Bad Girl || F1 - Carlos Sainz

Prólogo

O homem sai do carro de corrida retirando o capacete com certa impaciência, entregava o item de segurança para o primeiro mecânico que avistava pela frente, enquanto andava de forma decidida até o seu destino. Abriu a porta do box violentamente.

A fúria no olhar era tanta, que mesmo as poucas pessoas que ocupavam o paddock, abriam caminho da mesma forma como se ele tivesse dado uma de Moisés e aberto o Mar Vermelho. Mas a única coisa vermelha ali, era o olhar de puro ódio que combinava perfeitamente com o seu macacão.

Todos olhavam curiosos, para saber quem conseguiu irritar o homem daquela forma, tinha conseguido atiçar a parte espanhola do seu sangue, que o lado inglês domava muito bem.

Os cabelo negros balançavam enquanto ele marchava fortemente, eram 1,78 de pura fúria. E logo a porta do boxe número 3 da equipe Fast Force era aberta violentamente e ele entrava esbravejando:

- Quero saber quem foi o irresponsável que deixou o piloto de teste fazer uma merda daquele tamanho. - Apontou para a tela que exibia imagens do carro azul noite e amarelo rasgando a pista.

- Em minha defesa, não fui eu!

O rapaz bem jovem, de olhos verdes e bem humorados, ergue a mão de forma dramática, permanecendo sentado sobre a bancada que estava, ao lado de um torno mecânico, comendo sua maçã placidamente, diante de olhar confuso do piloto bicampeão mundial, que se vira para um homem mais velho que observava atentamente o monitor da telemetria como se não tivesse acontecendo aquele alvoroço no box da sua equipe.

- Quem é o filho da puta que está ali, naquele carro, e que fez a irresponsabilidade de me dar uma trancada? O Japonês sei que não seria, o cara é sensato!

O ruído alto do motor se aproxima abafando o final da frase, e logo um carro para do lado de fora do box no pitlane.

- Está falando dela? - O Engenheiro Chefe da equipe, aponta para a pessoa que sai do carro logo tirando o capacete e a balaclava, exibindo os cabelos loiros.

- Como ela pode estar aqui hoje? - O piloto perguntava em toda sua irritação enquanto olhava para a mulher que caminhava até o homem mais velho que tirava o boné e coçava os cabelos brancos.

- E aí, Frank? O que achou? - Pergunta a moça de forma empolgada, sem ligar para a confusão que acontecia atrás de si.

- Ela veio treinar - Responde o Engenheiro como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, se segurando para que seus dentes brancos não surgissem no seu rosto de ébano. O homem alto e de porte atlético, se segurava para manter a compostura com a ajuda dos braços cruzados.

- Dá pra melhorar, mas hoje você estava mais para sentir o carro, ver como ele se sai, então está dentro do esperado, só uns ajustes que o Karl viu que tem que fazer, não é Karl?

- Sim, Frank! Rapazes, já podem colocar a belezinha em cima dos cavaletes. - O Engenheiro ordena, não dando mais atenção ao piloto, o deixando mais irritado.

- Vocês não vêem a irresponsabilidade que estão fazendo? Como podem deixar ela entrar na pista depois de ontem? - O homem esbraveja como se apontasse a coisa mais óbvia do mundo.

A loira passa por ele, sentando na bancada ao lado do piloto de teste, roubando a maçã do rapaz e dando uma mordida nela.

- Ridículo isso! - O piloto de testes reclama apontando pra maçã.

- É isso que estou tentando apontar aqui, o quanto isso é ridículo e essa mulher é louca! - O homem retruca, alheio ao fato que o rapaz reclamava de outra coisa.

- Por que todo homem tem que usar o fator loucura como argumento para deslegitimar uma mulher? - Ela pergunta olhando para o mais jovem. - Será que é insegurança masculina?

- Acho que ele está chateado mesmo, precisava ver como ele entrou aqui. - O rapaz fala calmamente, como se contasse uma fofoca para a moça.

- Ninguém ouviu a conversa do Paddock? Ela estava na farra ontem? - Aponta para a mulher como se demonstrasse uma situação.

- Isso foi por que não te convidei? Mas eu não convidei ninguém. - Ela volta a dar atenção para o homem e depois morde a maçã.

- Não convidou mesmo. - Complementa o mais novo com falso ressentimento.

- Ah! Vai que eu fique de ressaca, você tinha que estar inteiro. Se bem que o Frank me mataria se eu não aparecesse hoje. - A mulher continua conversando com o rapaz, ignorando o inglês.

- Você me deu uma fechada na chicane, sua maluca! - O Inglês esbraveja cheio de sotaque.

- Não entendi uma coisa, qual é a relação de ontem a noite com a fechada? - Ela olha para o homem confusa.

- A curva é de baixa velocidade, já operamos ali no mínimo, trancar alguém ali tem alto risco de acidente, uma freada errada e foi-se alguma parte da frente do carro, nesse caso seria o carro dele. - Karl intervém utilizando seu conhecimento técnico.

- Ainda mais se estiver com o reflexo comprometido por causa da alta ingestão de álcool, que foi o que aconteceu na festa de ontem. - O homem apontou com satisfação, já que alguém tinha entendido sua preocupação.

- Ahhhhhh! É isso? Relax, Will, não é esse seu nome?...Pode falar com o Departamento Médico, eles me examinaram mais cedo, por isso eu só fui liberada para os testes na parte da tarde. Você acha mesmo que o Frank ia me deixar levar a belezinha dele para a pista se tivesse algum risco.

- Já disse que a belezinha é do Karl! - Corrige Frank sem tirar os olhos do monitor.

- Isso mesmo, minha belezinha! - Fala o Engenheiro todo empolgado.

A moça joga o pouquíssimo que sobrou da maçã no lixo e caminhou até a porta de saída calmamente, não se abalando.

- Fraser, a Alexandra tem razão, eu verifiquei tudo antes de ela entrar na pista, quanto aos reflexos, ela está muito bem, tanto que ela trancou a porta e você não bateu nela. - Frank concorda com a pupila que estende a mão para o senhor dizendo em silêncio gesticulando só a boca: "ouviu só?".

- Acha que essa é a melhor forma de começar seu primeiro dia da sua primeira temporada por aqui? - O homem se pergunta colocando a mão na cintura, ainda indignado.

- Sabia que eu me pergunto a mesma coisa? - Ela dá as costas e sai calmamente pela porta, deixando o box para trás.

NOTA DA AUTORA:

Uma nova história começando, como cada capítulo é inspirado em uma música, por que acho que daria um ótimo ritmo a narrativa, não perca a playlist que tem lá no Spotify: https://goo.gl/o8UCa1

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OBSERVAÇÃO: A história foi revisada e algumas partes foram reescritas nessa nova versão, adequando a história para a visão que a autora tem agora.

Beijinhos!