O Verão Mais Quente

Capítulo Vinte&Quatro

♫ Lana Del Rey- Yes to heaven ♫

Os últimos dias têm sido calmos e quase já viraram uma rotina. Durante o dia dou aulas de dança e faço outras atividades com os miúdos para os entreter. O trabalho de marketing acaba por ficar um pouco em segundo plano mas como tive muito trabalho de escritório antes da temporada de verão começar, tenho tudo bastante organizado, pelo que posso dedicar pouco tempo a isso sem prejudicar o hotel em nada. As noites são sempre passadas na companhia dele.

Almoço, lancho e janto quase sempre com o Lucca e Amélia e mesmo quando Amélia não pode, fazemo-lo juntos. Faz-me lembrar o tempo em que éramos miúdos e não passávamos um minuto um sem o outro. Gosto da sensação familiar que tudo isto me transmite.

O passado é um lugar confortável para mim até deixar de o ser e gosto de me manter presa às memórias boas. Preciso de me manter à tona mesmo que haja momentos que me levam de volta a um mar inquieto. O Lucca é a minha âncora e a companhia dele mantém-me sã.

Preciso mesmo dele na minha vida e ele parece precisar de mim na vida dele.

Os dias vão passando como se tivéssemos em cima de uma prancha, com o mar calmo como fundo. Incertos sobre o que virá mas confortáveis com aquilo que temos. Falamos sobre tudo ao mesmo tempo que evitamos falar sobre nós. Tocamo-nos e exploramo-nos sem nunca nos beijarmos.

Confesso que, com o passar do tempo, torna-se cada vez mais difícil não me lançar para os seus braços e acabar a fazer sexo com ele no banco detrás do seu carro, na minha cama, no meu estúdio de dança, na piscina. Pensamentos destes têm cruzado a minha cabeça mais vezes do que aquilo que quero admitir e sei que é suposto levarmos as coisas com calma, tentarmos reconstruir aquilo que tínhamos, mas estou mesmo a ponto de perder a postura e atirar-me de cabeça.

Ele também não facilita ao ser assim tão giro, tão simpático, tão ele. E depois, colocar-me em situações assim, só aumenta o meu ritmo cardíaco. Convidou-me para virmos nadar na piscina aquecida e aqui estou eu. Poderia ter dito que não para tentar manter as minhas mãos quietas e pensamentos silenciados mas aqui estou eu, vestida com o bikini mais sensual que tenho, a ignorar o pouco bom senso que me resta.

Corro as portas de vidro que dão para a piscina interior do hotel. As roupas dele estão espalhadas no chão junto à piscina e eu junto as minhas às dele. Dispo os calções e o top e deixo-me ficar apenas com o meu bikini vermelho.

Vejo-o a nadar sob as luzes azuis da sala que dão um ar ainda mais íntimo e quente. Fico subitamente com a boca seca e com uma vontade imensa de me juntar a ele mas permito-me observá-lo mais um pouco.

Sento-me na borda da piscina e continuo a olhá-lo. Ele continua a nadar, braçada por braçada, e parece focado e tranquilo. A água traz o melhor dele.

Depois de alguns momentos, o meu olhar foca-se no teto daquele lugar. Fui eu que escolhi. O teto é preto e está todo pontilhado com luzinhas pequenas que dão a sensação de um céu estrelado. Sempre amei as estrelas. Quando era mais pequena tinha vários livros sobre astronomia. Adorava passar horas a ler sobre os planetas, as estrelas, o universo. Sempre tive muita curiosidade sobre tudo e sempre precisei de respostas para as minhas questões. Ler sobre o universo ajudava-me a conectar-me comigo própria e entender o meu valor.

Com o passar dos anos, essa pequena obsessão acabou por dar lugar a outras, como o surf e a dança, mas o meu amor pelas estrelas não diminuiu.

Estou tão perdida nos meus pensamentos que só sinto Lucca quando ele já se encontra ao pé de mim. Coloca cada uma das suas mãos ao lado do meu corpo e pousa o queixo em cima das minhas pernas, olhando-me.

Aqueles lábios carnudos vão dar cabo da minha sanidade.

Fico subitamente arrepiada e ele passa o seu dedo indicador pela minha pele, absorvendo a reação que o meu corpo tem quando ele me toca. Depois, volta a deitar a cabeça nas minhas pernas. A mão que se encontrava na borda da piscina, vai para debaixo de água e toca-me no tornozelo enquanto vai continuando a traçar-me pequenos círculos na minha pele com a outra mão.