Capítulo 2 - Trip Wiley

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Eu estava sentada na aula de Literatura no quinto período da Sra. Mason quando aconteceu. 


 Era apenas a segunda semana da escola nova, meu último ano (finalmente!) na ultraprestigiada St. Nicetius Parochial High School - desde que era a única escola católica na cidade, era referida menos formalmente como "St. Norman's" - e eu já estava contando os dias até minha formatura. Cinco a menos, cento e setenta e cinco ainda para passar. 


Não é que eu não gostasse da escola. É só que o clima estava ainda perfeito em setembro e era difícil voltar para o modo aluno com o sol brilhando tão maliciosamente pelas janelas abertas da minha cela de concreto amarelo manteiga; o calor de um raio de sol contra minha pele me provocando com um quase audível tique-taque, como o fim do verão contando regressivamente 

suas horas finais. 


 Eu estava olhando para fora, pegando o cheiro do calor, grama cortada e pensando sobre dar um mergulho na piscina no fim do dia. A piscina era meu refúgio, o único lugar que eu podia ir sempre que eu quisesse bloquear o mundo. Viver em New Jersey permitia apenas uma janela de cinco meses para saciar essa atividade, mas meu pai, às vezes, tinha misericórdia de mim 

durante os meses de inverno e fazia alarde num passaporte de um dia para a piscina do Jewish Y. Sendo setembro, no entanto, eu sabia que eu tinha pelo menos mais algumas semanas antes que isso se tornasse um problema. Eu tinha conseguido a rara tarefa de nadar algumas voltas antes da escola naquele dia, acordando antes do meu alarme sequer tocar, permitindo alguns 

minutos extras para dar um mergulho rápido. Virei o rosto sobre meu ombro e respirei, pegando uma pitada de cloro através da blindagem do Aqua Net27 no meu cabelo, oferecendo uma pequena promessa da preguiçosa, flutuante tarde por vir.  


Eu tinha tido um encontro ruim com o sol umas semanas atrás, o que listrou o meu cabelo castanho escuro com nojentos tons de laranja queimado. Minha melhor amiga Lisa, depois de rir histericamente da minha situação, veio e me ajudou a pintar o cabelo de volta a minha cor natural. Eu teria considerado muito prestativo se não fosse pelo fato que Lisa foi quem insistiu que eu fosse à cobaia para aquela marca particular de clareador de cabelo em primeiro lugar. 


Eu estava olhando melancolicamente para a luz do sol fora da janela, sonhando acordada sobre trabalhar no meu bronzeado, dirigir por aí no velho LeBaron caindo aos pedaços da Lisa com a capota baixada ou dar mais algumas voltas na piscina assim que eu chegasse em casa depois da escola. 


A segunda campainha não tinha tocado ainda e eu já estava viajando em outra dimensão, jogada na minha cadeira, esperando pela Sra. Mason chegar à parte dois de Romeu e Julieta. Eu tinha lido todo o livro durante o fim de semana, um fato que eu fui forçada a guardar para mim mesma considerando as específicas instruções de Mason de nós não lermos adiantado. 


Meus ouvidos se alertaram quando eu ouvi a Sra. Mason falando acima do barulho de uma classe ainda não sossegada. — Obrigada. Você pode pegar aquela mesa, atrás da senhorita Warren, na janela. — Professores sempre tentam transmitir alguma ilusão de respeito nos chamando pelos nossos sobrenomes. 


Meus pais tinham me selado com o infeliz nome de Layla. Meu pai tinha sempre explicado que a minha mãe estava no meio de uma grande fase rock-and-roll nos anos próximos ao meu nascimento, o que explica, mas não justifica o fato do nome do meu irmão ser Bruce Springsteen Warren. Eu não estou brincando. 

Remember When - T. TorrestOnde histórias criam vida. Descubra agora