Capítulo III

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     Brigite voltou para seu quarto e convocou as criadas, afim de lhe ajudarem com a se aprontar para o baile. Elas lhe fizeram um banho com fragrância de maracujá, uma de suas preferidas.

     Depois de tomar banho e se secar, vestiu uma chemise e uma “calça”, vestiu meias e as amarrou na altura da cocha. Uma sapatilha rosa com um pequeno salto e uma fita dourada para amarrar. As moças trouxeram um corset e o vestiram nela, a própria puxou as fitas, sentindo-o apertar sua cintura e seus peitos se levantarem. Ela trouxe as fitas para frente a as amarrou no rumo do abdômen.

     Vestiram nela o primeiro body, branco, com botões na frente e uma fitinha cor de vinho perto da gola. A empregada mais alta abotoou, enquanto outra amarrava em cima. Passaram a crinolina sob a moça, na frente, a crinolina era mais fechada, mas atrás, criava volume no traseiro e fazia uma calda. Passaram a primeira camada da saia, branca, e uma fita para amarrar na base do quadril. A segunda, que agora era rosa, mas sua barra atingia um tom mais escuro.

     A última era rosa, mas atrás, havia como uma cachoeira de tule rosa, que conforme descia, era amarrado e apertado por fitas decoradas com as mais lindas flores. Criando um pouco de volume acima da parte amarrada. Na cintura, um laço pequeno e delicado.

     O body foi colocado, era rosa, de mangas curtas, mas a parte de cima, nela havia rendas brancas. Havia um decote redondo, porém não revelava nada. Atrás do body um pouco mais de flores, além de que ele deixava uma porção maior de pele exposta do que na frente.

— A senhorita está maravilhosa. — Uma criada lhe entregou uma máscara rosa com detalhes dourados.

     Máscaras típicas de baile, com um suporte para segura-la. Seu cabelo estava arrumado, meio preso com os cachos se derramando até metade de suas costas. Com um sorriso de gratidão, ela se mascarou e andou em direção à porta.

     Então, o sino começou a tintilar. Significando que o baile havia começado, ela abriu a porta e olhou uma última vez para o quarto. Seu rosto fora coberto pela máscara rosa, que tinha as bordas douradas e fazia um nariz de gato. Com algumas penas brancas também. Seus olhos verdes brilhavam, como duas esmeraldas recém encontradas, emanavam a sorte de um trevo de quatro folhas. As pupilas estavam contraídas, e ao redor delas, uma linha azul brilhante, como um rio desenhando em um mapa. Os lábios grossos se curvaram em um sorriso tímido, ela semicerrou seus olhos e desapareceu pela porta adiante.

     Enquanto caminhava pelo já citado antes grande corredor, se encontrou com sua dama de companhia. Seus pais só iriam chegar mais tarde, então teria de esperar. E com certeza, não aceitaria que fosse sozinha.



     Em paredes brancas impecáveis, três sofás azul turquesa e uma mesinha redonda de vidro, um homem tomava café enquanto lia um livro, porém fora interrompido quando seu mordomo apareceu na porta, a qual estava, aberta.

     Não precisou nenhuma palavra para denunciar sua presença, o homem era muito observador e percebeu a partir do momento em que seu mordomo parou de andar.

— Senhor Laurent, Lorde Cartier deseja falar com o senhor.

     O duque se levantou e se dirigiu a porta, no corredor, o homem moreno lhe aguardava escorado na parede. Conheciam-se há muito tempo, Anthony era como pai de Olivier.

— Diga, Cartier.

— Tu não acreditas, se eu lhe contar quem eu vi. — ele iniciou. — Uma moça, com seus cabelos e o rosto de Camille.

     A feição do duque se estremeceu, seus olhos se arregalaram, suas sobrancelhas se ergueram e ele deixou o queixo cair. Sua pele ficou como papel, ou, como a pele de um defunto.

— Impossível! — bradou. — Isto és apenas uma coincidência, não pode ser o que estás a pensar, Desirée está morta faz vinte e um anos.

— Tsc. — estalou a língua no céu da boca. — Tu nem se quer viu o corpo, como tens tanta certeza deste facto?

     O amigo teve uma reflexão com as palavras, ele relaxou os ombros e parou um pouco para pensar. Ele coçou a cabeça e depois ajeitou os cabelos os enluvando.

— Bem, não sei. Me mostre a moça esta noite, só acredito vendo com meus próprios olhos!

      Ao chegar no baile, que ficava no salão principal, se deparou com uma decoração em tons amarelos. As paredes eram brancas e haviam vários pilares espalhados pelo salão, enfeitados com laços de fita amarela. Uma parede forrada de tule amarelo com lantejoulas, nessa parede ficava encostada a mesa de aperitivos. Que era de madeira escura, retangular e forrada com um tecido branco com pompons. Flores espalhadas pelo salão, das mais diversas, como no jardim.

     Na entrada, o guarda a barrou, perguntando-lhe seu nome.

— Sou Brigite Moreau. — Se curvou com graça.

— Sem títulos? — ele perguntou em um tom de deboche.

— Sem títulos, meu pai é um barão.

     O homem assentiu e tocou a trombeta triunfante, todos voltaram sua atenção para a entrada.

— Senhorita Brigite Moreau! — bradou em autoridade.

     Em passos firmes, Brigite prosseguiu. Mesmo escutando os burburinhos, “uma sem título?” sussurravam uns com os outros, “que audácia aparecer por aqui”, “tão bela, mas tão inferior”, entre outros que ela decidiu não ouvir. Sua dama de companhia passou pela entrada de criados afim de não chamar atenção dos demais.

     Quando a jovem dama reparou nos olhares masculinos sob as duas — nos quais tinha certeza que eram para ela, porém eram para Brigite — ela passou seus fios loiros para trás das orelhas, alisando a saia do vestindo se sentindo gloriosa. O vento não bagunçaria tão facilmente seu coque baixo, parecia uma árvore de natal decorada. O verde do vestido combinava com o verde de seus olhos, o vestido era bonito, porém deixava os ombros todos à mostra. O que era um problema para pessoas reservadas.

— Senhorita Laurent, posso me retirar por alguns instantes, receio de que estou chamando muita atenção indesejada para a senhorita. — Encarou os rapazes, não contendo o sorriso vitorioso e uma piscadela rápida.

     Percebendo o que sua colega iria fazer, se preparou para recusar. Prometeu à mãe dela que não a deixaria se envolver com quaisquer rapazes que supostamente colocassem os olhos em sua filha, todos sabiam que as atenções nunca iam para ela. Por mais que a filha adorasse pensar que sim, na verdade, era uma desculpa para se atirar em cima dos rapazes, que aceitariam qualquer uma se tiveram a chance.

— Ai não, Emma! — exclamou baixinho. — Queimação! Me traga um gole d'água! — colocou uma mão no pescoço e outra na barriga.

     Ágil como sempre, a menina correu até a cozinha, desesperada por sua colega.

A Duquesa Perdida (NOVELETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora