12. Wildest Dreams

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Descemos do helicóptero em uma espécie de heliponto improvisado, voamos sobre oceanos de uma enormidade de tons de azul. Tínhamos passado a noite toda atravessando meio mundo, saindo de Miami com destino a Atenas. Quando pousamos, o dia mal havia amanhecido, e ali mesmo no aeroporto trocamos para o helicóptero. Nos mantínhamos bem discretos, não queríamos dar margem para nada, no carro havíamos combinado isso, pois encontraríamos muitas pessoas no caminho, e mesmo sendo uma norma ética para todos os funcionários manter a discrição, achamos melhor não arriscar. Afinal, quanto não valeria qualquer material que exporia o conflito de interesses do século?

Poderíamos estar quebrando até uma norma contratual e não sabíamos, ou talvez nem tenha até aquela regra, já que ela nunca foi necessária, nunca precisaram se preocupar com pilotos de equipe rivais tendo um envolvimento...que ainda não sabemos como descrever...fora das pistas.

Durante o percurso todo tivemos sorrisos, troca de olhares, as vezes um resvalar de mão, no jato sentamos a uma certa distância, mas as vezes as pernas se tocavam, já no helicóptero, aproveitamos que estávamos lado à lado para brincar com as mãos um do outro. Era estranho estar ali daquela forma com William. Ele sempre tão sério, focado e determinado. Eu tão rebelde, respondona e bruta. Estávamos calmos, sorrindo como bobos e com uma aura leve. Era como se ali existissem duas novas pessoas.

Atravessamos a rajada de vento das pás da aeronave de cabeça baixa, Willian com a mão na base da minha costa me guiando, assim que saímos daquele caos barulhento e as malas pequenas foram retiradas, o helicóptero decolou de novo emergindo tudo em um universo de ruídos marítimos: aves, vento e ondas.

Era uma casa não tão grande e luxuosa como se esperaria de dois pilotos de Formula 1. Tinha o tamanho exato e o conforto na medida certa para nós dois. Enquanto William cuidava dos tramites para receber a casa, eu ia desbrava-la, logo entre na suíte master que ficava no segundo andar, abri as portas de várias folhas que ao correr para o lado liberavam um imenso vão livre para o mar. Era como se o mar azul invadisse todo o ambiente, dando suporte para a bela banheira de hidromassagem que aguardava na varanda.

Era um paraíso idílico, um convite para nunca mais sair dali. Braços me envolveram por trás, e uma memória veio em minha mente, o cheiro do suor, a respiração de quem acabou de correr para me alcançar e um "Não vá" dito baixinho, cheio de urgência e em tom de conselho, próximo do meu ouvido, foi a primeira vez que estivemos próximo, quando me impediu de acabar com a raça do Gaillard. Agora ele estava ali, abraçado, em silêncio.

Meu 1,60 ao lado do 1,78 dele, ficavam bem visíveis, ainda mais com os dois descalços. Sim, antes de entrar na casa, tiramos os sapatos, para nos sentir um pouco mais livres da pressão do mundo lá fora. Não foi algo combinado, aconteceu de forma natural, assim como esse abraço.

- É tão calmo aqui. - Ele fala calmamente com sua voz rouca.

Era engraçado o sotaque de William, ele tinha aquele toque forte e empolado do Inglês Britânico, mas em alguns momentos, alguns acentos, entregavam o forte laço com a terra de sua mãe, o sangue espanhol que corria por suas veias. Abri um sorriso calmo também.

- Como achou esse lugar? - Pergunto curiosa.

- Segredo de família. - Ele dá uma risada.

Me viro para encara-lo, pois precisava ver aquilo, Willian Fraser rindo. Parecia muito louco, mas precisava ver. Precisei ir até uma ilha da Grécia para ver este lado mais leve dele. E assim que nos encaramos, tudo que estava represado, se soltou de uma vez, os lábios se encontraram em  um choque, era um beijo intenso, urgente, cheio de desejo, paixão, era quente. Podia ver que o sangue espanhol não estava apenas no toque diferente de seu sotaque, mas também em outros aspectos.

As roupas foram se desfazendo pelo caminho até a cama e logo estávamos entregues um ao outro, gemendo, suor se misturando, muito desejo e vontade. Parecíamos um só e éramos um só, misturados, entregues. Até que sucumbimos exaustos ao cansaço vindo após ao êxtase. Toda aquela tensão sexual, aquele desejo, havia sido o combustível para aquele encontro intenso.

E foi o combustível para muitos outros encontros. Pois aqueles dias naquele pedacinho de paraíso serviu para que nos conhecêssemos mais, mas também foi uma loucura como nunca tinha vivido. As vezes um olhar, um toque, transformava-se em uma sessão de gemidos e orgasmo em qualquer lugar. No mar, na piscina, na hidromassagem, na cozinha. Foram tantas vezes, de tantas formas, que não imaginava que o inglês frio poderia ser um amante tão quente e cheio de desejo.

Ao longo daqueles dias, perdi as contas de quantas vezes era agarrada por ele e meu vestido leve e floral ia parar em algum lugar. Em alguns dias, eu nem usava lingerie, pois as coisas foram tão quente, que era contraproducente ter alguma barreira que nos atrapalhasse a uma de tantas investidas.

Ali estávamos, deitados na cama, apenas com o lençol misturado aos nossos corpos, uma massa suada. Olhava para ele com curiosidade, brincando com os pêlos do peito, enquanto ele me encarava com os olhos castanhos profundos. Eu aprendi que quando tocava no assunto tenso, os olhos dele ficavam escuros como chocolate, quando estava feliz, ficavam claros como caramelo. E aqueles olhos passaram a conversar com os meus, naqueles dias descobrimos isso, era uma conversa muda e silenciosa.

- Vamos conseguir nos organizar. - Ele fala calmamente.

- Sabe que isso é uma loucura. - Falo para ele preocupada.

- Nem me fale, isso nos ferra em um nível enorme se alguém nos descobrir. Como convencer aos outros que não estou te contando segredos, ou que você está me favorecendo. - O rapaz suspira pesadamente.

- Meu currículo de confusões não levaria as pessoas a se surpreenderem, mas você é o senhor certinho, aquele que anda na regra, que não leva punição. Eu sou aquela que fala milhares de palavrões no rádio. Ainda é capaz de dizerem que eu estraguei o senhor certinho. Quando mau eles sabem que o pervertido aqui é ele.

Ele dá uma risada e me puxa em direção ao seu corpo.

- Você me deixou assim, culpa sua. Eva da Formula 1.

Damos uma gargalhada com aquele apelido, era muito maluco, aqueles dias eram muito surreais, era uma espécie de universo paralelo, uma realidade alternativa, onde eu e o William nos conhecemos de novo, como pessoas diferentes. As vezes nem eu me reconhecia e muito menos reconhecia ele.

- Deus mulher, você vive pronta! - Ele sussurrou no meu ouvindo, enquanto tocava minha intimidade de forma deliciosa, mordendo a ponta da minha orelha.

- Você vive me deixando pronta! - Respondo cheia de desejo.

- Então vou poder estar dentro de você sempre que eu quiser? - Continua perguntando todo provocador no meu ouvido.

- Sim. - Respondi toda derretida.

- Como agora. - Ele falou enquanto era invadida rapidamente.

Um gemido longo e cheio de prazer veio em resposta, e logo estávamos ali, mais uma vez, esquecendo o mundo e nos entregando um para o outro.

***

NOTA DA AUTORA:

Eeeeeeeita! Pega fogo, meus amigos!!! Segura esse casal!!!

Essa história e outra que estou escrevendo "It's My World" tem me ajudado a atravessar um período meio caótico da minha vida. Por isso são histórias escritas com muito carinho, com cada detalhe escolhido e pesquisado com todo cuidado.

Já sabem que só vou revisar lá no final, por que se revisar agora, eu corto metade da história.

Cada capítulo é inspirado em uma música, por que acho que daria um ótimo ritmo a narrativa, não perca a playlist que tem lá no Spotify: https://goo.gl/o8UCa1

Beijinhos!


Bad Girl || F1 - Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora