Capítulo 01

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- Juliette, uma das meninas disse que o recheio daquele bolo de casamento não está legal.

- Calma, deixa que vou olhar.

Juliette correu pra ver o recheio, mexeu com uma colher de pau e adicionou alguns ingredientes. Em minutos estava espesso e macio. - Pronto, deixe ferver e desligue o fogo. - falou com a doceira e saiu. - Ô mulher arretada!

- Se precisarem de ajuda me chamem.

Juliette voltou para seu escritório. Tudo nele era a sua cara, nada rebuscado ou exagerado. Os poucos detalhes que tinham, eram sóbrios e sérios. Não dedicava seu tempo a futilidades. Sentou e recomeçou o cardápio novamente, minutos antes de sair da sala haviam ligado pedindo um coquetel completo para um evento em uma empresa de publicidade, a Rio Quality.
"Bom, eles pediram qualquer coisa com camarão, querem um canapé brasileiro, então vou usar carne seca.- falava sozinha. - No jantar acho que truta ao molho de... ''

- Falando sozinha, daqui a pouco é babar na gola e rasgar dinheiro. - chegou Carla falando com a amiga e chefe.

- Oi Carla, estou construindo o cardápio do coquetel da Rio Quality.

- Ui, que chique! Pra quando?

- Final de semana, sexta-feira, mais precisamente. Temos duas semanas pra isso.

- Moleza pra gente.

- Sabe que fiquei ansiosa? É a agência de publicidade mais famosa do país e esse coquetel deve receber gente de todo canto do mundo. Tenho que fazer bonito.

- Você sempre faz, fica tranquila. Seu nome corre o Brasil também tá?! Quem não conhece Juliette Freire ?

Carla falou e saiu e a deixou totalmente nostálgica.
Juliette havia saído de casa com dezessete anos, sua mãe havia descoberto sobre sua sexualidade.
Nem seus pais e familiares mais próximos aprovaram, então ela se mudou de uma cidade do interior de Minas Gerais para Niterói. Sempre tivera talento na cozinha e seu primeiro emprego lhe rendeu a confiança do chefe, dono do restaurante. Com isso pode fazer cursos e se aprimorar, foi passando de lanchonete à restaurante de alta gastronomia até abrir seu buffet. Não quis abrir um restaurante próprio, mas um café e que se tornara um dos mais aconchegantes e frequentados do Rio de Janeiro. Agora com quase trinta anos, ela tinha uma vida consolidada, era famosa no ramo e carregava muitas conquistas em sua bagagem. Só faltava amar alguém de verdade. E isso pra ela estava fora de cogitação.
Carla entrou novamente em sua sala e a interrompeu.

- Quero saber se hoje você vai a inauguração daquele restaurante?

- Claro, se eu não for, Arthur me frita na chapa. – riu.

- Então vou confirmar sua presença. Eles tão ligando direito, ou tá muito cheio ou vazio demais. Pela insistência. – fez uma cara debochada.

- Com certeza está cheio, depois que jantar lá, nunca mais vai querer comer em outro lugar. Ele é o melhor.

- Seu concorrente!

- Não vejo assim, aqui tem espaço pra todo mundo e ele seguiu pela culinária italiana. Estou mais pra brasileirinho, feijão com arroz. - sorriu.

- Ah sim, se servisse feijão com arroz aqui, teria uma fila de 10 quilômetros na porta. - riram as duas. - Vou confirmar sua presença e a minha ta? Não serei crítica de gastronomia, mas aceito um pratinho pra experimentar. - brincou e saiu fechando a porta.

Juliette achava graça das piadas de Carla. Desde que montarar o café ela era sua funcionária e sempre a surpreendia positivamente. Tanto que se davam muito bem juntas. À noite iriam ao restaurante de Arthur, amigo de muitos anos e Juliette faria uma reportagem depois da inauguração para o jornal onde tinha uma coluna gastronômica. Tinha fama de ser implacável em suas críticas. Terminou seu cardápio e arquivou para providenciarem os ingredientes na semana seguinte. Gostava de sair para comprar a maioria das coisas do restaurante, mas algumas tinha que passar para os funcionários, caso contrário não daria conta de tantos compromissos.
A noite, em casa, se preparava para sair quando Carla ligou.

MEDIDA CERTA |SARIETTE |ADAPTAÇÃO| CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora