Capítulo 15

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Pov Bianca

Quando abro a porta, entrego à Duda uma bebida. 

Ela agradece e bebe um gole enquanto entra no apartamento.

Está vestindo jeans, sapatos de salto e uma elegante bata cinza sem manga com uma espécie de decote rendado. 

Droga. Ela está camuflada. Com base nessas roupas, é difícil dizer quais são as intenções dela.

Talvez eu esteja simplificando demais as coisas, mas, se ela estivesse usando um vestido preto curto e sapatos vermelhos com aqueles saltos enormes, eu teria muito menos dúvidas.

Por outro lado, eu estou usando jeans e camiseta preta, então não sei ao certo se as minhas roupas passam a ela a mensagem de que estou disponível para o que ela quiser.

Espero que sim. 

Ela balança no ar um pacote de ursos de gelatina. 

— Cem por cento natural e saudável — ela diz. 

— E as calorias? Conferiu as calorias? 

— Obviamente. Perdi várias calorias calculando as calorias. 

— Nem sei por que perguntei — respondo, rindo. Gostamos de fazer piada com o modo politicamente correto de comer. Fico feliz por constatar que pelo menos ainda posso brincar com ela. Baixando o tom de voz, ela se dirige a mim num sussurro conspiratório: 

— Sabe, tem uma coisa que eu não entendo: se já conseguiram até enviar o homem à lua, como não são capazes de remover as balas verdes do pacote? 

— Eis um dos grandes mistérios da vida.

— Eu fecho a porta e faço um gesto indicando a direção da sala. Duda então segue à minha frente e eu não consigo evitar: olho direto para a bunda dela enquanto ela caminha pelo piso de madeira até meu sofá. Ela me deu esse tipo de liberdade hoje à tarde, se não me engano.

— Junto com a existência de aspargos gigantes — ela diz sarcasticamente. 

— Eu nunca vou compreender a utilidade de vegetais gigantes. — Digo a ela com um tom de riso. 

Ela se acomoda em meu sofá bege. As portas de correr que levam à varanda estão abertas, deixando penetrar no ambiente um pouco desta noite quente de junho. Duda tira os sapatos e coloca os pés no sofá. 

Eu aponto o meu laptop. 

— E então, o que vai ser? Netflix? Comédia romântica? Filme de espionagem? Canal de esportes para ver as últimas do basquete? 

Ela rasga o pacote de doce e coloca na boca uma bala de urso amarela. A bala escorrega por entre seus lábios. 

Ursinho de sorte. 

— Que tal Castle? — ela sugere. — Vamos ver aquele episódio com o gângster irlandês. Sei exatamente a que episódio Duda se refere, pois nós já assistimos a quase todos os episódios juntas.

Frajola perambula pela sala, arregala os olhos e mia. Tenho certeza de que ele está me dedurando para Duda na linguagem felina, mas — novamente graças a Deus — ainda deve levar algum tempo para inventarem um programa que traduza a língua dos gatos.

Nós entramos na rotina que temos repetido ao longo dos anos. Ela está em uma ponta do sofá, afundada nas almofadas. Eu estou na outra ponta. E o laptop está na mesa de centro, transpondo o programa para a tela da televisão. Nós acabamos com metade do pacote de balas de gelatina, mas ela rejeita as verdes, que eu trato de devorar. Nós tomamos nossas margaritas e, a certa altura, enquanto assistimos ao episódio, ela coloca os pés sobre as minhas coxas. 

Para Sempre Minha Melhor Amiga - DuancaOnde histórias criam vida. Descubra agora