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"Eu sei que você está hesitante porque mesmo que você diga a verdade.
Eventualmente, todas elas voltam em forma de cicatrizes.
Não vou dizer coisas óbvias, como seja forte.
Eu vou te contar, te contar a minha história. "

~ Magic Shop - BTS

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[2644 words]

⚠︎ Atenção: Este capítulo contém gatilho de Ansiedade, Síndrome do Pânico e Agressão física/verbal.

Itachi se encontrava sentado no sofá que tinha em sua silenciosa sala, enquanto lia algum livro aleatório que havia pegado emprestado na biblioteca de sua universidade. Às vezes se pegava divagando por seus pensamentos e acabava precisando voltar ao início dos parágrafos.

A vida do garoto nunca fora fácil, perdeu a mãe no nascimento de Sasuke e logo em seguida o pai, em um acidente de carro. Porém, por mais que ouvisse todos de sua família dizendo que aquilo tudo era culpa de seu irmão mais novo, não conseguia odiá-lo.

Se lembrava perfeitamente do dia em que viu Sasuke pela primeira vez. Suas mãozinhas eram minúsculas -não que as dele fossem enormes, afinal, tinha apenas quatro anos na época-, seus olhinhos escuros e brilhantes lhe encaravam com curiosidade. O bebê parecia sonolento e logo uma enfermeira se aproximou para fazê-lo adormecer. Itachi fez uma promessa naquela hora, dizendo que jamais deixaria que algo de ruim acontecesse com ele e que o protegeria de tudo e todos.

Após terem perdido seu pai, ambos foram encaminhados para seu tio paterno, Tajima. Não o conheciam direito, mas não tinham muito oque fazer, visto que ninguém de sua família se dispôs a cuidar dos garotos órfãos. Entretanto, se fosse possível voltar no tempo, Itachi com toda certeza do mundo o faria, para poder escolher ir para um orfanato.

Sua vida era um verdadeiro inferno graças ao seu novo responsável. No começo era tudo as mil maravilhas, visto que eram apenas crianças e não sabiam o significado das coisas estranhas que seu tio fazia ou falava. Porém, assim que completou seus dez anos, Itachi começou a perceber que os diversos adjetivos que o mais velho usava para se dirigir a si e seu irmão, não eram nada mais nada menos que xingamentos, os piores que existiam.

Cansado de ter que aguentar aquele tipo de tratamento, o garoto passou a ficar o máximo de tempo na casa de seus colegas, não tinha amigos verdadeiros, mas se esforçava a cativar outras crianças para que pudesse ter um refúgio para fugir de sua situação lastimável. Contudo, não percebeu que o fato de ter se afastado de casa, havia trazido ainda mais problemas para seu irmãozinho, o qual passou a ser o alvo de todas as coisas horríveis que seu tio costumava fazer.

Se sentiu extremamente mal quando chegou em casa de noite em um dia comum do meio da semana, e se deparou com Sasuke dormindo encolhido no sofá. Estava muito frio por acabarem de entrar no inverno, e o mais novo não tinha nenhuma coberta acima de si, nem mesmo travesseiro ele usava. Os bracinhos cheios de marcas avermelhadas –que provavelmente ficariam roxas em breve– apertavam fortemente um ursinho de pelúcia, um muito bem conhecido por Itachi.

Havia ganhado aquele brinquedo de sua mãe, quando a mesma ainda era viva e estava grávida de Sasuke. Assim que o mais novo completou cinco anos, Itachi lhe presenteou com a pelúcia, não tinha dinheiro para comprar algo ao irmão, então decidiu entregar seu melhor amigo Mangekyou.

Ver seu irmãozinho precioso dormindo serenamente no frio, com marcas de lágrimas no rosto e machucados pelo corpo, fez seu coração apertar. Havia prometido que o protegeria de todo o mal, mas não o fez. Enquanto seu irmão passava pelas piores coisas em casa, Itachi se divertia brincando e rindo com seus falsos amigos.

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