Capítulo V

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     Ao chegar em seu quarto, imediatamente trancou a porta e se desabou no chão. Permitindo-se chorar um pouco, horrores, diriam.

     Não sabia o porquê estava chorando, sabia que era adotada, mas depois de tanto tempo, tocar no assunto foi, de certo, doloroso. Chorou por sua mãe, pois agora tinha a certeza de que era órfã de mãe.

     Chorou também pela escolha difícil colocada em suas mãos, amava seus pais, mas passava muitos apertos com ele. Além de sofrer grande pressão para um casamento, afim de terem uma boca a menos para alimentar e se livrarem de um peso social. Sendo duquesa, não precisaria se preocupar com isso e poderia viver como uma solteirona em paz, não que estivesse em seus planos.

     Aquele homem no qual conversou, não parecia ser louco. Sabia que, enquanto estivesse por perto de Duque Laurent e seus pais, senhores Moreau, não teria paz.

     Confusa, sabia que precisava fazer um retiro dali. Um retiro para pensar, tipo os religiosos que organizavam os retiros espirituais para pensar na vida. No caso, buscar seu deus e se edificar.

     Iria buscar soluções ali, não sabia para onde iria, mas tinha certeza de que não queria ficar ali. Rapidamente, pegou uma pequena mala e a encheu de vestidos aleatórios que estavam em cima da cama, obras das criadas enquanto escolhiam seu vestido.

     Estava totalmente fora de si ao fazer isso, mas a ânsia por paz e a impulsividade a dominou, mais do que deveria. Ela vestiu uma túnica sob seu vestido, que havia uma espécie de capuz no qual usou para cobrir o rosto. Sombras foram projetadas lhe dando um charme misterioso, a única coisa exposta era a boca e um pouco do maxilar.

     Ela pegou sua mala e saiu do quarto, olhou os corredores e estavam vazios. Todos estavam aproveitando o baile, e isso era bom para Brigite. Correu e passou por uma saída alternativa, a dos criados. Conhecia pelas mulheres que lhe ajudavam a se arrumar, elas citaram enquanto banhavam a moça.

     Ao sair da mansão, avistou de longe o estábulo, onde os empregados preparavam a carruagem de alguém, provavelmente para Lorde Olivier. Avistou uma floresta, e sua intuição a guiou para lá.

     Caminhando para lá, observou o estábulo que estava com lamparinas iluminando. Viu os empregados colocarem selas nos cavalos e amarrarem suas bocas, os cavalos eram espetaculares. Poderia pegar um desses para sua fuga, eram de seu pai mesmo. Se escondeu atrás de uma moita e esperou eles terminarem.

— Não sei porque o lorde Cartier resolveu viajar logo a noite. — um deles comentou. — Essa floresta está infestada por lobos.

     O outro colega deu de ombros resmungando algo.

     Mesmo que ele tivesse dito em alto e bom som, a mulher não estava prestando atenção nos assuntos alheios dos rapazes. Finalmente a carruagem estava pronta, o cocheiro subiu e deu ordem aos cavalos. Os empregados pegaram carona na carruagem e voltaram para a mansão.

     Quando já estavam de boa distância, ela se levantou e caminhou até o estábulo. Os cavalos estavam em suas repartições, cavalos normais, porém um chamou sua atenção.

     O cavalo era branco, sem marcas ou imperfeições. Seus olhos eram azuis cor de cobre, e sua crina pendia sob o pescoço com mechas ganhando um tom louro. Com as mãos trêmulas, ela tocou a testa do cavalo, e ele fechou os olhos com o toque.

     Ele não estava com medo, estava confortável com o toque da mulher.

     Brigite pegou uma sela e entrou na repartição dele, colocando a sela sob ele e a amarrando. Amarrou a boca dele também com as rédeas, e com elas mesmas levou o cavalo para fora.  Em um ganho que havia na sela, colocou sua pequena mala e após isso subiu.

     Indo rumo à floresta, sua paz.

     Ou não.

A Duquesa Perdida (NOVELETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora