Ficou deslumbrada ao se olhar no espelho, aquele vestido era diferente de todos os outros que já vestiu. O vestido era um cor de céu e diferente dos que usavam, deixava seus ombros e parte de seus seios expostos. Era uma espécie de toma que caia, com babados azuis e uma manga curta. A saia descia abertamente, com um babado branco e outro azul escuro imitando a flores, como as roupas da época, formava uma calda com babados da cor no tecido da barra.
Seus cabelos estavam parcialmente presos formando um coque de tranças, enquanto o que estava solto formava dois cachos grossos. Seu rosto estava pintado, destacando seus grandes olhos e seu nariz fino.
Pela a primeira vez na vida, não se sentia uma menina, mas uma mulher. Olhou a si em diferentes ângulos na frente do espelho, concluindo que realmente, estava maravilhosa.
Oh, se não estava. Parecia uma mulher, uma verdadeira mulher. As empregadas saíram e a governanta bateu na porta para chama-la.
— O senhor Cartier está te chamando para o jantar, me acompanhe senhorita. — pediu soando indiferente.
Ela a acompanhou e, como aquele lugar era lindo. Nem havia reparado nisso quando chegou, as paredes brilhavam junto do rodapé dourado. O piso, a madeira tão bem vernizada, parecia ser um espelho na verdade.
Chegou ao que parecia uma sala de jantar, com as mesmas paredes, o mesmo piso, haviam pilares brilhantes erguidos e as janelas que haviam ali deixavam a luz da lua entrar. A mesa cumprida, Olivier estava sentado na cabeceira dela.
E céus, estava tão lindo como a casa. Seus cabelos perfeitamente alinhados, de uma forma que nem a própria moça conseguia manter. E o nariz, aquele nariz esculpido e achatado de forma tão elegante. Nariz de judeu.
Caminhou até a mesa e fez uma reverência ao ver o lorde.
— Por Deus. — murmurou baixinho. — Não precisa de formalidades aqui, está livre.
Assentiu calada, colocando as mãos juntas em seu colo. Esperando que ele a falasse para sentar.
— E céus —, A analisou da cabeça aos pés, — esse vesti...
— Se não achar decente para mim, milorde, vou me trocar agora mesmo. — ela se disponibilizou, o interrompendo.
— Não, Bri. — Ele ergueu a mão, como se me pedisse calma. — Iria dizer que ficou linda nele, nunca diria algo assim, está livre aqui. Poderá andar nua se assim desejar, mas receio de que meus empregados não estejam preparados para tamanha formosura em uma só pessoa.
Brigete engoliu a seco, sentindo suas bochechas queimarem.
— Por favor, sente. — Indicou com a mão a outra ponta da mesa.
Céus, tão longe. Pensou vagamente, obedecendo ao pedido.
Ao se sentar, os funcionários começaram a servir os dois. Ela encarou a comida e fitou a seu companheiro, torcendo o nariz.
— Olha, se o senhor estiver tentando me agradar! — ameaçou. — É melhor que fale logo o que quer.
— Coma primeiro, minha linda. — ele lhe deu uma piscadela.
Ela sentiu seu rosto ficar quente, cada vez mais quente quando dirigia seus elogios. Começou a pensar no motivo de suas caridades, sua atenção, até que uma grave voz distante soou como se estivesse ao pé de seu ouvido:
— Linda...
Ele a chamou, de uma forma tão... sedutora e atraente.
— sua comida.
Voltou sua atenção para o prato em sua frente.
Não eram as comidas chiques e sem gosto como estava acostumada a comer, pela primeira a vez sentiu que estava comendo algo.
— Meus cozinheiros ficarão feliz em saber que está gostando a comida. — Olivier disse percebendo o quão animada e, um pouco, gulosa estava sendo com a comida.
Após terminarem o almoço, lorde Cartier a convidou para um passeio ao jardim.
Era um jardim murado por uma parede de arbustos, com uma porta de madeira. No qual, ele abriu e fez reverência para que ela passasse. Quando Brigete viu, seus olhos brilharam. Havia ipês amarelos e algumas flores, ao redor, enquanto, no meio, uma grande fonte. Com um tigre esculpido, ele estava sentado e água saía pela sua boca e deslizava pela calda até encontrar a bacia, no qual deixava a água transbordar e fazê-la encher o “lago” cavado ao redor. Os ipês balançavam, e deixavam suas pétalas caírem sobre a água da fonte, que refletia o céu estrelado. No tigre, havia uma coleira, com um brasão que tintilava conforme ventava e brilhava por causa da lua.
O brasão era uma pomba com um ramo de oliveira, era o brasão da casa dos Cartier. Se estremeceu, sentindo a brisa fria batendo contra a pela exposta dos ombros e busto.
— Brigete. — me chamou com uma voz grave e ao mesmo tempo rouca. — Tenho uma proposta para tu.
Ele estava logo atrás dela, ela não olhava seu rosto, olhava para o tigre. Até ele encostar sua mão nas costas dela.
A moça se virou e o encarou, corada.
— Tu ficarás aqui, pelo tempo que desejar, sem que ninguém saiba. Porém, pensará na proposta do Duque Laurent. — Ela ergueu uma das sobrancelhas.
— Se é só isso. — Arqueou a boca. — Posso até aceitar, mas não pense que somos amigos, Cartier.
— Deus me livre de ser teu amigo. Estamos fechando um negócio, não uma amizade.
Brigite murmurou algo revirando os olhos, sem querer dando um sorriso, sem que seu companheiro visse. Fechou a cara novamente e se virou para ele, com as mãos sob o colo.
— E como iremos fechar esse negócio? — perguntou inocentemente, imaginando que ele entregasse algum papel ou algo assim.
Ele relaxou sua feição, erguendo o canto dos lábios. Um passo mais próximo, o coração da moça acelerou.
Dois passos...
Três passos...
Ela começou a sentir o hálito quente do lorde, contra sua face. Suas bochechas e lábios começaram a queimar.
— E que tal assim? — sugeriu com voz calma e sensual.
Ele se inclinou e aproximou sua cabeça, para o rosto dela. Seus olhos devorando aquela boca grande, mas do contrário do que ele mesmo esperava, beijou a bochecha dela, apertando sua mão.
Quando ele se afastou, pode ver ela corando cada vez mais e mais.
— Nun-nunca vi assinarem negócios assim. — se manifestou nervosa.
— Nunca mesmo. É a primeira vez que vejo também. — ronronou sorrindo como um maroto.
E aquela noite se seguiu sem mais eventos surpreendentes.
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A Duquesa Perdida (NOVELETA)
Historical FictionBrigite Moreau não sabia quem era. Adotada por um casal de baroneses e o diamante da temporada em Versalhes. Seguia sua vida normalmente, com tal informação de que não pertencia de facto à família a qual cresceu, vivendo em extrema agonia. Toda...