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― ﹙El México﹚☓ VEGAS & PETE
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O mundo é como uma gigante empresa, onde existem muitos cargos e funções para que a engrenagem da porra toda continue funcionando. Tem a parte limpa e atraente para impressionar e vender, mas também o trabalho sujo, aquele que não aparece na vitrine com o resultado final, porém faz parte do processo de produção até que o consumidor tenha a sua coisa bonita e
agradável em mãos.

Eu sempre fiz parte do time que executava o trabalho sujo, estive nos bastidores do grande show e dessa forma funcionava muito bem, porque eu fazia um trabalho sujo perfeito do caralho. E pra que algo assim fosse possível, não havia como ser um bom homem. O que isso fazia com a minha alma não importava, já tinha desistido dela há muito tempo.

Mas eu poderia ser bom pra alguém, se quisesse. Principalmente para Pete. Não era como se eu fosse incapaz de ter bons sentimentos, só não saía por aí os distribuindo aos montes, nem pra qualquer um. Nunca pensei que valeria a pena me esforçar pra manter o que eu senti quando estava na presença dele. Não a esperança de redenção, mas um novo propósito além de continuar existindo. Era o verdadeiro desejo de viver porque havia um motivo realmente importante pra isso.

― Senhor Vegas. ― O segurança do meu lado chama a minha atenção, e sem me mover, me inclino para trás, indiferente, colocando as mãos nos bolsos da calça. ― Por aqui.

A música pulsante cortava o silêncio da noite e esse era o único sinal de que a antiga igreja vai muito além do que realmente parece: um local de culto abandonado. O enorme edifício fica em absoluta escuridão sob uma linha de árvores altas.

O cascalho estala nas solas dos meus sapatos enquanto eu caminho até a porta da frente. Ela abre no segundo que eu a alcanço, e uma parede de ar úmido toca na minha pele, trazendo a música que invade meu crânio.

O segurança acena pra mim quando eu passo pela porta. Onde antes houve linhas de bancos, agora tem um vasto espaço vazio. Mas não, o lugar não está vazio.

Ele está cheio de corpos, se contorcendo e girando um contra os outros. Luzes brilhantes piscam, tocando as janelas de vidrilhos que antes pareciam tão bonitas na luz do sol. Claro, agora elas estão cobertas por fora para esconder o que tem por dentro.

No fundo da pista de dança tem uma placa dourada brilhante que diz: Salvação. O estande do DJ está onde ficava o altar, e eu sei que tem algo de sacrilégio nisso. A igreja é longe o suficiente para eu ter que viajar do país até outro em apenas um dia. Poucas pessoas conhecem esse lugar, principalmente a família Theerapanyakul.

E realmente esse clube é só uma fachada para o que está aqui em baixo. As pessoas se separam facilmente enquanto eu faço
o meu caminho através da igreja. Deslizo um cartão de segurança sobre um teclado ao lado da porta. Assim que ela se fecha atrás de mim, a música se torna abafada. Há um corredor e várias salas que são usadas para armazenamento. Elas eram usadas como escola dominical e como aposentos dos vigários. É uma pena, mas esse é o caminho da sociedade.

A religião se tornou uma coisa do passado e edifícios como este; mesmo sendo relíquias são destruídos.

― Bem vindo Senhor Vegas. ― Um guarda me comprimenta enquanto vou até ele que estava frente a uma porta no final do corredor.

Ninguém pode entrar aqui a menos que tenham um cartão-chave, mas só por precaução eu deixo um guarda para cuidar do lugar. Quando ele me vê, abre a porta de imediato, permitindo minha a entrada. Na minha frente tem uma escadaria íngreme para baixo. Eu desço sem me preocupar com a escuridão, olhando a maior parte do tempo o lugar quando finalmente chego até o final.