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Sodo on.

Fui com o Swiss a um barzinho costumeiro para bebermos, e ficamos conversando até tarde da noite. Eu finalmente consegui desabafar sobre tudo o que estava entalado em minha garganta. No fim, eu precisava daquilo, eu estava mental e emocionalmente cansado. Quando fui embora, fiquei um tempo brincando com o Cheader, e fumando na varanda. Estava um pouquinho frio, mas aquela sensação me fazia sentir algo externo, o que fazia aliviar aquela tensão e confusão interna.

Algumas coisas que ficaram da minha última noite com o Rain ainda estavam em minha mesa de centro, dentre elas, nossa música. Analisei detalhadamente aquela letra, e era claro que tinha muito sentimento em cima dela. Eu tinha a impressão de que aquela música seria afinal, a resposta para tudo... eu precisava mostrar ela para ele, ele ia sentir novamente o que sentiu quando a compôs.

Comecei a toca-la, e arrisquei canta-la, e a cada nota, meu coração acelerava mais. Depois que me conectei ao Rain, comecei a sentir uma felicidade que eu não sentia há anos. Era algo tão puro, e natural, que fluía de uma maneira tão genuína e espontânea... era como se toda a dor que as outras pessoas já haviam me causado simplesmente desaparecesse, eu não sentia medo com ele, e ouso falar que nunca vivi algo tão doce até então. Eu nunca planejei me envolver com ele, mas aos poucos fui percebendo que tudo o que ele fazia me encantava, mesmo que eu não quisesse.

Então, por esse motivo, decidi usar a nossa música como minha maior cartada. Olhei no celular que já era 00:30, e mandei mensagem para o Moutain, avisando que o Rain teria um remédio para tomar naquele horário.

"Não se preocupe, Sodo! Ele acabou de tomar... estou cuidando bem do seu boy."

"Bom mesmo!"

"Vê se relaxa, e boa noite."

"Boa noite, qualquer coisa me liga."

"RE-LA-XA!!!"

Tomei banho, e me joguei na cama! Cheader veio dormir comigo, se aninhou em meio as minhas pernas, e não sei quem pegou no sono mais rápido.

Acordei babando no travesseiro, todo torto, e um pouco assustado. Olhei no relógio, eram quase dez da manhã, minha barriga roncava como um leão, e aquele foi o maior motivo que me fez sair da cama.

Eu estava com uma leve ressaca, minha cabeça doía, eu massageava minhas têmporas na inútil tentativa de aliviar. Fiz um café bem forte, e ovos mexidos, e tomei um analgésico. Eu iria para a casa do Rain depois do almoço, então, depois de comer, tentei dormir novamente.

Não consegui.

Rolei na cama de um lado para o outro, e decidi, que não tinha jeito mesmo, fiquei jogando vídeo game até perto da hora de ir para a casa do Rain. Era o momento de eu começar a abrir o jogo novamente. Não era legal ter que me declarar como se fosse a primeira vez, porque não era. Pelo menos, da primeira vez tinha uma grande chance de dar errado e eu sofrer menos, pois nunca tínhamos tido nada. Mas e agora? Se desse tudo errado, eu sofreria eternamente lembrando de tudo o que vivemos juntos nesses poucos meses. Seria um pesadelo, e uma tortura diária. E eu precisava improvisar, pois não tinha nenhum plano em mente.

Me arrumei e fui até lá, não tinha como fugir.

Quando cheguei, Moutain estava terminando de arrumar suas coisas para ir para casa. Ficamos na sala conversando por um tempo. Se tudo ocorresse bem, eu dormiria ali naquela noite, mas se não, seria a vez do Aether.

-Rain, você tomou os remédios nas horas certas?

-Sim, senhor preocupado!

Sorri de canto.

Darkness at the heart of my love - Dewdrop e RainOnde histórias criam vida. Descubra agora