Sodo (Dewdrop) on.
Era a primeira semana de férias da banda, e em todos os dias os meus amigos, de dentro e fora da banda, vinham me visitar. Por mais que eu sempre falasse que não tinha acontecido nada de mais, eles se preocupavam comigo, e isso me deixava muito feliz. Era bom saber que eu tinha com quem contar em momentos ruins.
Em uma certa tarde, estava deitado no chão da sala com meu violão sobre meu peito, dedilhando algumas notas, quando de repente formei uns acordes muito legais. Corri para a escrivaninha pegar um caderno e uma caneta e anotei antes que esquecesse. Sentei de pernas cruzadas e tentei seguir na composição, mas ouvi alguém tocar a campainha.
Droga! Espero que essa inspiração não passe.
Deixei o violão sob a mesinha de centro, e guardei o caderno na gaveta da mesma.
Quando abri a porta, meu coração quase pulou para fora da minha garganta.
-Rain!?
-Oi, Dew! –ele me abraçou- como você está?
Apertei abraço, senti o perfume maravilhoso dos cabelos recém-lavados.
-Estou bem! –desfiz o abraço, e dei um passo para trás- entra...
Ele assentiu, tirou seus calçados, e entrou.
Aahhh aquele perfume maravilho... com sorte, o cheiro dele ficaria na minha sala por um bom tempo.
Ao passar por um dos sofás, ele acariciou Cheader (meu gato).
-Rain, senta! Fica a vontade. Eu vou buscar algo para bebermos.
-Você já pode beber, Sodo? –ele ergueu uma sobrancelha.
-Eu meio que não posso, mas não se preocupe, eu pego uma cerveja para você, e um suco para mim.
-Então eu tomo suco também, para te acompanhar.
-Sério?
-Não! –ele riu.
Mostrei o dedo do meio, apenas para não perder o costume, e fui para a cozinha.
-Também te amo, Dewdrop. –ele gritou da sala.
De novo meu coração acelerou, eu gelei.
Ah Rain, como eu queria que essa frase fosse no sentido realmente romântico.
Aliás, esse apelido Dewdrop foi o Rain quem inventou, para tirar uma onda da minha cara em relação ao meu tamanho, e acabou pegando, então, eu terei um carinho eterno por esse nome. E não nego que todas as vezes que alguém me chama assim, eu só consigo lembrar dele.
Oh my fucking Rain.
Sou cortado de meus pensamentos com um susto.
-E aí, Sodo? Resolveu morar aqui na cozinha?
Levo uma mão ao peito.
-Filho da puta, quer me matar do coração?
Ele dá risada e senta em uma dos bancos do balcão.
-Quer ajuda aí?
-Não, obrigado por perguntar.
Coloco a lata com certa força em frete a ele.
-Ow, calma aí senhor nervosinho. O médico disse que você não pode se estressar.
-É sério? –Falo com cara de deboche- será que ele sabe que isso não depende só de mim?
Ele abre a lata e toma um gole da cerveja, enquanto eu sento no banco do outro lado da bancada e tomo, infelizmente, um gole de suco.
-Isso é engraçado.
Ergo uma sobrancelha.
-O que especificamente?
-Você, tomando suco –ele ri fraco- parece até uma criança que está precisando de cuidados.
-Claro! Até porque só crianças tomam suco, né idiota?
Ele revira os olhos
-Sodo sendo Sodo.
Rain on.
Decidi visitar o Sodo sozinho, pois queria ter uma conversa mais direta com ele sobre o que de fato aconteceu na noite em que ele simplesmente apagou no show. Fiquei muito preocupado com meu amigo, aquilo deveria ter algum outro motivo além de estresse, porque, muito pelo contrário, ele simplesmente ama estar no palco.
Fiquei observando ele rodar aquele copo de suco enquanto olhava para baixo. Ele estava muito quieto, e isso definitivamente não é um comportamento normal desse idiota.
Resolvi quebrar o silêncio, mas eu não sabia como usar as palavras para começar esse assunto.
-Sabe...
Ele fixou os olhos em mim, esperando eu continuar.
-Naquela noite do show... quando você desmaiou... você não estava estressado, estava? Você estava se divertindo no palco segundos antes...
Percebi que o semblante dele passou de relaxado, para tenso.
-Ah Rain, é complicado! Eu não gostaria de conversar sobre isso.
-Então realmente tem algo a mais, eu sabia! Fala comigo, por favor. Eu quero te ajudar.
Ele voltou a olhar para baixo.
-Eu realmente não estou pronto para essa conversa.
Respiro fundo.
-Isso por acaso tem a ver com...
Ele me olha novamente.
-Com...?
-Você sabe... drogas... álcool... O que o Swiss levou para o palco naquele dia?
Ele sorri de canto.
-Você sabe que no palco só usamos vape, faz parte do show.
-Tem certeza?
-Absoluta! E não, não tem nada a ver com substâncias químicas e ilícitas. Realmente eu passei mal, estava muito quente naquela noite, eu estava eufórico, e isso fez ficar mais quente ainda, resultando numa queda de pressão. Eu sabia que deveria ter comido direito naquele dia.
-Eu posso acreditar nisso?
-Por favor.
-Posso confiar em você que essa é a verdade?
Ele assentiu.
-Eu posso, Sodo?
-Pode, Rain!
-Ok, então fala isso olhando nos meus olhos.
-Ah por favor.
-Vai logo!
-Quer saber? Sua cerveja está esquentando, e eu não vou te dar outra.
Bufei.
-Ok!
-Hey! Não bufa para mim não. –ele fala em tom autoritário.
Ergo uma sobrancelha, me divertindo.
-Por quê? O que você vai fazer?
-Você vai descobrir se fizer isso de novo.
-Coitadinho do Dewdrop, acha que manda! –falo rindo.
-Eu mando em você, Rain!
-Tá bom, Daddy!
-Fala isso de novo!?
Mostro a língua.
-Não!
-Olha... quem mostra a língua quer beijo heim.
Céus. O Sodo vive flertando por brincadeira.
Uma hora eu acabo caindo no papo dele sem perceber.
-x-
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Darkness at the heart of my love - Dewdrop e Rain
FanfictionFanfic sobre Dewdrop (Sodo) e Rain.