Seis luas depois.
A relação entre Brigite e Olivier deixou de ser conturbada para estranhamente agradável, os dois se tratavam bem, e as coisas iam de bom a melhor.
Brigite estava fazendo aulas de etiqueta, enquanto estudava história com o seu companheiro.
E aos poucos, ela percebeu que gostava muito da companhia de lorde Cartier, e no fim não queria deixá-lo para assumir os domínios de seu pai.
Porém, esse sentimento era um segredo no qual ela guardava às quatro chaves.
— O que irei estudar hoje, Oli? — perguntou entrelaçando seu braço ao dele.
— Bom, vamos ver um pouco sobre a Revolução francesa e estudar um pouco a biografia de nosso renomado Napoleão.
Ambos sorrindo, enquanto atravessavam uma rua de Paris.
— Agora, no entanto, vamos até uma pastelaria comer alguma coisa. Depois, quero que me acompanhe numa orquestra de Tchaikovsky.
A moça quase explodiu de tanta euforia.
— O próprio?
— Sem sombra de dúvidas.
— Eu adoraria. Sou uma grande admiradora de música.
Com Olivier, nunca era obrigada a marcar presença em eventos sociais. Mesmo assim ia, não porque gostava de detonar seus sapatos dançando, mas porque gostava de dançar com Olivier.
Os dois prosseguiram à pastelaria, e o caminho foi tranquilo até a orquestra. Chegando lá, sentaram-se no ponto mais alto e apreciaram as peças tocadas.
Tchaikovsky era um grande músico, e mais adiante, teria seu nome marcado na história.
No fim, querendo ou não, os dois se tornaram amigos. Mesmo inicialmente se declarando inimigos. Foi impossível não seguir esse caminho, já que os dois eram tão parecidos e tão atraentes magneticamente. Se juntaram como um imã.
A moça, involuntariamente entrelaçou seus dedos aos de Oli, e suas mãos se uniram. Ele, com expressão de terror, a encarou, mas ao perceber que ela ainda estava com o olhar vidrado nos músicos, ele sorriu.
Ele sorriu para ela.
Sorriu para a música.
E sorriu para o amor.
Tudo ocorria bem, até o som de uma bomba soar. Tudo explodir, corpos sendo arremessados e cacos de vidro espalhados por toda parte. Por extinto, Olivier se jogou e jogou a sua companheira no chão, para proteger seus órgãos vitais.
O estômago de Brigite revirou, e ela sentiu que seria o fim de tudo. E teve medo de que tudo acabaria assim, esperava um final melhor para sua vida. Esperava que pelo menos cumpriria com seu dever, se tornar duquesa.
Que pelo menos se casaria antes, teria filhos, seria de facto feliz.
— Rebeldeeeesssss! — a voz de uma cantora de opera soou de forma aguda e melódica.
— Quem são eles? — Brigite estava assustada.
— São rebeldes, pessoas que não aceitam o governo do nosso rei. — explicou, rapidamente. — Não se preocupe, vamos ficar bem.
Ele disse com voz serena, e Brigite quis realmente acreditar nele. Na verdade, ela acreditou nele. Sempre acreditava.
Seis homens mascarados surgiram, e caminharam até os dois. Com passos fortes e determinados, um calafrio correu até sua espinha.
— Peguem aquela menina! — Um deles apontou para Brigite.
O coração dela parou, e voltou a bater quando Olivier num salto se levantou e sacou uma pistola de seu casaco. Uma pistola pequena manual, comum da época.
— Aproximem-se dela, e pagarão com suas vidas! — Ele rosnou.
Os homens sacaram fuzis de pólvora e os carregaram com munição. Mirando-os em lorde Cartier.
— Estamos preparados para a luta, Cartier. Nós não temos medo do senhor. — o mais alto diz.
Olivier observou o ambiente procurando por algo que o deixasse com vantagem, ao olhar para cima, ele avistou um grande lustre de vidro. Bem acima dos homens.
Era uma boa jogada. Ele precisava salvar Brigite, mesmo em desvantagem, ele precisava usar estratégia. E essa era a única que ele tinha.
A verdade era que ele não estava pensando direito, e com um bom motivo. Estava com medo. Não estava com medo de morrer, mas de perder.
Não era medo de perder sua honra, sua vida, seu dinheiro, seu título. Estava com medo de perder Brigite. E o Olivier nunca experimentou esse medo antes.
Ele recuou, e mirou bem na corda que sustentava a mobília de luxo.
Um.
Dois.
Três tiros.
O lustre caiu, e se estilhaçou contra o chão. Contra aqueles seis rebeldes, e o vermelho foi visível. Vermelho de sangue.
Os guardas reais invadiram o ambiente, gritando:
— Afastem-se, somos guardas ordenados pelo rei!
Lorde Cartier ergueu o braço, como solicitação para falar.
— Senhores, estes homens, tentaram levar minha mulher. — se justificou.
Ele a chamou de "minha mulher", ele não estava pensando direito. Ele estava cansado, ansioso, com medo, em choque, mas disse "minha mulher". Poderia ser, talvez, esse, um reflexo de seus sentimentos? Brigite se encontrava tensa.
— Certo. Obrigado por detê-los antes que fizessem algo pior, diga-nos teu nome e deixaremos o senhor ir.
— Olivier Cartier.
⁂
Olivier chamou uma carruagem para buscá-los. Os dois ficaram em silêncio na viagem toda.
Senhores, estes homens, tentaram levar minha mulher.
Minha mulher.
Aquela frase ainda ecoava na cabeça de Brigite, ela se encolheu ao ouvi-la, e sorriu discretamente. E torcia para que um dia, aquilo se tornasse verdade.
Os olhos de Olivier pousaram sob o sorriso da mulher, ele ergueu uma das sobrancelhas e indagou:
— Por que estás com este sorrisinho?
— Você não entenderia. — Desviou o olhar.
O nó de seus dedos roçaram o pescoço da moça, e tocaram seu ombro. Isso foi o suficiente para suas estranhas estremecerem de amor. Os olhos azuis escutos de Oli de repente pareceram o atlântico, infestado de embarcações, de peixes, águas vivas...
— O que eu não entenderia?
As bochechas dela estavam quentes, e seu coração era um verdadeiro incêndio de amor e paixão. Nunca pensou que sentiria isso, muito menos por Oli.
Mas agora era tarde demais.
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A Duquesa Perdida (NOVELETA)
Historical FictionBrigite Moreau não sabia quem era. Adotada por um casal de baroneses e o diamante da temporada em Versalhes. Seguia sua vida normalmente, com tal informação de que não pertencia de facto à família a qual cresceu, vivendo em extrema agonia. Toda...