Capítulo 10 (parte 1).

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AVISO DAS AUTORAS: Olá, pessoal! Como esse capítulo ficou muito grande, achamos melhor dividi-lo em duas partes! Esperamos que gostem...


O chamado de Chicão para que comparecesse à fazenda foi uma surpresa para Murilo. Depois de ter sido praticamente expulso das terras pelo duque, já tinha até desistido de encontrar uma nova vaga na região e começado a se preparar para embarcar rumo a capital; afinal, não queria ser um estorvo para seu irmão, cuja esposa, Bianca, estava para dar à luz a qualquer momento, fazendo de sua presença na casa pequena do casal um incômodo que precisava ser remediado.

Quando Márcio escreveu lhe informando sobre a vaga de cavalariço na fazenda Éden, Murilo tinha visto o emprego como uma oportunidade de mudar de vida e finalmente, sair da casa de seus pais nas Minas Gerais. Não poderia voltar para casa com uma mão na frente e outra atrás — não depois de sua mãe ter informado a todos os habitantes de sua vila que seu filho agora era empregado pelo duque de Parnaíba, amigo íntimo do imperador. Era o orgulho da vida de dona Pia ter os dois filhos trabalhando para um homem tão importante, e a última coisa que Murilo queria era trazer vergonha à mãe.

Tentou sufocar uma ponta de esperança que insistia em sobreviver, de que o duque tivesse pensado melhor e decidido aceitá-lo como noivo de Rebecca, mas era quase impossível. Não conseguia deixar de pensar na jovem linda e delicada que vivia na fazenda e na angústia em seus olhos escuros quando ela falava sobre seu casamento com o senhor Osvaldo. Mesmo que Murilo não tivesse posses como o vizinho do duque, não seria possível que o senhor Rubião, um homem tão generoso pelo que Márcio e todos os outros moradores e funcionários da fazenda diziam, não pensasse que seria melhor casar sua protegida com um homem por quem Rebecca pudesse se apaixonar, em vez de um senhor entrado em anos, por quem, segundo a própria futura baronesa, ela jamais se apaixonaria.

Assim, devido à própria ansiedade, foi impossível Murilo esperar muito mais tempo. Quando os primeiros raios de sol começaram a despontar no céu, antes mesmo do galo cantar, dirigiu-se à Fazenda Éden e foi tomado por uma sensação de estranheza ao encontrar o local já com grande movimentação. Entrou na casa-grande pela cozinha e se deparou com Deusa às voltas com a montagem de um generoso farnel, enquanto Chicão se encontrava à mesa, tomando uma xícara de café com uma larga fatia do já famoso pão de milho da cozinheira com manteiga de garrafa.

– Bons dias – cumprimentou, educadamente, recebendo um olhar surpreso de Deusa e um sorriso contido do capataz como resposta.

– Bons dias, Murilo. Chegou cedo. Sente-se – convidou Chicão – Já tomou café?

– Sim, senhor – respondeu o rapaz, disfarçando a vontade de esticar os olhos para a área principal da casa na esperança de ver Rebecca – O senhor me disse para vir cedo, afinal de contas.

– É verdade – Chicão assentiu com a cabeça e tomou um último gole de café antes de levantar-se da mesa – Pode me acompanhar até o escritório do duque? Seu dinheiro está lá, assim como a carta de recomendação.

Murilo, disfarçando a esperança que sentiu diante da oportunidade de poder ver Rebecca ainda que rapidamente, aguardou que o capataz se dirigisse até a porta que unia a cozinha ao resto da casa e o seguiu em silêncio, tentando não se sentir intimidado pelo luxo do local. Dizia a si mesmo que, apesar de tanto conforto, Rebecca não tinha sido feliz ali e continuava não sendo e—

Os pensamentos morreram em sua cabeça quando passou pela escadaria que levava aos quartos. Rebecca, usando um lindo vestido cor de rosa e os cabelos presos numa trança elaborada, descia de braço dado e conversava alegremente com o duque, que sorria levemente do que ela dizia e olhava para ela como se...

When I Fall in Love | Rebecca & RubiãoOnde histórias criam vida. Descubra agora