Dizer que eu fiquei chocada seria um eufemismo.
Olhei para ele da segurança de meu assento, enterrada nas sombras onde eu podia ver,
sem medo de ser vista.
Era estranho ver Trip lá em cima, perfeitamente em casa, indo de uma borda da cena para
a outra. Sentei-me ali, paralisada pela visão dele no palco. Ele parecia tão lindo em seu terno e
chapéu que quase colocou Brando à vergonha. E meu Deus, o cara podia atuar de verdade! Ele
ainda conseguiu um sotaque certeiro de Nova York. Nada mal para um garoto que só tinha vivido
aqui por pouco mais de meio ano. Na sua segunda cena, você podia sentir a sintonia da plateia,
segurando a respiração com antecipação, absortos pelo desempenho que ele estava dando.
Uma vez que ele começou a cantar "Ill Know", eu percebi que não só ele podia atuar, mas
ele realmente podia cantar também. Eu assisti com inveja quando ele beijou Heather Ferrante,
mas ri junto com a plateia quando ela lhe deu um tapa. Quantas garotas teriam amado ter feito
isso com ele ao longo dos anos?
Eu tinha a mais ridícula culpa sobre nem saber o que estava acontecendo com Trip nos
últimos meses, ele estava trabalhando arduamente, obviamente, dando tudo de si para tal esforço.
Sabendo o quão perfeccionista ele tinha sido ao longo de nosso filme estúpido de Shakespeare,
eu não poderia imaginar o quão obcecado ele teria sido durante a preparação para algo como isto.
Eu ficava pensando que eu não estava lá para ajudá-lo com isso, não ser capaz de ser o seu alívio
cômico durante a labuta sem fim de ensaios, não estar lá para encorajá-lo através dos momentos
frustrantes que eu sabia que ele tinha encontrado durante o trajeto.
Obriguei-me a largar meu remorso, pelo menos até a próxima hora mais ou menos, a fim
de apreciar o show. Eu decidi que era o seu grande momento e eu não queria estragar tudo
deixando me distrair com meu cérebro hiperativo, assim eu empurrei os pensamentos
egocêntricos de lado e foquei apenas no que estava acontecendo no palco.
Sorri quando ele dançou com Heather/Sarah e ri quando ele teve sua cena de briga enorme
com Big Jule. No momento em que ele irrompeu com "Luck Be a Lady", ele já tinha me
conquistado; eu tinha sido cativada por todos os seus movimentos, me apaixonei por cada palavra
sua.
Era devastador só de olhar para ele.
Havia algo tão bonito sobre ele, um brilho que vinha de mais do que o holofote, e quanto
mais eu olhava, algo dentro de mim começava a doer.
Senti Coop me dar um aperto de mão e até aquele momento, eu não tinha percebido que
eu estava chorando. Tornei-me consciente de que Coop já deve ter notado as poucas lágrimas
traidoras umedecendo minhas bochechas.
Eu sabia que, apesar de minha negação, apesar de qualquer cara valente que eu tinha
vindo a apresentar para o mundo, não importa o quanto eu tentei fingir que Trip não existia... Eu