Você acredita no amor? Segundo os gregos, o amor é um sentimento dos seres imperfeitos, visto que o amor deve levar o homem o mais próximo da perfeição, por esta razão, trata-se de um sentimento profundo direto do coração. Por vezes, o amor pode causar dor, isso é certo, quando isso acontece o melhor remédio é não desistir e continuar amando e sentindo. Segundo os mais renomados psicólogos, existem duas classificações para aquilo que determinamos como amor: existe o "amor apaixonado", aqueles que pensamos como romântico, envolvendo desejo e atração; existem também o "amor apego", conhecido como compassivo e que passa entre pais e filhos. O que muitos não sabem é que certamente podemos amar pessoas de várias maneiras e muitas vezes fazemos isso.
Quando era criança, minha maior fonte de inspiração e amor era minha melhor amiga, Valentina, a garota de olhos verdes que transformava meus dias acinzentados em momentos alegres e de felicidade. Como a conheci? Minha família era composta por grandes e conhecidos advogados, toda nossa arvore genealógica seguiu essa importante tradição e cravou seu nome em todo e qualquer sinônimo de sucesso em seus casos. Todos em Miami conheciam a família Castelli através de seu renome e hombridade, mas quando novos profissionais surgiram neste território, muitos acharam que este cartão de visitas seria corrompido pela disputa e ganância de mercado. Que tolos. Em um jantar beneficente oferecido pelo conselho de Direito de Miami, meus pais, assim como todos nós, conhecemos os Sartori; advogados de grande estima e fortuna vindos da Itália para se estabelecerem em minha cidade natal. Foi neste jantar que conheci a pessoa que mudaria minha vida.
Meu pai, Augusto, rapidamente ficou amigo e próximo de Marcos Sartori e em meio as inúmeras conversas encontraram tudo aquilo que tinha em comum: justiça. Talvez pelo fator de que nossas famílias presavam pela conservação e caminho no Direito, seus ideais se alinharam rapidamente com seus propósitos, algo que ocorreu também com minha mãe Sônia e a matriarca da nova e surpreendente família de advogados, Catarina. Lembro-me de nossos pais apresentarem cada um de seus herdeiros e transmitirem seus orgulhosos sorrisos a cada apresentação.
A primeira a ser apresentada naquela noite foi Carolina, ou simplesmente "Carol", minha irmã mais velha por apenas 02 anos de diferença, animada e falante, destacava-se em qualquer cenário ou com qualquer pessoa. Em seguida, apesar de minha timidez, fui apresentada ao simpático casal acompanhada a minha irmã caçula, Sara, ainda bebê de colo. Catarina, a matriarca loira e imponente, apresentou o casal de gêmeos que tinham minha idade; o menino de cabelos castanhos escuros e olhos de mesma tonalidade conhecido como Igor e, a garota de cabelos castanhos com uma tonalidade um pouco mais clara e acobreada comparada ao irmão, Valentina, que me deixou intrigada pela cor de seus belos olhos. Verdes, como a cor dos córregos de Veneza. A partir daquele instante, os filósofos e psicólogos poderiam definir aquele momento como um dos estágios do amor: Storge, amor partilhado entre membros da família ou amigos de infância, reforçado através da familiaridade. Quando o meu olhar cruzou com o de Valentina, tinha certeza que minha vida jamais seria a mesma novamente. Realmente, nunca foi.
Minha infância foi repleta de felicidade e descobertas junto de meus irmãos e os Sartori, todo final de semanas nos reuníamos na fazenda de nossos amigos e aproveitávamos os imensos campos floridos para caminharmos e criarmos nossos mundos imaginários. Árvores tornavam-se imensas torres de castelos, quaisquer gravetos viravam espadas e as flores eram vistas como as donzelas que precisavam ser resgatadas. Enquanto Igor era o valente e nobre príncipe, defensor do povo e dos valores da justiça, sua irmã sempre tentava seguir para uma curva ou enredo errado; Valentina adorava fantasiar com piratas e navios, corria sempre em direção ao lago que cruzava a propriedade e recitava poemas ligados ao mar. Podia ficar horas brincando sozinha com uma bandana amarrada em sua cabeça e uma imaginária espada em suas mãos, às vezes interrompia nossa brincadeira e me puxava pela mão, dizendo que tinha conquistado seu maior tesouro: o meu coração. No colégio, era uma espécie de líder junto de seu irmão nos esportes, extremamente competitiva e envolvente, achava divertido observá-la toda vermelha chutando uma bola, em contraste com a pilha de livros que devorava observando cada uma de suas jogadas. Conforme o tempo passava, descobri com ela um novo tipo de amor: Philia, um amor que se desenvolve de uma amizade profunda e duradoura. Duradoura...foi na adolescência que consegui enxergar a verdadeira Valentina, mesmo que tenha ocorrido da forma errada.

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Never Be The Same - Valu
FanfictionVocê acredita no amor? Segundo os gregos, o amor é um sentimento dos seres imperfeitos, visto que o amor deve levar o homem o mais próximo da perfeição, por esta razão, trata-se de um sentimento profundo direto do coração. A vida de Luiza e Valenti...