Capítulo Doze

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♫ The irrepressibles- The most beautiful boy ♫

Observo-o, atentamente, porque não quero perder nada. Ele está muito mais forte desde a ultima vez que o vi desta maneira. Os seus músculos contraem-se à medida que ele retira a camisola pela cabeça e sinto as pernas a tremer quando o vejo tão exposto perante mim.

Quero tocar-lhe. Muito mesmo. E estou mesmo quase tentada a fazê-lo quando ele deixa recair o seu olhar em mim. Ainda bem que o fez, estava a ponto de perder as poucas maneiras que me sobram.

— Preciso de um mergulho. Vens comigo?

A minha primeira reação é dizer-lhe que não. Curiosamente o Lucca faz-me querer arriscar, sair da minha bolha.

Ao ver-me reticente, acrescenta — Não precisas de entrar. Podes ficar apenas a observar-me...

Gosto que o diga de uma forma compreensiva, sem me pressionar. Ele estica-me a sua mão e eu aceito-a, mas em vez de a usar como impulso para me levantar da areia, puxo-o mais para perto de mim e aperto-lhe os dedos com força. Ele é muito alto e tenho de fazer um esforço enorme para o olhar desde onde me encontro.

— Estou curiosa para saber porque percorremos 30 minutos de viagem até esta praia, quando nós próprios vivemos na costa....

— Lá era demasiado perto de tudo. É mais fácil recomeçarmos aqui. — faz-me festinhas nos nós dos dedos. — Além disso, a praia é bonita.

Gosto que tenha se referido a isto como um recomeço. A pergunta que me coloco a mim mesma, é se estou realmente disposta a recomeçar.

— Sim, é muito bonita... — e desta vez uso a sua mão para me levantar.

Ficamos a dois centímetros um do outro, olhando-nos nos olhos. Ele aproxima-se ainda mais de mim e por um segundo penso que vai voltar beijar-me. Quase lhe imploro que o faça.

Em vez do tão desejado beijo, aproxima-se da minha orelha e sussurra-me: — Espero que ainda corras rápido...Porque eu andei a treinar muito para te ganhar.

Ele afasta-se de mim como uma flecha. O cabelo dele, louro acastanhado, brilha intensamente com o sol. Os músculos das costas estendem-se a cada movimento e eu juro que poderia correr ainda mais rápido se não estivesse tão distraída.

Ele vai olhando para mim, certificando-se que estou atrás dele. Vou correndo o máximo que posso, rindo-me com sorriso dele.

Quando os pés dele embatem na água, ele mergulha e eu obrigo-me a parar. Fico a uma distância de segurança da água e aproveito para observar este momento que pensei que nunca iria acontecer novamente. Nunca pensei que ele fosse regressar.

O Lucca sempre foi mais ele dentro de água. Foi ele quem me ensinou a nadar e surfar. Deu-me dicas para suster a respiração mais tempo e ensinou-me que deveria sempre manter a calma, mesmo que a maré ficasse demasiado agitada.

Tentei pensar na voz confiante do Lucca quando tudo aconteceu mas quando vi a minha irmã a bater com a cabeça, não consegui ter calma. As ondas estavam muito fortes por culpa de uma tempestade. Vi sangue, muito sangue. E depois, não vi mais a minha irmã.

Odeio o mar depois desse dia.

Porém, agora que vejo o Lucca quase a fundir-se nele, como se fizesse parte daquele azul, não posso negar que a ideia de entrar me pareça muito mais possível.

O Lucca nunca deixaria que o mar me levasse. O mar nunca me poderia levar, como fez com a minha irmã, porque ele está aqui. Agora ele está aqui e olha-me ao longe.

Desde que entrou que não tira os olhos de mim e sinto a minha pele arrepiada e não é pela água que chapisca os meus pés, mas sim por ele me olhar como se acreditasse de que sou capaz.

Tu és capaz

Vou-me aproximando dele devagar, à medida que me vou submergindo mais e mais fundo. Apetece-me muito chorar. Queria chorar até já não saber distinguir se aquilo que me rodeia é a água salgada do mar ou das minhas lágrimas mas em vez disso continuo a avançar.

És forte, continua.
Ele está aqui, continua.

Eu continuo. Vou caminhando até ele, passo a passo, com medo. Não tiro os olhos dele e ele não tira os olhos de mim e isto acaba por se tornar um dos momentos mais intensos e cruciais da minha vida.

Quando finalmente estou perto, ele aproxima-se e agarra-me como se quisesse tirar o medo nos meus olhos. Quando me abraça, sinto-me finalmente segura para chorar.

Encosto-me ao peito dele, deixando que as minhas lágrimas saiam e que se misturem com o resto do mar que se cola ao seu corpo.

Nesse momento que percebo não tive apenas medo que o mar me levasse. Durante um ano e meio, tive medo que o mar me levasse antes de eu conseguir ver o Lucca novamente.

O mar pode levar-me agora, se quiser.

Lucca faz-me festinhas nas costas e vai depositando beijos no meu ombro. Guio-me pela sua respiração e acabo por me acalmar. As lágrimas continuam a escorrer mas agora já não dói tanto.

Não sei quanto tempo ficamos assim, agarrados, até que quebro o silêncio entre nós. Afasto-me ligeiramente sendo que os braços dele continuam à volta das minhas costas, apoiando-se no meu vestido molhado, demonstrando-me carinho e proteção.

— Eu desejei isto por muito tempo... — traço o seu peito nu com o meu dedo — Mas agora estamos ambos numa posição frágil e eu sinto que estás à procura de afeto no sítio errado, só para encheres os espaços vazios que tens em ti. — pouso a minha mão no seu coração, ouvindo-lhe os batimentos acelerados — Não posso ser isso para ti.

— O único vazio que sinto é quando me olhas dessa maneira... como se não acreditasses que eu posso ser quem tu queres que eu seja.

— O problema está aí Lucas. Eu quero que sejas para mim, aquilo que tu desejares ser. Não porque achas que é aquilo que quero ou necessito. Quero que me olhes nos olhos e me desejes por quem eu sou.

— Alice, eu desejo-te por quem tu és. Estou louco por quem tu és. Nunca pedi que fosses outra pessoa.

— No entanto nunca fui suficiente para ti. — empurro-lhe o peito e afasto-me em direção à areia.

Ele corre atrás de mim, agarra-me o pulso e obriga-me a olhar para ele.

— Gostava de te fazer ver as coisas através dos meus olhos mas sei que meras palavras não bastam para ti. Mereces mais e eu vou dar-to. — abraça-me sem me dar hipótese de reação, acariciando os meus cabelos — Vou provar-te de que posso ser bom para ti. Deixa-me ser bom para ti....

Sinto neste abraço e nestas palavras que este é o mesmo rapaz por quem me apaixonei e pelo qual ainda me sinto completamente apaixonada. O rapaz que me deu o meu primeiro beijo, que me tirou a virgindade e o único que fez amor comigo. O rapaz que me mostrou que, acontecesse o que acontecesse, estaríamos sempre no coração um do outro.

Fomos tantas primeiras vezes um do outro. Mentiria se dissesse que não quero mais. Quero mais dele. Quero dele tudo aquilo que ele me consiga dar.

A Alice de antigamente não seria exigente, desde que tivesse a atenção dele. A Alice de hoje não se vai contentar com pouco.

Se o Lucca  me quer realmente, vai ter de lutar por mim.

Será o Lucca capaz de lutar pela nossa Alice?

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Será o Lucca capaz de lutar pela nossa Alice?

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