When I Fall in Love | Rebecca & Rubião

Capítulo 12 (Parte 1).

O senhor Osvaldo limpou as mãos nas calças escuras, rindo de si mesmo diante das palmas suadas. Sentia-se como um menino sem qualquer experiência de vida, indo visitar a primeira namorada, e não um homem maduro, entrado em anos e viúvo. Observando a fachada imponente e impressionante da sede da Fazenda Éden, o fazendeiro enfiou a mão no bolso da casaca, sentindo a pequena caixa de couro que carregava consigo há alguns meses. Era um homem sozinho, principalmente depois do falecimento precoce de sua esposa, vítima de uma febre. Não tinham tido filhos, e havia amado tanto sua primeira mulher que nunca mais tinha se envolvido com outras...

... Até agora.

A senhora Nedda Xavier havia despertado nele um sentimento novo. Nem mesmo com sua senhora tinha sentido aquela necessidade de estar perto, de ouvir sua voz e tocar-lhe a pele. Os olhos doces e experientes da senhora Nedda pareciam queimar sua alma, como se quisessem descobrir todos os seus segredos para guardá-los consigo. Sabia que naturalmente lhe era esperado o casamento com uma moça mais jovem, capaz de lhe proporcionar os herdeiros que sua primeira esposa não pudera lhe dar, mas percebeu rapidamente que não se importava com tais expectativas quando estava ao lado da mulher loira de sorriso vibrante e palavras afetuosas.

A vontade de estar sempre ao lado dela, não se limitando a momentos roubados nos eventos oferecidos pelo vizinho, firmara sua decisão. Queria ter Nedda como sua companheira da velhice. Iria assumir Xavier como seu com orgulho, e a ele legaria todas as suas propriedades, se aquilo fizesse Nedda feliz. Sabia que ela havia amado profundamente o pai de seu filho, uma vez que ela mesma havia admitido aquilo em uma de suas muitas conversas, mas também sabia a dor que ela havia sentido ao perder o marido para a Guerra do Paraguai, e queria ser o responsável por amenizar aquela dor.

Além disso, sabia também por Nedda que o futuro enteado estava apaixonado e desejava casar-se, mas que ela temia que os pais da futura noiva do médico jamais o aceitassem como genro por não ter posses. O fato de Xavier ser seu herdeiro certamente tornaria tudo mais fácil para ele quando finalmente conseguisse pedir a mão de sua amada. Suas terras não eram tão prósperas quanto as do duque, nem tão extensas, mas anos de trabalho duro e honesto lhe haviam assegurado uma modesta fortuna que ele ficaria satisfeito em dividir com uma nova família. Tinha uma casa confortável, plantações fartas e algumas cabeças de gado e sabia que era abençoado.

Respirando fundo, aprumou os ombros e entrou na sede da Fazenda Eden. Sabia que o duque da Parnaíba havia voltado de sua temporada na capital e que estava recebendo a visita de Xavier — o rapaz era amigo de infância da protegida do senhor Rubião. Como único filho de Nedda, cabia a ele dar a Osvaldo a autorização para desposá-la.

Bateu na porta educadamente e esperou que uma das criadas a abrisse. A negra o fez rapidamente e o conduziu até a sala de estar, onde o duque, a senhorita Rebecca, a senhorita Branca Farto e Xavier estavam reunidos. A filha do casal Farto estava calada, com uma expressão carrancuda, e falava em voz baixa com a protegida do duque, que fingia ignorá-la. Parado na entrada do aposento, ele aguardou enquanto a negra o anunciava.

– O sinhô Osvaldo, sinhô duque!

Osvaldo estava preparado para ser recebido pela senhorita Rebecca com indiferença e silêncio, como tinha acontecido nas últimas vezes que viera à Fazenda Éden — não entendia a mudança repentina no comportamento da menina doce e alegre que ele havia visto crescer, mas tentava não pensar muito sobre isso... Ela era importante para Nedda, afinal de contas —, de modo que o caloroso sorriso da jovem e a mesura educada com a qual ela o cumprimentou o pegou de surpresa.

– Senhor Osvaldo! Bons dias! Sente-se, por favor – A moça dirigiu-se à criada que ainda esperava de pé junto à porta – Josefa, por favor, traga um copo para que o senhor Osvaldo tome um pouco de laranjada conosco.