Pov BiancaEste Foi Um Dia Proveitoso Para Mim.
Em primeiro lugar, chequei o calendário e instituí o Dia do Martírio da Bimbim. Má-sorte desse tipo vem em dose tripla. Como já passa da meia-noite agora, acho que posso acreditar que o nível de ameaça tenha diminuído e já não seja tão preocupante.
Mas nunca se sabe.
Em segundo lugar, o inchaço resultante da pancada que levei é o maior galo que a humanidade já testemunhou; contudo, três horas de tratamento contínuo com gelo não apenas congelaram a minha têmpora, mas também reduziram o inchaço a quase nada. Só que a grande mancha roxa na lateral do meu rosto ainda vai me acompanhar por muito tempo.
Quando fui comprar ibuprofeno, o cara da farmácia me disse: "nossa, que belo roxo você conseguiu!".
E em terceiro lugar é justamente o ibuprofeno que está fazendo maravilhas por mim.
Mas o verdadeiro teste vem agora. O interfone está chamando perto da porta; sei que é a Duda, porque ela me enviou uma mensagem de texto dizendo que estava a caminho com algumas compras.
Eu me volto para o Frajola. Ele está dormindo profundamente na almofada do sofá, com a ponta da língua para fora da boca.
— Você pode atender?
Ele não responde, então eu me arrasto do sofá e vou até a porta.
Aperto o botão do interfone.
— Alô? É a enfermeira mais gostosa do mundo, a que eu pedi na agência de enfermeiras temporárias?
O som da risada dela chega a mim através do interfone.
— Sim, isso mesmo e estou aqui para lhe dar um banho de esponja - ela responde.
Aperto o botão do interfone que destrava o portão do prédio, então abro a porta do meu apartamento e espero Duda subir pelo barulhento elevador.
— Você é uma visão e tanto para estes pobres olhos feridos — eu digo quando ela sai do elevador e caminha até mim.
— Não me diga que machucou os olhos também — ela provoca.
— Não, só aqui — digo, esfregando de leve a têmpora.
Duda entra carregando várias sacolas, eu fecho a porta e volto para o sofá. Ela coloca as sacolas na mesa de centro e me observa.
Então ela levanta a mão e aproxima os dedos do meu ferimento, mas não o toca.
— Isso dói?
Faço que sim com a cabeça.
Ela se inclina e me dá um beijo na testa.
— Demais. Dói demais — eu choramingo na esperança de ganhar mais carinho.
Duda balança a cabeça e se afasta para olhar para mim.
— Fale sério. Como está se sentindo?
Abro a boca para falar, mas hesito: respondo a verdade — que estou bem — ou respondo para ganhar atenção? É a decisão mais rápida que já tomei na vida.
— Eu me sinto horrível — murmuro, e isso me garante mais um beijo. Duda se senta no sofá e une as palmas das mãos.
— Muito bem — ela diz.
— Eu trouxe a sua bebida favorita. — Duda retira da sacola uma garrafinha de uísque. Levanto as sobrancelhas em sinal de apreciação. — E também macarrão frio com gergelim, do seu restaurante chinês favorito. — ela apanha uma caixa de papelão branca e a segura no alto, exibindo-a com orgulho. Eu arregalo os olhos e esfrego as mãos. Mas ainda não terminou. Duda enfia a mão em outra sacola e retira dela algo embrulhado num papel branco grosso.
— Também temos sanduíches tostados, daqueles que você adora, da mercearia da esquina. Frango e provolone, sem maionese. Porque você odeia maionese. Esqueça tudo o que eu disse. O que eu quero é isto: ela aqui comigo, sabendo de todas essas coisas.
Seguro o rosto dela com as duas mãos.
— Eu quero tudo isso — digo a ela.
Ela me beija, mas seus beijos são vacilantes, há tensão em seus lábios.
— Ei, eu não vou quebrar — reclamo, separando-me dela.
— É que me sinto mal por tudo isso. Foi minha culpa. Eu te ataquei com a porta do armário.
— Ora, não foi intencional. — Faço silêncio por um instante. — Ou foi?
— De jeito nenhum — ela responde, balançando a cabeça numa negativa.
— Será que eu estou tão horrível agora que você nem suporta olhar pra mim?
— Ah, Bianca, tenha dó. Você está incrível, como sempre.
— O que é então?
— Eu estou me sentindo péssima por tê-la machucado. Quero que se sinta melhor. Foi por isso que comprei esse monte de delícias.
— Ela aponta as compras.
— E eu gostei disso.
— Acho melhor colocar um pouco mais de gelo aí — ela diz, e se dirige à cozinha para pegar uma bolsa fria no freezer. Quando volta, ela a encosta no local ferido e pressiona. Porém, eu afasto com gentileza a mão dela.
— Maria Eduarda, faz horas estou colocando gelo nisso. Se você colocar mais gelo aí, o galo vai acabar afundando cérebro adentro. Se isso acontecer, a minha vida estará realmente em perigo.
Ela faz uma expressão de desagrado, mas acaba cedendo e desiste de aplicar o gelo. Então, aponta o frasco de ibuprofeno.
— Precisa de mais?
— Não, agora não. Tomei dois às dez da noite e me fizeram sentir grogue até agora.
— Eu sinto muito, Bianca — Duda murmura constrangida, juntando as mãos e entrelaçando os dedos.
Eu volto a encostar a cabeça na almofada.
— Duda, o que faz você pensar que eu estou zangada porque você me deu uma pancada? Eu não me importo. Contanto que essa mancha pavorosa não faça você perder o interesse em mim, eu não estou nem aí — digo em voz alta e clara.
Ela apenas balança a cabeça para cima e para baixo.
Acaricio o pescoço dela com um dedo e volto a falar, dessa vez num tom de voz mais baixo:
— Então pare de ficar me mimando e me enchendo de cuidados. Eu não quero ibuprofeno, não quero gelo, não quero nem mesmo o macarrão com gergelim, que, aliás, é o meu segundo prato favorito. O primeiro são os sanduíches que você comprou.
— O que você quer?
Eu seguro a nuca dela e a puxo para mim. Seus lábios param a milímetros dos meus.
— Você — eu sussurro ao seu ouvido.
********
— É tão bom! — eu repito, embora esse adjetivo pareça insuficiente para definir a experiência que estamos vivendo.
— Tudo é bom quando você está comigo — Duda declara, e quando eu a envolvo num abraço apertado, ela se aninha a mim.
— Absolutamente tudo — eu digo.
Eu adoro cada detalhe da porcaria do universo, cada coisa, por mais insignificante que seja! E sou a canalha mais feliz do mundo, aqui e agora, nesta sala, com a mulher que eu amo!
Mas é isso! Sim, é esse o significado contido na sopa de letras. Eu quebrei a principal regra básica, a maior de todas!
Estou apaixonada pela minha melhor amiga.
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Para Sempre Minha Melhor Amiga - Duanca
RomanceBibi Tatto e Duda Kropf são melhores amigas de longa data, mas o que acontece se elas acabassem envolvidas de uma forma picante e divertida. Ou então, o que fazer quando a mentira começa a se tornar mais verdadeira do que ela têm? Essa Fanfic é uma...