Capítulo 12 "Imbreagez"

27 5 1
                                    

Escuro. Estava tudo escuro.

A minha consciência vagava na inércia do breu. Ficou assim por um período indeterminado.

Pesado e sem reação — não havia nada na minha cabeça.

A minha consciência era apenas o infindável mundo do nada.

Até que decidi acordar...

《《《《《《《《《《《《《《《《《

A sensação de acordar eram sempre como emergir do fundo do oceano.

— ......

Minha cabeça dói. Meu corpo dói ainda mais. Não sei onde estou e sinto-me mergulhada em um monte de pilhas de telhas. Espera, telhas?

Com olhos abertos eu tento erguer meu torço. Era aquele esforço básico quando você está todo rígido no alongamento.

Só que aqui era bem pior.

— Ai... Minha cabeça tá oscilando muito.

Um desgaste anormal me consumia por inteira. O que houve?

Lembro-me de fugir para a vila mais próxima. Batalhar contra o Sebastian usando limões e correr muito.

— ......

Algumas lembranças estão ofuscadas, mas a sensação de talvez ter me sentido muito bem permanece, ao menos lá no fundo.

— Bem é? Eu me sinto horrível...

De nada adianta ter se sentindo um pouco "bem" sendo que agora eu estou só o bagaço. Maldição...

Depois eu penso nisso, preciso saber onde estou.

Olhei ao redor, e nessa pilha de destroços percebi que estava dentro de um casebre pequeno. Era tudo escuro e o cheiro viciado entrava em minhas narinas.

A única fonte de iluminação que eu tinha era a fraca luz alva que vinha de cima. Sabendo disso, decido erguer a cabeça e ver.

Ali estava um enorme buraco no telhado desta casa, e a própria lua olhando pra mim.. Ela era verde, e me chamava muito a atenção.

Tão enigmática e tão bela. O esverdeado dando um tom de mistério — algo oculto como um rubi proibido... Essa era a lua olhando para mim de forma serena e majestosa.

— ...Ah...

Senti-me tonta e meus olhos doerem um pouco. Parece que a sensação de levantar a cabeça causava-me vertigem.

Minha mente estava embaralhada e parecia que um fluido escorria direto do cérebro pelo nariz.

Coloquei a mão e senti o líquido quente.

— Sangue...

Meu nariz estava sangrando um pouco e nada conseguia pensar. Devo limpar isso de mim. Uma dama como eu não pode andar por aí com a face ensanguentada.

Limpei-o com a manga e me pus a sair dessa pilha de coisas quebradas.

Tomando cuidado para não despencar, eu pisava em madeiras quebradas. A sensação do pisar era desconfortável demais. Meus pés estão pesados e cansados. Sinto que meu corpo foi levado ao limite.

As botas não ajudam. Há terra e lama seca grudada nelas. Sinto meus pés meio húmidos por dentro.

Humidade...

— Ai que friiio...

Abracei os meus braços com a brisa gelada que sentia e procurei por uma porta. Tenho certeza de que se eu continuar aqui, o dono da casa irá se enfurecer muito. É melhor eu sair sem dizer nada a ninguém.

Na verdade, pensando agora, eu devo ter feito um barulhão ao cair dos céus, não?

— Por que dos céus...?

Minha mente embriagada não consegue se lembrar. A queda foi feia pois sinto cotovelos e cortes nas pernas arderem.

Caminho com passos turvos e cansados. Achei uma porta de madeira fechada. Que sorte, ninguém vai ver.

Coloquei minhas mãos nela e...

— Ai!

Como se uma carga elétrica percorresse o meu pulso no momento do contato, eu rapidamente soltei a mão com o susto.

— Que troço é esse? Por que agora?

Acariciando a mão dolorida eu olhava para a maçaneta e me questionava seriamente.

Eu tenho certeza que senti uma carga elétrica vim sobre meu ser. Mas se assim for, isso torna a minha passagem inutilizada!

— Isso não tá certo. Algo me cheira mal e não sou eu.

Pra início de conversa: quem que colocaria um sistema de defesa desse jeito? Não sabia que a tecnologia desse mundo era tão avançada... ou melhor... precavida.

Será que em todas as casas é assim?

— Se bem que a casa do Sebastian não era.

Lembro de ter pegado em várias maçanetas pela casa enquanto bisbilhotava a vontade.

E agora isso é só uma memória.

Lembrei dos seus olhos vermelhos com sede de sangue descomunal mirando a minha alma. Naquele instante, eu estava tão indefesa...

— Mas que raios.

Chacoalhei a cabeça pra me livrar disso, e fui atacada com mais dor, o que me força a suportar preocupantemente.

— É melhor eu sair logo daqui.

Não sei onde e nem como o Sebastian está, mas acho melhor não me encontrar com ele novamente — algo me diz que não é bom.

Na procura de algo novo, eu olhei ao redor. Era uma pequena casa e a visão estava difícil, mas eu conseguia ver coisas como garrafas diversas e livros em uma estante.

Girando mais o olhar rondando a casa, vejo uma lareira na chaminé. Será que da pra sair por ali?

— Não custa nada tentar.

Vi que em alguns filmes, os personagens subiam pela lareira como se fosse fácil. Portanto, se realmente for, eu conseguirei subir e sair por cima.

Movi meus pés cansados até a lareira e me agachei ali. Imediatamente o cheiro de cinzas invade minhas narinas. Parece que é muito usada. Consigo ver troncos completamente queimados.

Seria uma ação que exigiria muito de mim. Eu conseguiria?

Acho que sair infiltrada na chaminé é o mais stealth que eu consiga exercer em uma situação ruim dessas. Não vi outra porta a não ser a que tem a trave elétrica.

E não quero ficar aqui e esperar o dono para dizer "quebrei o seu telhado caindo do céu e estou indo embora. Passar bem!".

Na verdade talvez seria realmente algo que eu faria...

Enfim, vamos subir a chaminé!

— Tá legal. Vamos lá...

Engatinhei até por a minha cabeça para dentro desse local fedorento e...

— Nem pense nisso, aroo!

— Yaah-... Uegh!?

Escutei uma voz que me fez bater a cabeça com o susto. Era como se todos os ossos do crânio rachassem agora.

— Ai, ai, ai, ai, ai... Que merda foi essa!?

Passei a mão rapidamente entre os cabelos loiros no lugar dolorido. E então a voz surgiu do lado, novamenye.

— Haha, otária! Otária!

Era uma voz irritante que me dava nos nervos. Parecia até um...

— Quem é que tá falando como se fosse um...

Quando ergui o rosto, vi em cima de um cabide. Era negro e tinha penas.

— Tá falando sério...?

...Um corvo me olhava na escuridão da noite.

Me Tornei A Elfa Mais Poderosa Em Um Mundo de Fantasia! (Web Novel)Onde histórias criam vida. Descubra agora