When I Fall in Love | Rebecca & Rubião

Capítulo 9.

⚠️ALERTA DE GATILHO: O capítulo a seguir terá menção e descrição gráfica de violência física e sexual, caso não se sinta confortável em ler sobre esses assuntos, recomendamos que pule o capítulo e volte a ler a história no capítulo 10.⚠️

Rubião não conseguia se lembrar se alguma vez em sua vida havia sentido alguma emoção parecida com aquela. Não controlava mais seus movimentos, sua mente, seu coração. O mais puro medo o comandava por completo. Agia motivado pelo mais absoluto pavor. A ideia de que algo pudesse acontecer com Rebecca, de perdê-la para sempre, funcionava como uma mão invisível em volta de seu pescoço, enforcando-o lentamente, e o homem percebeu que estava com dificuldade para respirar enquanto cavalgava por suas terras em uma velocidade que só poderia ser descrita como insana, mas não conseguia pensar em reduzi-la.

Os homens que havia reunido para acompanhá-lo tinham dificuldade em manter o ritmo do duque que procurava freneticamente pelo paradeiro de sua noiva, mas nenhum deles ousava protestar. Estava visível para todos o quanto a senhorita Rebecca era importante para o duque, e ninguém queria se colocar como alvo da fúria do homem mais poderoso da região questionando tamanho desespero.

O único pensamento na mente de Rubião era que não podia perder Rebecca. Não agora que tinham acabado de se encontrar. Não quando tinham tantos planos para concretizar, tanta vida para viverem juntos. Não quando finalmente experimentava o que era o amor, no mais verdadeiro e pleno sentido da palavra.

Sentiu lágrimas de ódio acumularem-se em seus olhos e praguejou aos céus. Rebecca precisava estar bem. Nem o demônio protegeria o maldito do que o duque faria se algo de sério tivesse acontecido com ela.

E, então, ele ouviu.

Estacou como um predador ouvindo o som de uma presa muito desejada e se concentrou.

Era uma voz abafada, um pouco ao longe, mas era, inquestionavelmente, a voz de Rebecca. O grito vinha de algum lugar nos arredores, mas, ao mesmo tempo, parecia vir de todas as direções. Era o som mais aterrorizante que ele já tinha escutado em toda sua vida, transformando em gelo seu sangue, seu coração, sua alma.

Ficou parado no meio do caminho, com a coluna muito reta, a testa franzida em concentração enquanto tentava descobrir de onde vinha aquele som horripilante que era indesejado e, ao mesmo tempo, extremamente bem-vindo, pois era o que lhe permitia descobrir onde sua amada estava. Valdemar, o cavalariço demitido por Celina, que ainda residia na vila com sua esposa Darcy, aproximou-se e indicou a direção do cafezal em flor e, por esse motivo, deserto.

- Vem dali, senhor - disse o homem, um brutamontes dono de um coração de manteiga, com o rosto muito sério, e deu um tapa forte no ombro do duque com excessiva familiaridade - O senhor precisa manter a calma - aconselhou - Não deve ser fácil, mas a menina vai precisar que sua cabeça esteja no lugar.

Rubião virou o cavalo na direção da plantação, ignorando os conselhos do ex-funcionário, e, com dois toques de seus tornozelos nos flancos do animal, saiu em disparada até a parte mais alta do cafezal. Os gritos de sua mulher ficavam cada vez mais altos conforme ele se aproximava, com seu coração descompassado no peito, e uma única certeza rondava sua mente: ele iria matar Gaspar Azevedo.

Com as próprias mãos.

E sentiria o maior prazer fazendo isso.

***

Os sons de vários cavalos se aproximando foram suficientes para que Rebecca conseguisse reunir forças para continuar gritando por socorro. Gaspar, que continuava em cima dela, tinha desabotoado as calças e se concentrava em tocar seu corpo de uma maneira que fazia a menina ter vontade de vomitar. As mãos do guarda-livros eram como tentáculos, alcançando todos os lugares, e a boca parecia querer devorá-la, mordendo-a com força nos ombros, no pescoço, nos seios. O português usou o joelho para separar suas pernas e se posicionou no meio delas, subindo a saia de seu vestido até a cintura, usando uma mão para segurá-la pelo pescoço enquanto a outra ameaçava tocá-la em sua parte mais íntima, mas a futura baronesa não estava pronta para desistir, e mesmo com dificuldade para respirar, conseguiu soltar mais um grito, o que fez com que Gaspar a atingisse com uma bofetada no rosto.