👗 Cap 56 🥼

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Escrita com
Carolleite26 ❤️✨

Atílio: Não sou a Guadalupe, mas espero ser bem vindo também, posso entrar? – perguntava já entrando, lembro que fazia isso em seu quarto e ela me expulsava aos gritos – Edgar me pediu para trazer esses documentos que precisam ser assinados, na verdade pedi para trazer para que possamos conversar.

Ergui rapidamente meu rosto ao ver quem estava ali. Respirei fundo, bloquiei o celular e lhe respondi.

Victoria: Obrigada, falei ao meu pai que poderia mandar pela Marília ou deixar que depois eu pegava... não precisava ter se incomodado - me sentei melhor na cama - conversar? Sobre o que quer conversar? Se for sobre as coisas que eu falei no hospital, não precisa... estou tendo o troco de tudo que fiz - sorri sem vontade - acho que o meu filho não me aceitar já é o suficiente.

Atílio: Antes de conversamos posso entregar os presentes que trouxe, um para você e os outros são para os bebês, Marília disse que tínhamos que escolher cores neutras, espero que goste – falei lhe entregando o álbum e os macacões.

Peguei os presentes, abri e lhe agradeci. Eram lindos e ficariam ainda mais em nossos filhos. Por um instante fiquei a observar aquele álbum e vieram algumas recordações em minha mente. Não queria chorar então deixei tudo ao lado da cama.

Victoria: Podemos ir direto ao assunto? Sabe que não gosto de ser enrolada... me deixa ansiosa e isso não é muito bom no meu estado... está tudo bem? Precisa de alguma coisa? É só falar... não temos problema algum, as coisas seguem do mesmo jeito, já pedi ao Heriberto para não comentar nada sobre você... aliás para não tocarmos nesse assunto, as coisas seguem da mesma forma... meu pai é o Edgar e ponto... sou produção independente como sempre me fez acreditar - falei sem lhe olhar.

Atílio: Tenho mais um presente, esse somente eu tive o privilégio de guardar – entreguei um envelope com várias fotos, meu pequeno tesouro, fotos de Victoria em seu primeiro dia de aula, na apresentação de balé, seu primeiro desfile, na verdade todas as suas conquistas, também tinha de quando bebê, os momentos fofos e os que marcaram para mim – é minha filhinha, não fui um bom pai para você e quero mudar isso, não quero falar do passado, quero falar sobre o futuro um futuro sem estarmos afastados.

Peguei o envelope e lhe olhei, foi inevitável não o fazer.

Victoria: Tem noção de quantos anos se passaram para que pudesse entender isso? Para que pudesse me chamar de filha? Me considerar a sua filha? - sequei as malditas lágrimas que já molhavam o meu rosto - o Sr foi tudo, menos o meu pai... como pode querer ter um futuro se mantém a sua família mais escondida do que tudo? Como? Me machucou por anos... tudo que eu fiz foi por raiva... rebeldia... queria que tudo isso te atingisse, mas eu fui a única prejudicada.

Atílio: Sei que errei e muito, fiz que pensasse que não era importante para mim, sendo que é o meu tesouro, estive em seus momentos mais importantes mesmo achando que não, fui ausente para não magoá-la e acabei fazendo isso, não queria que sofresse preconceito, como fui criado com rigidez achei que devia fazer o mesmo, espero que possa me perdoar – sentia que havia perdido minha filha e tudo por minha culpa – conheço minha filhinha, sei que gosta da cor vermelha, por isso deu o nome de red ao seu coelhinho, como também livros de mistérios e medieval e por isso comprei um quebra cabeças de castelo, adorava comprar bomba de chocolate e deixar para você na geladeira, não posso esquecer de comida italiana, nem vou falar de viagem, desenhar.

Victoria: Me afastou... me afastou sem pensar em como isso seria traumático para mim... sem medir as consequências dos seus atos... estava lá como um carrasco...- chorava sem lhe olhar - teve medo de que eu sofresse preconceito, mas não teve medo de que eu tivesse raiva... ódio por ter nascido em uma família desestruturada... e não por meus pais serem gays e sim por um deles não ser presente, ter vergonha da filha... do marido... o que queria que eu pensasse? - questionei com raiva - por sua culpa fiz algo que até hoje me envergonho... fiz um procedimento ilegal, que poderia ter terminado de outra forma... o que faria? Iria chorar arrependido? - gargalhei secando o meu rosto - sua filhinha não existe mais... a vida mudou ela... me bateu tanto, mais tanto que eu aprendi a ficar fria... eu precisei de você... de vocês e não tive... se não fosse o Heriberto - sequei o meu rosto - se não fosse por ele eu estaria trancada dentro de um quarto, presa em uma cadeira de rodas... estava lá... acompanhou tudo e fingiu que eu não era nada... nada - solucei chorando - eu não sou nada... nunca fui na sua vida.

Atilio: Entendo que te perdi, espero que um dia possa me perdoar por todo o dano que causei, saiba que te amo muito – dei um beijo em seus cabelos e saí sai, me despedi de todos e fui para casa.

Fechei os meus olhos ao ouvir a porta fechar, me encolhi na cama e chorei ainda mais. Pouco depois senti Heriberto deitar na cama e me abraçar com cuidado. Chorei tanto que acabei dormindo em seus braços. Ele não me perguntou nada, tão pouco falei, ele sabia que eu não iria  conseguir.

Dias depois...

Naquela mesma noite quando o Atílio chegou em casa percebi que ele não estava bem. Tentei conversar com ele, mas como ele não se sentiu bem para falar não insisti. Tomamos um banho, jantamos e nos deitamos em nossa cama. Os dias foram se passando, as coisas estavam mais amenas, mas eu sentia que ele estava pensativo, distante. Não por nossa desavença, mas por outra coisa. Estávamos em casa quando fomos informados que a polícia estava ali para conversar com o Atilio. Imediatamente fomos para a sala e o pior aconteceu, Atilio recebeu voz de prisão e após vermos o mandato expedito pelo juíz ele foi levado. Tentei entender o que estava acontecendo, mas não tivemos tempo. Olhei rapidamente o mandato, liguei para o advogado e corri para a delegacia. Após ele prestar depoimento o delegado me permitiu falar com ele.

Edgar: Atilio... o que está acontecendo? Amor, o que fez? - questionei nervoso.

Atílio: Não tem o que explicar meu amor, eu sou o culpado, culpado de tudo – não podia contar a verdade ou Victoria que seria presa – Edgar, eu fiz algo muito errado e agora tenho que pagar por isso.

Edgar: Como não tem o que explicar? Lógico que tem, se está aqui sabe o motivo, não estou dizendo que é o culpado, nem acredito que seja como está falando... que tipo de coisa? Me fala... não me deixa assim, sabe que eu não vou desistir... a Victoria vai enlouquecer quando souber... me conta, me deixa te ajudar... meu amor eu não vou te deixar aqui dessa forma.

Atilio: Claro que sei porque estou aqui, cometi fraude em uma clínica, eles descobriram e fui preso simples assim – segurei sua mão – eu sou culpado meu amor, eu precisava de dinheiro e fiz, Victoria precisa ficar o mais longe de toda essa confusão Edgar, me prometa.

Edgar: Fraude? Que tipo de fraude Atílio? Não precisa de dinheiro, nós temos o suficiente, aliás temos muito mais que isso... não estou entendendo, você não é esse tipo de pessoa... não é... o que a Vicky tem haver com isso? Me diz - o olhava em súplica.

Atílio: Me envolvi com apostas, perdi muito dinheiro além de ficar devendo para pessoas perigosas, não podia te contar nosso casamento não estava bem, Victoria está gravida não pode passar nervoso, sabe como a mídia vai fazer um espetáculo.

Edgar: Vai mentir Atílio? Eu não acredito nessa história, você detesta jogos de azar, como pode ter se envolvido com apostas? Se não vai me falar a verdade eu vou descobrir - falei me levantando - quando voltar aqui eu vou quebrar a sua cara.

Atílio: Espera Edgar, eu conto  - coloquei as mãos no rosto, pensei que esse assunto nunca viria a luz – meu amor, eu sempre soube que a Victoria tinha doado os óvulos que tinha sido envolvida nessa fraude por causa do Marcelo, logo que ela voltou de viagem eu fui te visitar na empresa e viu o Marcelo discutindo com ela, uma discussão muito forte e quando ele ficou sozinho eu fui tirar satisfação, então contou sobre a fraude na clínica, a venda dos óvulos, que os documentos estavam todos assinados por nossa filha, se houvesse alguma denúncia Victoria seria presa no lugar dele e do amigo, o cretino me fez afastar da nossa menina, com medo que essa bomba explodisse eu fiz um acordo, assumi tudo e escondi vocês, achei seguro ocultar nosso relacionamento, nossa filha, que se um dia eu fosse preso nada ligaria a vocês.

Edgar: Esse cretino - bati na mesa com ódio - deveria ter me contado... isso era tudo que ele queria e conseguiu... consumiu tudo que pode da nossa filha... sem falar nas atrocidades que cometeu a ela... meu amor - respirei fundo e lhe abracei apertado - me perdoe por te culpar, quando na realidade não soube te compreender... você era tão atencioso com ela quando era criança... de repente mudou... se afastou dela... de mim... poderíamos ter feito alguma coisa para pegar ele... Marcelo não é tão inteligente quanto nós pensamos - parei de falar ao ouvir a voz de nossa menina.

Continua...

La Lección del Amor - Victoria y Heriberto (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora