Never Be The Same - Valu

Capítulo 1

Boa leitura!

Despertador. Quando ouvi seu som ecoar em meu quarto, meu cérebro logo alertou que chegou a hora de sair do mundo dos sonhos e encarar as batalhas rotineiras do dia a dia. A Luiza adolescente estaria colocando as cobertas sob a cabeça e desejando que o objeto evaporasse, levando consigo aquele barulho irritante. Provavelmente, iria esperar sua irmã Sara entrar no quarto e pular em seu corpo, em seguida, seguiria rumo ao colégio com seus amigos. Agora na fase adulta, desligo o despertador e começo a recordar quais são os planos para esta manhã e meus itinerários. Olho para o lado esquerdo da cama e novamente, encontro o leito vazio e intacto.

Como parte do meu ritual matinal, decido tomar meu banho e em seguida, realizar minha maquiagem, cabelo e escolher qual roupa usaria no dia de hoje, opto por uma calça social preta e uma camisa branca de mangas curtas, além de minha inseparável bota preta totalmente discreta. Com o fim do meu ritual matinal, sigo para o quarto onde se encontra a pessoa que mais amo em todo mundo, meu garoto e inseparável companheiro. Chego em sua porta e abro bem devagar, observando o movimento de seu corpinho subindo e descendo com sua respiração.

Nunca me imaginei como mãe, sempre imaginava meu futuro profissional e quais seriam minhas conquistas no mercado de trabalho e até mesmo minhas aquisições materiais. Graças ao meu esforço e trabalho, consegui conquistar muito mais daquilo que sonhei e hoje, posso usufruir de uma vida de conforto e tranquilidade. Apesar destas conquistas, sentia que algo falta, precisava entender, compreender e ter, aquilo que pudesse preencher minha alma e quem sabe proporcionar uma nova mudança como pessoa. Foi neste momento que descobri sobre a gravidez de Eduarda, ou melhor, Duda – para os íntimos – minha melhor amiga durante os anos de faculdade; a garota de espírito expansivo e extremamente falante, se apaixonou e casou-se com Igor e logo, anunciaram a gravidez de sua primogênita para família. Acompanhar Duda e Igor tomados por uma alegria e felicidade imensuráveis, me trouxe a certeza de que aquela realização falta em minha vida.

- Bom dia, meu amor! – sentada sob a cama do meu menino, acariciando seus cabelos dourados em tentativa de acordá-lo, sei que tudo estaria bem enquanto o tivesse ao meu lado – Quem vai para a casa da vovó?

- Eu? – dizia risonho e sonolento ao mesmo tempo, chegando até mesmo em esboçar uma expressão travessa – Tia Sara vai estar lá?

- Claro! Agora, vamos nos arrumar para mamãe poder ir trabalhar e você, precisar se aprontar para o compromisso com a vovó.

Peguei meu menino no colo e caminhei para o seu banheiro, retirando suas roupas e ligando o chuveiro em uma temperatura agradável, assim como, seus brinquedos de banho. Olhando para meu filho, lembro-me de quando falei com meu marido sobre a possibilidade de engravidarmos e começarmos o processo de construção de nossa família, algo que nos rendeu inúmeras discussões. John, o namorado de adolescência agora marido, dizia que uma criança iria dispensá-lo de seus objetivos pessoais e que éramos jovens demais para perdermos tempo. Inúmeras discussões, tratamento de gelo e desconforto em reuniões de família, acredito que acabaram amadurecendo a ideia e o resultado, está diante de mim sorrindo enrolado na toalha. Escolhi sua roupa para um dia na casa de minha mãe, como sabia que iria se acabar de brincar no jardim, o vesti com uma jardineira jeans, camiseta azul marinho e tênis.

- Bom dia, vovó Joana! – meu pequeno furacão chega em nossa cozinha na maior felicidade, sabendo o que encontraria naquele lugar quem considerávamos como especial. Quem não adora uma excelente refeição?

- Bom dia, querido! – a mulher de 55 anos abraça meu menino e mim na sequência, sempre com um sorriso simpático e acolhedor. Joana foi contratada por meus pais para me auxiliar durante a gravidez, eles mostraram-se preocupados e cautelosos, visto que minha pressão estava alta e John vivia em compromissos com a empresa e não tinha tempo para ficar alerta mediante esta situação. A senhora foi meu suporte, secou minhas lágrimas, cuidou do meu sono e por esta razão, hoje e sempre, segue sendo parte de minha família – Bom dia, Luiza! O que desejam para o café da manhã de hoje?