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O que sei sobre um relacionamento entre dominador e submisso quase não vai além do que li em dois livros eróticos e num filme quase pornográfico. Não preciso dizer que isso não me torna um especialista no assunto, nem de longe. E por causa dessa inexperiência, Vegas havia criado a famosa palavrinhas mágicas.

No início eu achei bem idiota usar algo tão simples para identificar uma das situações mais constrangedoras que é ter que dizer não aguento mais, mas olhando pelo lado bom, era uma ótima desculpa para fugir das pessoas quando se tem uma doença que te exige comer doces.

Claro que não se tratava de mim, óbvio, porque eu amo doces, inclusive sofro de colesterol alto por causa deles e mais algumas porcarias que me dão enjoos, mas o fato aqui é que não era de mim que estávamos falando, mas sim de Vegas.

Pode não parecer mas Vegas tem pouco açúcar no sangue. Foi diagnosticado não muito antes de completar a maioridade. Tão forte e viril, quase nem da para perceber, eu sei, mas como vocês já conhecem a família Khun, o seu pai nunca pegou leve com ele. E por causa disso desde novo ele foi proibido de engolir balas, chicletes e qualquer outro tipo de doces. Agora ficar sem comer eles, para Vegas, era como perder o sentido, causa desgaste físico, e o corpo regride para trás, como ficar sem energia para andar e todo mundo sabe que sem energia não há vida.

Como eu sei disso? Bom, fiquei tempo demais perto dele, já o vi desmaiar por ter ficado um dia inteiro sem forças, também presenciei ele tomando vitaminas para a imunidade e ainda senti um gosto de cereja com morango ao beijar a sua boca e chupar a sua língua. Hoje eu sei do que ele precisa quando está tendo uma crise. E As vezes ― só as vezes ― eu queria ser o que ele precisa, sei que é idiota, mas pelos menos uma vez, estaria no lucro de ser algo que Vegas precisava realmente.

Usávamos doce como uma forma de identificar alguma punição que com certeza tinha passado dos limites. Algo que Vegas costuma fazer sempre que me faz fazer coisas absurdas ou quando ele é quem faz. Como por exemplo; da vez que ele me deu trinta palmadas na bunda por simplesmente ter recusado o jantar que ele tinha feito para mim. Até hoje me arrependo. Ele me bateu até que as bandas das minhas nadegas estivessem com a marca das suas mãos. Eu gritei para ele parar, tanto que perdi minha voz enquanto me debatia no seu colo.

Ele só parou quando eu disse que queria um doce. Irônico não? Mas foi assim que intitulamos o limite como algo doce. Típico açúcar e adoçante. Dominador e submisso.

A ponta do plug deslizou para dentro de mim sem muitos problemas, mas enquanto ele se afundava cada vez mais para dentro tudo o que eu pude sentir nesses poucos segundos, eram as lágrimas caindo no meu rosto. E não sei qual foi a parte mais constrangedora no momento em que me submeti a fazer isso; se era eu enfiar algo dentro de mim, ou Vegas me ver enfiando o brinquedo que ele me deu. Era humilhante, eu sei. Mas era disso que ele gostava de fazer. Humilhar.

Estou tremendo por causa disso.

Mas não por ser uma coisa ruim, mais o quanto essa experiência toda me deixou excitado. O quanto endureceu meu pau no confinamento da cueca. O quanto meu tremor é tanto por causa da onda de adrenalina de tudo que encenamos estando no meu apartamento, no mesmo ambiente que meus amigos, no silêncio e na humilhação. O quanto cresço com isso. O quanto me completa de uma forma que não consigo explicar totalmente. O quanto odeio e amo essa relação entre mim e Vegas. Anseio por isso. Eu desejo mais do que ele me entrega. Eu queria mais.

As pessoas sempre acham que fetiches ou inclinações sexuais extremas têm a ver com algum trauma sofrido no passado, e às vezes não é bem assim.

ℭANDY ¡ 🍒 ₁ pᥱtevᥱga᥉Onde histórias criam vida. Descubra agora