Capítulo 23

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Sarah virou as costas e saiu, nem se deu ao trabalho de bater a porta. Carla que vinha de sua sala passou por ela, mas não teve tempo de perguntar nada. Entrou na sala da chef sem entender o que acontecia.

- O que tá acontecendo aqui? Vocês estavam numa boa, de repente Sarah sai que nem uma bala e você chorando. Quem era aquela mulher?
Diante de tantas perguntas, Juliette desabou na cadeira, debruçou na mesa e escondeu a cabeça como se quisesse se esconder do mundo. Carla ficou esperando as respostas ainda de pé.

- Ela é minha ex... Viviane .

A secretária acabou se sentando, sabia que a conversa seria demorada.

- Meu Deus que loucura!! Como ela te achou?
Se soubesse quem ela era, não teria deixado entrar, mas ela disse com tanta convicção que te conhecia que até pensei que seria alguém da sua família.

Juliette riu pensando em sua família, seriam as últimas pessoas no mundo a lhe procurar.

- Ontem à noite estava no apartamento com Sarah e desci pra comprar um remédio pra febre dela. Quando saía da farmácia esbarrei com Viviane . Levei um susto, nunca poderia imagina reencontrá-la aqui no Rio. Ela quis conversar, mas eu cortei logo e subi de volta pro apartamento.

Carla escutava tudo atentamente.

- Confesso que pela primeira vez, depois que saí de casa, me vi com medo de alguém. Saí correndo e entrei no prédio, era como se estivesse fugindo do diabo.

- Ela disse por que está no Rio?

- Eu não perguntei, não quero saber dela. - falou brava.

- Sarah ouviu seus gritos e acho que ouviu o que ela disse, porque eu, que estava dentro da sala ainda, ouvi.

- Não me importa se ela me ama, o sentimento dela não me interessa agora.

- Ainda gosta dela amiga? - Carla nem perguntou em tom de reprovação, queria mesmo saber, não estava julgando.

Juliette ficou olhando para o cartão que a ex tinha lhe dado, na sua cabeça passou um filme.
O primeiro encontro com Ariana, o primeiro beijo, a primeira vez que fizeram amor até se lembrar do dia que havia descoberto a traição e quando ela lhe dera um fora.

- Eu já amei muito, acho que a amei até o dia em que conheci outro amor. - as lágrimas voltaram a descer de seus olhos.

- Se você ama Sarah, porque nunca disse a ela que a ama?

- Não sei, sou muito travada, tenho plena certeza de que melhorei, mas ainda não consigo me soltar.

- Se entregar eu acho. Tem medo de ser abandonada de novo. - não era uma pergunta e sim uma constatação. - Eu acho que ela não faria isso, iria me decepcionar muito. Os olhos dela brilham quando estão juntas e talvez não percebam, mas ela sorri involuntariamente quando te vê.

Juliette se sentia confusa novamente. Queria ficar com Sarah, ao mesmo tempo em que queria tempo para mostrar a Viviane tudo que havia mudado em sua vida e nela mesma. O problema era que se fizesse uma coisa, perderia outra.

- Não pode ter as duas. - Carla pareceu adivinhar seus pensamentos.

- E nem quero. - respirou fundo. - Quero só uma... - se levantou, pegou suas coisas e saiu. - Por hoje não faço mais nada. Diga a Mariana e Isabela que estão no comando, se precisar só atenderei no celular.

Saiu pela cidade dirigindo, pegou a ponte e foi parar em Niterói. Conhecia bem a cidade e não teve problemas em achar um lugar tranquilo pra pensar na vida. Não quis ir pra casa por achar que uma das duas iria procurá-la. Chorou por um longo tempo. Por tudo que tinha passado, pelos apertos que a vida lhe impôs. Pra chegar aonde chegou passou fome, ouviu vários nãos e teve de lavar muito prato, atender inúmeras pessoas, engolir desaforos e sorrir assim mesmo. Sabia que hoje tinha tudo materialmente falando, mas não tinha paz em seu coração. Soube o que era isso quando se deixou apaixonar por Sarah. Seus lábios esboçaram um sorriso quando se lembrou dela, dos carinhos, das frases doces que ela lhe dizia.

MEDIDA CERTA |SARIETTE |ADAPTAÇÃO| CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora