Bad Girl || F1 - Carlos Sainz

16. Don't Speak

"Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama."

William Shakespeare

***

Mesmo assistindo ela se aproximar da mesa segurando os braços dele, minha mente ainda estava presa na informação "namorado", em que momento aquela merda toda aconteceu?

Parecia que estava vivendo em um universo paralelo, só pode. Enquanto Alexandra se aproximava, ainda pude ouvir Gaillard falar baixinho com a voz carregada de veneno e maldade:

- Agora já sabemos como a vadia Texana conseguiu chegar onde chegou.

Minha cabeça vira para ele como um chicote, olhando pra ele com ar de descrença, olho para ela sem entender nada. Ao meu lado, Maggie comenta maravilhada.

- Ela está linda! Quem diria que formaria um belo casal com o Senhor Townsend.

Me viro surpreso para a moça loira ao meu lado, que vibrava em sua ingenuidade. Sim, o pai dela, Damon Landt, proprietário da Red Horse, havia pedido para ela ser minha acompanhante no baile do Principe de Mônaco, pois seria muito deselegante chegar desacompanhado neste baile, ainda mais sendo um dos homenageados. Já o Gaillard tinha ido com uma das modelos que ele arruma por ai, que nem estava na mesa por que devia estar dando em cima de algum velho rico.

Respiro fundo, meu espirito inglês deveria ser mais forte do que meu sangue latino, mas estava naquele limbo, aqueles malditos passos do luto. Primeiro passei a semana toda em pura negação, achando que ela havia se afastado por algum motivo, tentando despistar a equipe, eu estava ali, esperando algum sinal do plano dela, algo do tipo.

Mas agora, algo dentro de mim dizia que estava indo para o lado da raiva, para o lado da revolta, e eu precisava muito conter meu sangue espanhol para que a explosão não fosse tão intensa quanto o esperava. Então assumo a expressão de pura frieza. Cumprimento os dois de forma educada, apresentando Maggie para eles, e não vou mentir que sentir uma pequena pontada de prazer ao ver a expressão de surpresa no rosto de Alexandra, que tentou oculta-la o máximo possível, assim como o incomodo ao me cumprimentar, era a desvantagem de ser tão transparente. Diferente de mim que conseguia manter a frieza e a melhor poker face.

Minha acompanhante eram velhos conhecidos das rodas da alta sociedade por trás da Formula 1, eu apenas ouvia a conversa deles em silêncio, mas na verdade estava administrando as várias camadas que William Fraser pode esconder. Parecia que assistia o mundo de fora, um expectador de tudo que acontecia a minha volta, como um belo teatro que se desenrolava de forma patética.

Até que o mestre de cerimonias anuncia que a orquestra presente tocará a Valsa do Anoitecer de Monaco, uma tradição do baile, onde os campeões junto com o príncipe e a princesa dançarão. Sim, meu cérebro pensou: "Ah merda!". Tinha esquecido desta parte.

Logo a música começa a tocar, o Príncipe começa a dançar com a Princesa no meio da pista de dança. Uma das organizadoras do evento, vem até nós sussurrando que era nossa parte. Assim os três primeiros lugares com seus acompanhantes, assumem a pista e começam a dançar a valsa seguindo os moldes dos anfitriões.

Até isso aquele idiota do Townsend sabia fazer bem, mas também, sempre esteve neste tipo de festas, era óbvio que deveria saber. Seguia rodopiando pelo salão tendo uma Maggie sorridente, totalmente alheia aos conflitos que se davam a sua volta, aos olhares evitados, a ira controlada por mãos fortes, a intensidade da força tarefa que era manter tudo muito contido sobre uma forte e intensa camada.