Capítulo catorze - Sensações e beijos

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Amor.

A palavra nunca teve significado para mim. Se apegar a uma pessoa, amá-la, ter sentimentos por ela, tê-la como porto seguro e gostar de tê-la por perto eram coisas que eu sabia que nunca sentiria. Pelo menos, eu não queria sentir.

Pra que eu precisaria? Um psíquico com poderes poderia ter oque quiser, eu poderia ter simplesmente tudo, pra que esse sentimento?

Sempre pensei que fosse ridículo um sentimento como esse. Talvez pela forma a qual era retratado nos programas nada populares, que mostrava uma coisa completamente clichê e que não tinha a menor química, mas também por eu nunca ter conseguido de fato ter sentimentos por alguém, sentir as famosas borboletas na barriga ou simplesmente me atrair pela beleza e personalidade de alguém, todos pareciam ser insignificantes e comuns, comuns demais para mim.

O amor era uma coisa perigosa, pelo menos em minha visão, depois de presenciar Reita correr atrás de garotas apenas para preencher o vazio que tinha por dentro em busca de um sentimento que não existia e queria ter, e Chiyo, que havia se apaixonado por Kaido, levando foras do idiota que nem entendia o que ela queria, fazendo com que a garota acabasse desistindo de correr atrás.

A paixão parecia transformar o mundo em um jardim, tão atraente que era fácil se esquecer de que pétalas de rosa eram tão efêmeras quanto sentimentos, que após algum tempo elas iriam murchar e morrer, não deixando nada além de espinhos.

Mas eu não era idiota pra não perceber oque vinha acontecendo comigo. As tão famosas sensações da paixão haviam dominado meu corpo e mente a algumas semanas atrás, crescendo cada vez mais aos poucos.

Essa teoria simplesmente foi aprovada por mim quando me tranquei no banheiro e liguei para minha mãe, dizendo os sintomas que estava sentindo e que provavelmente estava ficando louco ou que estava com alguma doença, mas minha voz de preocupação foi abafada pela risada entusiasmada da mulher.

Ela foi paciente em me explicar o que eu realmente sentia, me fazendo ter essa grande teoria. Ela parecia ter poderes iguais aos meus, porque quando terminou de falar sobre a paixão e os malditos hormônios disse com todas as palavras entre risadas: "Você sente isso quando está perto da Yumi, não é"

Eu não era burro pra não perceber. Mas era confuso demais para mim, ignorando totalmente as sensações estranhas que faziam meu corpo arrepiar todas as vezes que Yumi se colocava ao meu lado, um sorriso gigantesco estampado nos lábios rosados.

Agora estava eu, arrumando minhas malas com meus pensamentos sendo direcionados na prateada, que insistia em me fazer ter uma grande confusão dentro de mim, me fazendo ajeitar as coisas como uma forma de esvaziar a mente.

-Porque está arrumando as malas agora, Saiki? Não vamos embora hoje. -Hairo disse, estranhando minhas roupas estarem sendo colocadas na mochila como se faltasse apenas alguns minutos para voltarmos para nossas casas.

-Mas iremos amanhã. Estou apenas adiantando o trabalho que teria no dia seguinte.

-Exatamente por isso. Temos que aproveitar nosso último dia de viagem escolar, não arrumando malas. -Ele falou de uma forma como se tentasse me convencer, falhando miseravelmente quando eu simplesmente o ignorei, continuando a colocar minhas coisas na mochila e tentar afastar os pensamentos que invadiam minha mente mesmo sem que eu queira. -Vamos, Saiki! Todos combinaram de ir às ruas da cidade pra fazer umas compras e ver mais alguns lugares que não tínhamos ido, então larga isso aí e vamos logo!

Ele percebendo que eu não o escutava segurou a gola da minha camisa na parte de trás e começou a me arrastar pelo quarto, saindo do cômodo enquanto me puxava, fazendo meu corpo deslizar pelo chão frio do hotel.

Outra Psíquica - Kusuo SaikiOnde histórias criam vida. Descubra agora