Destino

Capítulo 15

Maraisa acordou no dia seguinte pela manhã, decidiu que passaria o dia em seu quarto compondo, selecionando músicas, por mais que tentasse não trabalhar e descansar, a mente não conseguia. Na parte da tarde, Malu acabou avisando que havia chegado bem, Maraisa acabou não ficando muito de conversa porque sabia que ela tinha coisas a fazer. Depois de um tempo, a campainha do seu quarto toca e ela levanta para ver quem seria.

— Oi, minha vida. Vim ficar um pouquinho com você, posso? — Perguntou Maiara, dando um abraço carinhoso na irmã.

— Claro que pode, irmã. Estava mesmo precisando conversar um pouco — disse Maraisa um pouco triste caminhando para sentar na cama com Maiara.

— O que houve, irmã? Que carinha é essa? — perguntou Maiara.

— Acho que estou apaixonada — disse levando as mãos ao rosto.

— Não estou entendendo essa sua cara, isso é motivo para ficar feliz, para comemorar — Maiara disse fazendo vários gestos.

— Maiara, e se não der certo? Ela mora no Rio e eu por aí. Ela é anônima, não vai entender essa rotina louca que a gente vive. Ela tem um trabalho normal — disse Maraisa dando ênfase ao "normal".

— Irmã, pelo amor de Deus. Até quando você vai ficar se auto sabotando? Chega dar raiva de ver o quanto você é linda, incrível, tem o mundo aos seus pés e não se permite viver — disse Maiara olhando bem dentro dos olhos de Maraisa — Meu, você já está solteira há anos, vai ficar assim até quando? Você acha que isso é bom? Qual é a graça de viver sozinha? — completou.

— Mas eu tenho você — Maraisa falou com os olhos cheios d'água.

— Isso você pode ter certeza que sempre vai ter, mas você precisa de amor, irmã. Você precisa de sexo — Maiara deu uma gargalhada para descontrair — E daí que ela é anônima? E daí que você vive na estrada e ela tem um trabalho "normal"? — Fez aspas com os dedos — E daí, Maraisa? Se não der certo termina, mas não pode é deixar de viver — finalizou.

— Ela é tão incrível, sabe? Mas depois que ela foi embora, fiquei com medo do que virá — Maraisa falou enxugando uma lágrima que caiu de seus olhos — Não estou pronta para o mundo, para os julgamentos e acho que ela não entenderia isso. É muito ruim você esconder quem você é por medo do meio machista que vive. Tenho medo de perder nossos fãs, nossos contratos, medo de tudo — as lágrimas não paravam de rolar.

— Eiiii, eu sei que depois que perdemos a Marília todos os nossos medos vieram à tona, mas a vida é hoje, é agora, vai com medo mesmo — disse Maiara estendendo o braço para limpar as lágrimas de Maraisa — Eu quero te ver feliz, irmã. Eu quero te ver com meus sobrinhos fazendo farra, eu quero que nossos filhos sejam criados como irmãos, quero viajar o mundo com nossas famílias. Não deixe esse medo te impedir de viver tudo isso, está bem? — deu um sorriso — Eu não acho que a sua opção sexual vai influenciar na nossa vida profissional, mas quero que faça tudo no seu tempo e eu estarei aqui quando você quiser gritar pro mundo. Só não deixa o tempo passar porque depois disso só virá arrependimentos e esse é o pior sentimento que existe. Eu estarei com você e se tiver que enfrentar o mundo por você, eu enfrento. Agora vem aqui — ela puxou Maraisa e as duas deitaram na cama abraçadinhas. Maiara ficou ali fazendo carinho na irmã, limpando suas lágrimas que teimavam em cair e cantando para acalmá-la. Elas ficaram ali um bom tempo, em silêncio.

— Ei irmã, eu te amo. Minha vida não teria o menor sentido sem você — disse Maraisa.

— Você que é o sentido da minha vida, eu te amo mais — Maiara respondeu apertando Maraisa em seus braços — Agora eu acho que sei uma coisa que vai te deixar melhor.

— O que? — perguntou Maraisa.

— Pizzaaaaaaaaa — respondeu uma Maiara feliz.

O resto do dia foi cercado de muita conversa e brincadeiras entre elas, Maiara fazendo tudo para ver a irmã sorrindo. Terminaram o dia assistindo filme e acabaram adormecendo juntas.