15- Jorge

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Assim que o Sr. Miller nos divide em grupos para que podamos discutir sobre experimentos sociais, o Inspetor Felipe bate na porta da sala.
A diretora Acuzena está chamando Jorge Lopez. — Ele aponta para mim e faz um gesto para que eu o siga.
— Sr. Lopez, o senhor acha que é possível passar uma semana na minha aula sem ser chamado a direção? — Pergunta Miller e acrescenta: — Não é uma pergunta retórica.
Dou de ombros.
— Não sei, Sr. Miller. A diretora Acuzena claramente não tem nada melhor para fazer do que de bater um papo comigo.
Miller da uma risada curta.
— Posso apostar. Volte rápido ou vai perder o trabalho de hoje.
— Sim, senhor.
Vejo a Danna, que está com seu grupo num canto. Ela me lança um olhar cúmplice.
Ambos sabemos que estou sendo chamada à direção por causa do trote da noite passada. Formo as palavras "Deixa comigo" com os lábios, sem emitir nenhum tipo de som, para tranquiliza-lá. Posso ver o quanto está apreensiva pelas suas sobrancelhas arqueadas.
Quando chego a sala de Acuzena, Miguel, Aron e Itzan já estão lá. O técnico Saak também. Ele não parece feliz. Acuzena deve ter comido o rabo dele.
— Vamos direto ao assunto rapazes. Quem foi? — Acuzena pergunta muito séria enquanto anda de um lado para o outro.
— Quem foi que fez o que? — pergunta Aron, agindo como se não soubesse que o campo dos Rolling Meadows está pichado.
— Não sei do que está falando, senhora — Itzan diz, carregando no sotaque texano.
— Pode explicar para que a gente possa entender? — Miguel acrescenta, seguindo a deixa.
— É, não faço a menor ideia. — acrescento.
— Deixa eu te dizer uma coisa, Jorge. Nem eu nem Saak somos idiotas. Vocês quatro são os cabeças do time de futebol, ou deveria dizer, os encrenqueiros? Um de vocês, ou todos, é o responsável. Quem vai abrir o bico?
Ninguém se mexe.
— Rapazes, vocês sabem que vandalizar a propriedade alheia é crime — Começa Saak. — Claro que quem fez isso vai ser suspenso e mandando para casa. Além disso, nós teremos que informar a polícia.
— Talvez tenham sido os jogadores dos Rolling Meados tentando nos arranjar problemas — digo, impressionado por ter tido essa ideia tão rápido.
Saak me encara.
— Talvez tenha sido você, Jorge, porque a palavra "número" está escrita em espanhol.
— Desculpe, senhor — intervém Miguel. — Mas mais da metade dos estudantes fazem espanhol como língua estrangeira.
— Quer se entregar, Miguel? — Saak vocifera. — É só falar.
— Não foi ele. — digo. — Ouvi uma minas falando em pregar uma peça nos Rolling Meadows. Não fomos nós.
— Minas? — Acuzena pergunta. — Você quer dizer garotas?
— Na verdade, eu também ouvi. — Aron reforça. — Garotas podem ser encrenqueiras de verdade, sabe?
— Certo, espertinhos, vocês se importam em dizer sobre quais meninas estamos falando? — Acuzena pergunta. — Para que a gente possa chamar a polícia e interrogá-las?
— Esqueci.
— Tem um problema de memória, Lopez? — Saak me pergunta. — Talvez tenha apanhado muitas vezes na cabeça e esteja com uma concussão. Nosso preparador físico ficará mais do que feliz em te examinar.
— Minha cabeça está ótima, treinador. Minha família tem Alzheimer. É genético, sabia?
Saak bate palma duas vezes, como se precisasse chamar a atenção de crianças do jardim de infância.
— Rapazes, vocês vão nos contar quem estragou o campo de futebol dos Rolling Meadows? — Quando permanecemos calados, ela bufa. — Tudo bem. Nós temos que fazer o esforço para punir os envolvidos. Então é o seguinte, senhores: vou ser bem benevolente dessa vez e oferecer uma suspensão dentro da escola para aquele que se entregar. Vamos dizer as autoridades que estamos dando um jeito por aqui. Mas se ninguém se entregar hoje, vou suspender todos vocês do jogo de hoje a noite.
— Fui eu. — me acuso. Não vou deixar meu amigos numa roubada. Uma suspensão na escola não vai significar nada no meu histórico escolar, porque ele já está cheio de anotações sobre coisas que fiz ou fui acusado de fazer.
— Não foi o Lopez — diz Aron. — Conta a verdade. Fui eu.
Itzan revira os olhos.
— Aron está mentindo descaradamente. Fui eu.
Todos olhamos para Miguel.
— Não fui eu — ele diz, levantando as mãos. — Preciso manter meu histórico escolar limpo.
— Obrigado por nos defender, Miguel — digo e levanto a mão. — Pode me suspender, dona.
— Ótimo. — Acuzena parece satisfeita que seja sempre eu a assumir a culpa pela turma. — Estão todos dispensados. Menos você, Sr. Lopez. Vou escoltá-lo pessoalmente até a sala de suspensão.
— Mal posso esperar — digo a ela, enquanto penso que preferiria estar em qualquer lugar, menos na sala de suspensão.

His girl- jordannaOnde histórias criam vida. Descubra agora