.

— Não tinhas, mas agora tens. E tudo poderia voltar a ser como era. Nós podemos ser quem éramos antes. Desde que te per...

— Não! — interrompo o meu irmão e acabo por soar mais fria daquilo que pretendia, mas sei bem aquilo que ele iria sugerir e a minha resposta é sempre a mesma: Não!

Sei que ele tenta despertar algum tipo de reação em mim mas nem todos nós lidamos com os nossos traumas da mesma maneira e à mesma velocidade.

O Bernardo gostava que eu conseguisse acompanhá-lo, que já estivesse noutra fase. Eu própria gostaria de andar mais rápido mas ainda estou a aprender a dar pequenos passos e ninguém consegue correr sem antes aprender a andar.

O meu "não" foi suficiente para o trazer de volta à realidade, levando-o a abraçar-me e a empurrar a minha cabeça contra o seu peito, confortando-me. Sei que me pede desculpa em silêncio e gosto disso. Gosto dos nossos silêncios, porque não são desconfortáveis como todos os outros.

O Verão Mais QuenteOnde histórias criam vida. Descubra agora