Um acidente trágico muda o rumo da vida de Alice. Depois daquele verão fatídico, tudo mudou. Quando Lucca reaparece na sua vida, ela sente que talvez este possa ser o verão em que tudo volta a mudar.
Conseguirá Alice superar os traumas do passado?
O fim de semana passou a voar apesar de me ter sentido profundamente sozinha.
O Lucca não me disse mais nada desde o nosso passeio de carro, na sexta-feira. Penso que isso possa estar relacionado com a discussão que teve com Bernardo.
O meu irmão tem-me ignorado desde esse mesmo dia e penso que pelo mesmo motivo. Inventou todas as desculpas possíveis e imaginárias para não se cruzar comigo. Chega demasiado tarde para não me apanhar acordada e sai muito cedo para se certificar que ainda estou a dormir. Esta noite nem sequer dormiu em casa. Fartei-me de lhe mandar mensagens na noite anterior mas não obtive resposta.
Pego no meu telemóvel e vejo que ele está online no whatsapp mas continua sem responder-me.
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Aproveitei o fim de semana para ler, apanhar sol no meu terraço e correr pela vizinhança. Ainda conseguir ir ao hotel durante o dia de ontem almoçar com os meus pais, o que me aconchegou bastante. Por mais independente que seja, e por mais que precise do meu espaço e tempo, o carinho dos meus pais faz-me sempre bem.
Acabo o pequeno-almoço, lavo os dentes e estou a calçar as sapatilhas quando o meu telemóvel apita, dando sinal de que recebi uma mensagem. Do Bernardo, espero.
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O Bernardo foi o meu pilar desde a morte da nossa irmã. Creio que também fui o dele. Sempre fomos muito unidos mas desde que ficámos a morar sozinhos, sentimo-nos ainda mais responsáveis pelo bem estar um do outro. Há coisas que partilhamos apenas entre nós e nem os nossos pais fazem ideia do quanto sofremos.
Prometemos que seríamos sempre a prioridade um do outro. Sei que as coisas não serão assim para sempre, porque as prioridades estão em constante mudança, mas por agora parece-me bem.
Sei que a minha relação com o Lucca sempre foi uma incógnita para ele. Não sabe o que aconteceu realmente entre nós. A única coisa que importa para ele é que eu não volte a sofrer.
Acho que ele pensava que Lucca seria um bom curativo para as minhas feridas, por isso o chamou para trabalhar no hotel. No entanto, acho que nos últimos tempos tem percebido que talvez tenha sido Lucca que causou maior parte da minha dor e não suporta isso. Sei que não. Mas também sei que não me vai pressionar a falar ou a tomar alguma decisão precipitada.
