IX. Festa

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𝐀𝐢𝐬𝐡𝐚 𝐌𝐞𝐫𝐜𝐮𝐫𝐲

Era impressionante como apesar de preferir usar roupas comuns na festa, eu não conseguia terminar de me arrumar ou decidir o que vestir em momento algum.

Eu já havia trocado de sapato incontáveis vezes até que Anastácia perdeu sua pequena paciência e atirou um par de tênis pretos simples em mim, pegando em meu rosto e dizendo para eu calça-los ao invés de continuar em tamanha dúvida.


- E não é que as velhas desse bairro estavam certas ao falarem que Deus é pai? - minha amiga ri fraco ao me ver sair do banheiro.

- Eu achei que você fosse atéia.

- E sou, mas para você sair desse banheiro foi preciso de uma oração braba para todos os deuses, como: Jesus, Oxalá, Buda, Alá... E não é que fizeram milagre mesmo?

- Você não existe mesmo. - dou risada.
- Mas nem ouse reclamar, não levei tanto tempo assim. - lhe entrego a chave de meu carro.

- Imagina se tivesse. - a vejo revirar os olhos e fomos ao meu carro e ela começa a dirigi-lo.

- Você só reclama mesmo. - bufo.

- Isso é porque você é a única pessoa que tenho para encher o saco. - rimos. - Eu tenho uma pergunta.

- Pois a faça.

- Como são as festas nos países em que você morou?

- Bom, eu acho a Alemanha um pouco conservadora devido o nazismo há alguns anos atrás, e por isso os jovens não seguem tanto essa ideia de festa regada a drogas mas eu já fui a algumas pois sempre andei com más companhias, não é atoa que estou com você aqui. - ri e ela me deu um soquinho no braço. - mas não curtia muito, eu era muito antissocial e logo parei de ir.

- Idiota.

- Brincadeira a parte de você ser má companhia, sabe disso. Na Arábia eu não cheguei a ir em festas nesse estilo porque só morei lá durante a infância, porém lá é um país controlador, tanto que as mulheres não podem dirigir nem sair na rua se não acompanhada por um homem, fora que também não é comum que alguém além do marido veja alguma parte do corpo além do rosto, por isso a existência daquela roupa que cobre o corpo todo menos o rosto.

- Credo! Nunca me leve lá.

- Mas apesar disso tudo, as vezes eu sinto falta de poder falar meu idioma nativo com as pessoas. Eu já perdi as contas de quantas pessoas aqui já zoaram o meu sotaque alemão ao falar inglês.

- Pensa pelo lado positivo, você sabe falar quatro línguas e duas delas são as mais difíceis do mundo, já essas pessoas que te zoam nem banho direito tomam.

- Tens razão. Agora eu tenho um bom argumento quando tirarem sarro da minha cara.

- E quanto a Inglaterra?

- O que tem ela?

- Você não disse como são as festas lá.

- Eu gostei apesar de ter ido em poucas. Fui com meu pai e ele fez com que eu me divertisse a noite toda, a companhia dele é realmente incrível. E depois que ele fica bêbado é melhor ainda, você tinha que ver, a cada segundo ele trazia um homem diferente dizendo que era um bom partido para mim. Passavam segundos e ele aparecia com outro sem eu nem ter terminado de conversar com o que havia apresentado instantes antes.

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