Capítulo 4

2 0 0
                                    

Pov. Natasha

Depois da primeira entrevista e da minha pequena discussão com Steve eu tentava me manter o meia distante possível, apenas falando com ele quando necessário.

Ontem havíamos embarcado para Áustria, onde iria ocorrer a primeira corrida do campeonato, assim que chegamos, fomos junto com Steve para a corrida de classificação. Ele estava focado em conseguir a pole position, já que largando em primeiro na corrida o daria alguns segundos de vantagem. Havia apenas um único problema, pista molhada.

Estava garoando quando chegamos, mas pelo tanto que a pista estava molhada provavelmente houve uma tempestade na noite anterior. Por esse motivo, todos os carros foram equipados com pneus de chuva.

Enquanto eu anotava algumas coisas para a matéria, vi Steve sentando do banco, enquanto arrumavam seu carro. Seu olhar parecia distante e por alguma razão meu instinto foi me aproximar e me sentar ao seu lado.

Nat – nervoso por hoje.

Steve – preciso da pole.

Nat – pelo que eu vi dos seus treinos é muito provável que você conquiste.

Steve – e o que você entende de corrida?!

Para responder isso eu podia falar a verdade, mas preferi ficar em silêncio.

Steve – me desculpe, eu não queria ter sido grosseiro. Estou muito nervoso com esse campeonato.

Nat – Se não for problema eu te perguntar, queria saber porque é tão importante ganhar esse campeonato?

Steve – isso fica fora da matéria?

Acenei com a cabeça que sim.

Steve – meu pai morreu a alguns anos e o sonho dele era me ver ganhando um campeonato, eu fiz uma promessa a ele, que quando eu entrasse em uma equipe que me fornecesse essa possibilidade eu ganharia, por ele. Além disso, esse é o ano de tributo a um piloto que faleceu por conta de um acidente, não o conhecia muito bem, mas uma vez ele me disse "corra o quanto puder, mas não se esqueça de desacelerar de vez em quando", isso foi logo depois que meu pai morreu e é uma das coisas que nunca mais me fez desistir.

Achei que meu coração fosse sair pela boca, Clint sempre dizia aquela frase, principalmente quando eu estava enterrada no trabalho. Comecei a ficar ansiosa, o que chamou a atenção de Steve.

Steve – você está bem?

Nat – estou sim, só um pouco de dor de cabeça, vou ficar na galeria.

Steve – ok.

Nat – boa sorte Steve e tome cuidado.

Steve – eu vou, obrigado.

...

Antes de subir para a galeria passei no banheiro e lavei o rosto na intenção de me acalmar. Por um momento olhando no espelho percebi o quanto esse fantasma me assombrava, mesmo depois de quase cinco anos.

Me recompus e segui para a galeria onde estavam Morgan, Dodger e a mãe do Steve.

Lisa – oi Natasha. Falou alegremente ao me ver.

Nat – oi, se importa se eu ficar aqui?

Lisa – de modo algum, assim tenho alguém com quem conversar.

Morgan - vovó o tio Steve ta entrando no carro.

Nos aproximamos da janela da galeria de onde tínhamos uma visão ampla da pista.

Assim que Steve ligou o carro, o barulho era como facas nos meus ouvidos. E logo isso se ampliou com o barulho dos outros carros.

A corrida se iniciou e Steve estava indo muito bem. Lisa me chamou para eu me sentar com ela.

Nat – eu percebi que a Morgan te chama de vó, vocês são parentes?

Lisa - não de sangue. Eu era melhor amiga da mãe da Pepper e quando ela morreu eu passei a ficar mais próxima a família, o que se fortaleceu quando meu marido veio a falecer. Tony sempre foi como o irmão mais velho para o Steve e quando Morgan nasceu, ele decidiu que iria parar de pilotar e recomendou o Steve para substituí-lo, então enquanto os dois iam para as corridas eu ficava com a Pepper e com a Morgan, então para mim ela é como minha netinha.

Nat – isso é muito lindo. E eu sinto muito por suas perdas.

Lisa – obrigada.

Nat – posso te perguntar algo?

Lisa – o que quiser.

Nat - não sente medo quando Steve está correndo?

Lisa – sempre me preocupo, é inevitável, porém saber que ela está fazendo o que ama, me dá um certo alívio.

Nat – entendi.

Lisa – posso te perguntar algo agora?

Nat – sim.

Lisa – porque vejo tanto medo nos seus olhos? É pelo seu irmão?

Nat – como?

Lisa – Tony me disse que você tem um irmão que pilota, Thomas, não é?

Nat – Sim, tenho. Eu já perdi meus pais e um irmão, não suportaria perder outro. E toda vez que meu telefone toca, meu coração acelera de medo se ter acontecido algo com ele.

Lisa – querida eu sinto muito pelas suas perdas e entendo que não deve ser nada fácil essa situação. Não sei se esse é o caso do seu irmão, mas quando o pai do Steve morreu, foi a corrida que não deixou ele se afogar nas próprias mágoas, ela deu um propósito para a vida dele. Talvez para seu irmão possa ser a forma que ele encontrou de viver.

Nat – acho que sim.

Lisa - então acalme seu coração querida e fique do lado dele o máximo que puder, tenho certeza que ele adoraria ter a irmã ao seu lado.

Nat – vou tentar.

Lisa – e sempre que precisar conversar, estarei aqui.

Nat – obrigada Lisa.

RunOnde histórias criam vida. Descubra agora